terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Caio cronista 3

Palavras importantes ou breve crônica natalina

Caio Riter

Nascer no dia 24 de dezembro sempre provocou em minha infância certa atmosfera de tristeza, basta olhar para o Caio menino que me observa com sua face preta-e-branca naquela tradicional foto escolar para perceber esta verdade. Essa sensação, claro, apenas minha, o aniversariante. Para os demais, tal data parece sempre motivo de surpresa e de alegria. Um presente. Imagina nascer na véspera do Natal!
Minha mãe até brincava com tamanha coincidência: dizia que eu era o presente mais lindo que havia recebido do Noel. Eu sempre tive lá minhas dúvidas. Às vezes, duvidava da qualidade e da beleza dos presentes recebidos anteriormente que a faziam dizer tais palavras. E ficava com pena de minha mãe. Mas, sei lá, talvez em sua humilde sabedoria materna, ele quisesse me proteger da sina natalina. Sina de não-festa. Afinal, poucos eram os convidados que aceitavam o convite para festejar meu aniversário. A maioria dos convivas preocupados com viagens, com compra de presentes, com os costumeiros preparativos para a noite.
Além da festa esvaziada, havia também a economia com os presentes. Eu sempre ganhava apenas um: valia pelo aniversário e pelo Natal. Quer coisa mais deprimente para uma criança? A possibilidade de dois presentes transformada em um pacote apenas.
Talvez por isso, ainda hoje, mesmo agora ganhando mais de um presente, a comemoração de meus anos seja mais intimista. Prefiro assim. As festas nunca me agradaram, poucas na verdade foram tentativa. Mas nunca na data oficial. Festejar no dia 24 jamais. Carta fora do baralho. Se desejo de festejos havia, este deveria ocorrer antes: 22 ou 23. Tal impossibilidade de aniversariar, de fato, no dia em que nasci fez com que meu dia seja pouco celebrativo. Há algo maior, sempre, para se festejar no meu dia. A sombra do nascimento do menino divino sempre nubla o meu nascer. Algo, aliás, que vem sendo esquecido. Celebra-se o natal e esquece-se do aniversariante. Ele também, com certeza, entristecendo naquele que deveria ser seu dia de festa.
O Natal perde seu sentido de encontro (seja qual for a fé que tenhamos e que anime nosso existir) para a luta renhida, cujo cenário são os shoppings lotados de gentes que nem se olham e cujas armas são mãos abarrotadas de sacolas e de pacotes. O próprio ato de presentear, símbolo da alegria pelo nascituro, importa mais pelo valor monetário e pela quantidade. Perdem-se valores, esvaziam-se os rituais e, feito autômatos, desperdiçamos chances de renascermos como gente.
Gente é o que precisamos ser. Sempre. A qualquer dia.
Verdade maior, obscurecida pelo materialismo, pelas relações estéreis, pelo esvaziamento de palavras importantes como fé, amor, fraternidade, afeto, amizade.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Boas novas neste final de 2008

Fui brindado com algumas notícias nestes últimos dias do ano. Dois livros meus foram selecionados pelo PNBE — Teiniaguá (Scipione) e Meu pai não mora mais aqui (Biruta) — e um foi selecionado pelo KIT ESCOLA-BH, O Menino do Portinari (Escala). Ter textos escolhidos nestes projetos públicos de leitura, sempre é oportunidade de atingir mais e mais leitores, meus livros cumprindo suas trajetórias ao encontro de quem curte a leitura. Além, é claro, de conferir certa qualidade aos textos, visto que passam por uma seleção criteriosa entre vários títulos, publicados no país inteiro.
Outra notícia boa foi que meu original Viagem ao redor de Felipe recebeu a distinção de finalista do Prêmio João-de-Barro, de Belo Horizonte. São dez os livros escolhidos e que participam da votação final. Abaixo, o certificado que recebi essa semana.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Outras palavras 13: Nélida Piñon

Dificilmente acredito na última palavra registrada. (...) A palavra no texto nasce de uma necessidade inevitável e deliberada. O seu próprio fluxo impondo-lhe outras palavras com que se enlaçar, ao final de todas empenhadas na abolição de vácuos, de opacidades, de desfunções, de tempos mortos, do que degenera e enfraquece a narrativa.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Caio cronista 2

Feiras de livros: pra que mesmo?

Caio Riter

Pergunta que anda sendo inquietação é se feiras de livros formam leitores. Podem, mas não bastam, creio. As feiras atraem, muitas vezes, não pelos livros ou pela possibilidade de encontro com antigos afetos literários ou de descoberta de novas histórias e de novos autores. Chamam através de outros convites. E estes, várias vezes, nada têm a ver com leitura: apresentações escolares (de dança, de coreografias, de teatro...), banda municipal, show de algum grupo de talentosos jovens pagodeiros, funkeiros, e outras, e tantas, atrações similares. Penso, penso e penso. No entanto, confesso que minha limitação intelectual não consegue, na maioria das vezes, estabelecer nexos entre tais apresentações e a formação de leitores.
Dia destes, abri o jornal e li matéria que convidava para a feira do livro de uma cidade da Grande Porto Alegre. Falava um pouquinho sobre o patrono, e depois eram listadas as atrações. Todas apresentações musicais. Dos mais variados estilos. Nada de escritores, nada de sessões de autógrafos, nada de mesas-redondas ou de seminários envolvendo a leitura, nada de contações de histórias, nada de livros. Claro que acredito (quero acreditar, pelo menos) que tais atividades existiam. Todavia, a pessoa que elaborou o release da feira talvez tenha julgado que estes nada não se constituíam fortes atrativos para o público. Os shows, sim.
Ora, se tal pensamento de fato existe, porque, então, fazer uma feira do livro? Quantos autores revelam — eu mesmo — que vão a feiras e enfrentam sessões de autógrafos esvaziadas? Quantos? Certa vez, fui a uma feira. Era final de uma tarde de domingo. Espaço lotado de adolescentes. A organizadora chegou até mim e disse: “Viu como a feira está cheia? É não é por causa da banda Xis, não.” Que mais pude eu fazer, senão concordar. Todavia, olhando para as mãos daquele amontoado de gente, não consegui detectar uma sacolinha sequer com um livro dentro. Nada. Ora, se não era pela banda, e tampouco pelos livros, que motivo atraía aqueles seres para o meio das bancas sem público numa tarde de fim-de-semana? Até hoje, busco a resposta.
E a vida é isso mesmo: uma constante interrogação. Todavia, para algumas questões, creio, já temos respostas. Para outras, ainda estamos atrás. O que sei é que atrair as pessoas para a feira, através de produtos alienígenas à leitura não é caminho. O que sei é que as feiras de livros devem ser culminância — quer em cidades, quer em escolas — de um projeto de leitura anterior. Projeto que promova, de fato, o contato com o livro, que contribua com a formação de leitores, que seja espaço de discussão qualificada sobre os textos lidos, que abra um leque de interpretações, que faça do leitor alguém atuante na construção de significados, que possibilite o surgimento de bibliotecas particulares, a fim de que o leitor sempre que queira possa retornar ao livro. Projetos com tais objetivos são vitais. E necessários.
Há, felizmente, gente que pensa como eu. Projetos como o Adote um escritor (Porto Alegre), Livro lido (Cachoeirinha), Passaporte da Leitura (Caxias), Vento de Letras (Osório), entre outros, buscam a formação dos leitores, que, quando vão à feira, já leram, já debateram os livros dos autores com os quais terão contato. A Feira, nessa perspectiva, torna-se a festa do livro. Mas festa para quem foi convidado, aceitou o convite e, para isto, preparou-se com antecedência.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Uma brincadeira bem legal

Fui convidado pela Alessandra Roscoe, http://contoscantoseencantos.blogspot.com/, para participar de uma brincadeira legal: oito desejos e dos oito blogs, que consite em indicar oito desejos e oito blogs legais. A coisa vira uma espécie de corrente e a gente vai conhecendo gente bacana. Que tal?
Seguem os oito desejos:
1. Ser feliz e fazer minhas mulheres felizes;
2. Plantar sonhos em terras áridas;
3. Gritar palavras que façam nascer gerânios em todos corações;
4. Curar as feridas da Terra;
5. Amar muito;
6. Escrever palavras que possam construir mais e mais sonhos;
7. Alimentar-me da Verdade, sempre;
8. Fazer mais e mais amigos.

E os oito blogs:
confrariareinacoes.blogspot.com
resumodocenario.blogspot.com
Hermes Bernardi
Christian David
Paula Mastroberti
Marô Barbieri
Socorro Acioli
Elma

Morro, dezesseis feiras


Ser patrono de uma feira de livros sempre é algo bacana, é momento para que os personagens e as histórias criados pela gente possam ganhar mais vida, mais significado no coração de cada leitor; todavia ser patrono de uma feira do livro de uma cidade em que, de fato, há preocupação com a formação de leitores é mais especial ainda. Pois até o próximo sábado, sou o patrono da 16ª Feira do Livro de Morro Reuter. Eu lá agora sou também nome da biblioteca da escola Dom Bosco, que me homenageou tão lindamente na abertura ocorrida no dia 03. Momento único, momento pra guardar na memória e do lado esquerdo do peito.
Triste, porém, saber que, nestes tempos de calcatruas culturais, em que projetos quaisquer recebem incentivos, a tradicional feira de Morro Reuter, município de baixo índice de analfabetismo, não foi contemplada com a LIC. Porém, a tristeza desaparece, quando se percebe que a administração não deixou de realizar sua atrativa e conceituada feira. Usando recursos próprios, Morro Reuter brilha na festa da leitura, justificando cada vez mais o seu simbólico obelisco.

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Palavras 17

FEIRA DO LIVRO - Palavras que florescem lilases como jacarandás. Espaço para encontros, para ternuras e leituras, páginas que abrem expectantes àqueles que lêem, àqueles que escrevem. Repetição sempre desejada.

domingo, 16 de novembro de 2008

Eu, Biblioteca

A vida de escritor tem lá suas boas surpresas. Lembro que, quando comecei a pensar em escrever, queria ser escritor que existisse, queria que meus livros existissem, ou seja, que fossem lidos, que fossem desejados, que suscitassem carinho no coração de seus leitores, que reverberassem sonhos. Este desejo, aos poucos, vai se realizando. E, dia 14, a cidade de Morro Reuter, que atantas alegrias jáme proporcionou, brindou-me com carinho maior: virei biblioteca!
Desde sexta passada, sou nome de uma simpática biblioteca, toda inspirada em meu livro O Fusquinha Cor-de-Rosa, o preferido das crianças da escola Dom Bosco.
Emoção impar, ver aqueles pequenos leitores tão encantados com a minha presença, tão receptivos. Meu coração-escritor ficou em festa. Festa literária, festa de carinho pleno, festa de perceber-me escritor de fato, palavras capazes de estenderem pontes e de tocarem corações tão sensíveis que se curvam a uma homenagem, que, por vezes, fico a duvidar ser merecimento.
Coisa boa de se viver: eu, biblioteca!

Caio e os escritores 9 - Hermes Bernardi e Gláucia de Souza

Abaixo, segue texto que escrevi, a fim de acolher duas pessoas muito queridas como embaixadores da Confraria do Braile, um trabalho muitointeressante, já premiado com o Fato Literário, que visa a divulgar a leitura para os deficientes visuais. Muitos são os textos e os autores que se engajaram no projeto, coordenado pela professora Isabel Santana. Eu, o antigo embaixador, homenageei os novos embaixador e embaixatriz com as palavras que seguem:


NUM MUNDO DE FAZ DE CONTA, NÃO MUITO LONGE DAQUI, EXISTEM DOIS PLANETAS: O MARTE BEM PEQUENININHO E O PLANETA CAIQUERIA

EM CADA UM DESTES UNIVERSOS DE FANTASIA, VIVEM DUAS PESSOAS ESPECIAIS: A GLÁUCIA DE SOUZA E O HERMES BERNARDI, QUE EU QUERO AGORA APRESENTAR A VOCÊS

ELA, CADA VEZ QUE EU A ENCONTRO, DESCONFIO QUE SEJA UMA FADA DISFARÇADA DE GENTE. SUA VOZ TRANQÜILA, SEU JEITO MEIGO, SUA SIMPATIA SÓ PODEM MESMO SER COISA DE SER ENCANTADO, COISA DE ALGUÉM QUE TEM ALGUMA MISSÃO A CUMPRIR E, POR ISSO, FICA SE DISFARÇANDO DE GENTE COMUM.







A GLÁUCIA, COMO FADA QUE É, VAI CRIANDO PALAVRAS, VAI INVENTANDO POESIAS, RIMAS E HISTÓRIAS E VAI FAZENDO A GENTE PERCEBER QUE VIVER É BOM DEMAIS, QUE SONHAR É BOM DEMAIS, QUE MERGULHAR EM SUAS HISTÓRIAS-TECELINAS É ALEGRIA SEMPRE.

ELA, A GLÁUCIA, TEM MESMO JEITINHO DE FADA, UMA FADA EMBAIXATRIZ.


ELE, O HERMES BERNARDI, CADA VEZ QUE O ENCONTRO, DESCONFIO QUE SEJA UM REI OU ALGUM HERÓI SEMPRE DISPOSTO A LUTAR CONTRA OS MONSTROS MAIS TERRÍVEIS: DRAGÕES, BRUXAS MALVADAS, GIGANTES E OGROS, ME PARECE, COM ELE NÃO TEM VEZ. DEVE SER MESMO ALGUM PRÍNCIPE FUGIDO DE ALGUMA DESTAS TANTAS HISTÓRIAS QUE A GENTE JÁ LEU OU JÁ OUVIU.

PRÍNCIPE QUE INVENTA HISTÓRIAS, QUE CRIA MUNDOS DE SONHOS, QUE POETIZA A VIDA E QUE, ANDAM DIZENDO POR AÍ, DE VEZ EM QUANDO DESENHA TAMBÉM. E CRIA TAPETES, E DOBRA RINOCERONTES, E SE SUJA EM TITICAS DE GALINHAS.

ELE, O HERMES, TEM MESMO JEITINHO DE REI DE CASTELO ENCANTADO, UM REI EMBAIXADOR.










sábado, 8 de novembro de 2008

Palavras 16


CEGUEIRA - Condição essencial para o ver. Olhos que se voltam para o dentro. E descobrem, e revelam. Vital lume. Farol.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Píppi reinando

E a REINAÇÕES mais uma vez reinará na Feira do Livro. Desta vez, mergulharemos no mundo de fantasia criado pela sueca Astrid Lindgren com Píppi Meialonga e suas aventuras.

domingo, 2 de novembro de 2008

Histórias no céu da boca

E meu amigo Hermes Bernardi ( escritor, diretor de teatro, coordenador da AEILIJ-RS) segue inventando. Nesta feira do livro, sua invenção é bem-vinda. Entrevistará alguns autores de LIJ que falarão sobre o seu processo criativo. Serão dois encontros e, com certeza, muitas histórias. E a função já começa hoje. Ah, eu sou um dos entrevistados. Se alguém quiser saber um pouquinho mais sobre meus processo de criação, apareça lá. Convite abaixo.

sábado, 1 de novembro de 2008

Mais uma Feira do Livro

Apesar das dificuldades que envolvem a realização de qualquer evento cultural em nosso estado, a Praça da Alfândega ja está repleta de livros, de animação, de leitores, de alegria. A festa do livro desabrocha entre os jacarandás liláses. O sino já foi soado pelo Xerife, o patrono anterior já deu posse ao Charles Kiefer, e a Feira começa sua 54ª caminhada, olhos voltados para a cultura pernambucana, ontem representada pelo secretário (que não quer ser chamado assim) de cultura Ariano Suassuna. Oitenta e um anos de sabedoria e de simplicidade, num discurso sem academicismos (apesar de professor e de imortal) que emocionou e fez rir a platéia presente no Sancho Pança. Bacana ver a área infantil reorganizada: espaços mais amplos, local mais adequado aos autores para as sessões de autógrafos. A nossa feira vive, e isso é bom. Difícil, nestes dias, é suportar a rotina diária: coração sempre desejoso de circular entre as barracas. E,hoje, às 20h, aula-magna com o autor do Auto da Compadecida. Já assisti ao Ariano na Jornada de Passo Fundo. Maravilhamento.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Livro virado rap

A escola Campos do Cristal, a qual visitarei em breve dentro das atividades do projeto Adote um escritor, me presenteou no dia dos professores com um rap realizado pelos alunos. O rap anda nas bocas de crianças e de adolescentes, utilizá-lo como recurso para ir ao encontro dos pequenos sempre se revela atividade interessante, desde que também sirva para capacitá-los como leitores e para fazê-los perceber que a vida tem muito mais letras e músicas do que o rap. Bacana perceber, também, que minha palavras literárias podem conversar com outros ritmos, com outras manifestações, aproximando leitores e escritor. Segue, então, o rap da Campos.


Caio no Rap

Eu li num livro
Que o Caio Riter escreveu
Que ninguém precisa ser que nem eu.
Todo mundo
Pode ser diferente Ninguém precisa ser Como a gente.

Eu venho pra escola
Pra estudar
Eu quero aprender
Pra crescer
Eu quero trabalhar
Para mudar

Vou correr atrás dos sonhos
E poder realizar
Assim a minha vida
Vai melhorar...

Ah! E a prof. de espanhol também
E todo mundo leu entrou no rap:


Voy corriendo atrás
de mis suénos
Y poder realizar

A sí mi vida
Vá mejorar!

Caio Cronista 1

Em agosto, desafiado pelo Fernando, que agita Porto Alegre com o Jornal Vaia e os eventos do FESTIPOA e do VERBALADA, iniciei a prática de cronista. A partir de outubro, começo a partilhar com os leitores deste blog meu mergulho nas palavras cronísticas. Abaixo, crônica em que falo sobre minha relação com Morro Reuter, cidade que me homenageia como patrono de sua feira do livro e com a inauguração de um biblioteca escolar com meu nome.








Leitura: prazer e necessidade
(Breve crônica sobre minha relação com a cidade de Morro Reuter)

Caio Riter

Em 1998, há dez anos portanto, cheguei pela primeira vez a Morro Reuter. Lembro que foi encantamento à primeira vista. As ruas, as casas, a praça central e o carinho de muitos leitores fizeram nascer a sintonia. Há coisas que não se explicam bem, a gente sente e pronto. E, naquele dia, senti que a pequena cidade que me acolhia, escritor iniciante, ainda estaria presente de forma mais significativa ainda em minha vida literária.
Gosto de estar em Morro. Gosto de perceber a atmosfera de leitura que envolve o município. Gosto de ser participante desta história de construção de cidadania via literatura. Afinal, acredito que a leitura literária transforma. E para melhor. Aquele que lê sempre será pessoa de maior grandeza. Aquele que propicia que outros leiam, que leva o livro às mais tenras ou às mais cansadas mãos também é grande. Assim, sempre é bom lembrar as palavras do poeta condoreiro: Bendito o que semeia livros, livros à mão-cheia, e faz o povo pensar..
Em Morro Reuter, percebe-se que a leitura não á apenas teoria, “coisa da boca pra fora”. Não, livro é necessidade que se construiu e solidificou-se graças ao empenho de muitos e, espero, de cada vez mais gente. Há, percebo, a clareza de que ler é condição essencial para a cidadania.
Quando penso a leitura e os mitos que a envolvem, penso também que a literatura ainda carece de olhares diferenciados sobre algumas “verdades” que se impõem e que, muitas vezes, não recebem o devido e merecido questionamento. Por exemplo, fala-se muito sobre o prazer de ler. Há sempre alguém a propagar que a leitura não pode ser obrigatória, que deve ser uma opção prazerosa e livre. Discordo. A leitura é libertária, sim, mas — até a pessoa dar-se conta de sua necessidade — políticas públicas, projetos escolares, adultos multiplicadores de leitura fazem-se necessários. Ora, se acreditamos que algo é bom, temos a obrigação de divulgá-lo, de estimulá-lo, de propiciar que mais e mais seres possam se encantar e usufruir deste bem. Qual a mãe consciente e zelosa que permitirá que seu filho faça apenas o que tem vontade, que coma o que quiser, que durma a hora que julgar mais adequada? Uma mãe atenta impõe limites, indica caminhos, diz sim e não, sempre que necessário. Ser mãe é ter responsabilidade com o adulto de amanhã. Pois em relação à leitura penso de forma semelhante. Se queremos uma comunidade leitora, devemos pensá-la, projetá-la, estabelecendo critérios e políticas para tal. Assim, a leitura não se limita ao prazer, mas à necessidade.
Duas palavras-chave, hoje, para se pensar a leitura: prazer e necessidade. Ao se falar em prazer, geralmente se pensa em entretenimento, em passatempo. Leitura é mais que isso, tem que ser muito mais que este tipo de prazer, que, aliás, é facilmente substituído. Quando penso no prazer da leitura, penso num prazer estético: deliciar-se com o texto, descobrir sua arquitetura, envolver-se com seu ritmo, com sua musicalidade, perceber e desvendar suas metáforas e, assim, atingir um estado de deleite com o próprio texto. Nele e para ele. Este é o prazer de que falo. Este apenas a literatura pode promover. Tal deleite, no entanto, não nasce com o indivíduo, não aparece naturalmente (pelo menos na maioria dos casos), precisa de alguém que oriente, que “ensine” os leitores, que os qualifique no desejo de mais e mais descobertas estéticas nos textos que lê, que lhes aponte: “Olha esse livro. Ele é muito legal!” Para tal, a necessidade de orientadores conscientes de seu papel como formadores e qualificadores de novos e de mais leitores se faz urgência.
Mas e a tal da necessidade? Pois bem, hoje se fala muito também (e isto acaba sendo motivo limitador para a formação de leitores) que o livro é caro. É caro, penso, para quem ainda não fez dele uma necessidade, algo vital. Retomo aqui a imagem da mãe zelosa (ou do pai, ou de qualquer adulto cuidador). Qual deles, se uma criança amada conseguir provar que necessita de algo, não moverá mundo e fundos para saciar tal necessidade, mesmo que não possua recursos imediatos para tal? Creio que todos. Logo, se o livro é caro e muitos relutam em disponibilizá-lo às crianças, isso se dá em virtude de não perceberem na leitura uma necessidade. Livro precisa ser necessário, precisa ser elemento vital, essencial. Assim, falta, por vezes, aos educadores tal convicção, tal prática: tornar seus alunos necessitados de livros. Todavia, só contaminamos os outros com tal necessidade quando nós também nos tornamos carentes de leitura. E, nesse caso, preço deixa de ser limitador.
Desta forma, duas posturas me parecem fundamentais para todo aquele que deseja formar leitores: auxiliá-los na descoberta do verdadeiro prazer literário (aquele que não é mero passatempo) e torná-los seres necessitados de livros, de leitura de qualidade. Assim, com certeza, estaremos formando cidadãos mais críticos e mais sensíveis. Seres, aliás, de que a sociedade em que vivemos precisa. E muito.
Morro Reuter, creio, tem como norte tal sociedade. Sua tradicional feira do livro, seu seminário de leitura, suas bibliotecas “apadrinhadas”, seus saraus, seus luaus e tantas outras atividades que ocorrem, com certeza, no interior das salas de aula nas diferentes escolas do município — todas representadas pelo singular obelisco — são passos sólidos na formação de gente que crê que ler faz, e sempre fará, diferença.
Dez anos pode ser muito, pode também ser quase nada, sobretudo quando a gente se sente parte de um projeto maior. Assim, se minha primeira entrada em Morro foi tímida, completo esta década curtindo duas homenagens que ficarão marcadas em minha história de escritor. 2008 é ano ímpar. Ano em que sou o patrono da feira do livro de Morro Reuter e em que a escola Dom Bosco dá a sua biblioteca o meu nome: Biblioteca Caio Riter. Que mais um autor pode desejar?.



segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Mesa-redonda sobre Literatura Infanto-juvenil

Dia 25 de outubro, 14h, a livraria Letras & Cia sediará a mesa-redonda Literatura Infanto-Juvenil: Possibilidade De Salvação
Debate com Beatriz Abuchaim (Escritora e Psicóloga), Luiza Mota (Coordenadora do projeto PPEL, em Caxias-RS), Ivan Zigg (Escritor e Ilustrador) e Hermes Bernardi (Escritor), mediados por mim.
A idéia e problematizar em que medida a literatura, enquanto expressão artística, revela-se possibilidade de saúde, não apenas nos aspectos psicanalíticos, como já foi analisado por Bruno Bethelhein, em seu conhecido livro A psicanálise nos contos de fada, ou por Mário e Diana Corso, em As fadas no divã, mas sobretudo a leitura como porta para o imaginário, para a visão crítica sobre o mundo, para a saúde sócio-cultural.
A mesa não se propõe dar respostas, mas sim discutir tal abertura.
Na Letras & Cia (Av. Osvaldo Aranha, 444, telefone: 3225-9944).

Reinações de Sylvia Orthof


Dia 23, quinta-feira, às 19h, na Letras e Cia, Osvaldo Aranha, 444, os confrades vão se debruçar sobre a obra de Sylvia Orthof. Os encontros da Confraria da leitura REINAÇÕES são abertos a quem tiver interesse. Rolam conversas e debates despretensiosos, mas bastante questionadores e esclarecedores do fazer literário para crianças e adolescentes. Cada encontro boas surpresas, desejo de sempre estar. Neste, a coordenação será de Maria da Graça Artioli.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Retratos de Caio 7

Na terça, dia 07, passei uma agradável tarde na escola municipal Paulo Freire, em Gravataí, a convite da professora Marlise, que já há alguns anos convida seus alunos a enveredarem nos universos literários inventados por mim. De lá, vem a mensagem abaixo e o retrato feito pelo Igor Leal.

Mensagem:

Ao escritor Caio Riter,
A arte de escrever é um dom que poucos desenvolvem. Só os mais sensíveis são capazes de captar do cotidiano assuntos ou temas que falam de gente, sentimento, de pessoas. Parafraseando Rubem Alves, "o escritor não é alguém que vê coisas que ninguém mais vê. O que ele faz é simplesmente iluminar com os olhos aquilo que todos vêem, sem se dar conta... para que o mundo já conhecido seja de novo conhecido como nunca o foi". Obrigada pela sua presença e contribuição literária em nossa escola. Márcia Damiani e Analice Carbonera


Retrato:

sábado, 11 de outubro de 2008

Caio na mídia: Entrevista ao Jornal do Brasil

Abaixo, entrevista concedida à jornalista Beatriz Tafner e publicado no Caderno Idéias, hoje.

Doçuras e dores da adolescência

Beatriz Tafner, Jornal do Brasil

RIO - Meu pai não mora mais aqui destaca-se da literatura jovem em geral. Apesar da temática adolescente, o livro de Caio Riter pode ser lido por todas as idades, mesmo que os protagonistas, Letícia e Tadeu, tenham 13 anos: embora os assuntos tratados sejam o de qualquer rodinha de garotos e garotas, não seria surpreendente ouvi-los nas mesas de bar que reúnem pais e mães. Fala-se do tal sentido da vida, das pessoas partindo e, afinal, de por que elas morrem. Fala-se. Mais do que isso: pensa-se. O tempo todo. Um bocado por conta do formato escolhido pelo autor: a história se desenrola a partir de uma tarefa de aula de português, escrever um diário. Comuns, com suas dúvidas, medos e desejos, os dois heróis apresentam, cada um em um capítulo, uma anotação, aproximando o despretensioso livro juvenil da clássica rebuscada tradição do romance epistolar – aquele em que os personagens escrevem na forma de cartas, diários etc. Riter, entretanto, garante que nunca quis cair no modismo de uma literatura que ultimamente faz romances em forma de blog, cartão postal, e-mail. “Penso em uma narrativa que possa ser lida com encanto hoje, mas também amanhã. Um texto que comunique sempre”, diz. Riter é professor de língua portuguesa do ensino médio, o que talvez explique sua intimidade com o universo jovem. Nesta entrevista, o escritor, também pai de adolescentes, abusa da intensidade dessa fase, enquanto brinca com o fato de tudo ser passageiro, e decreta, diante dos conflitos que testemunha na vida e recria no papel: “Estar adolescente é estar doente” – ou seja, adolescer é adoecer.
Como você optou pelo formato de diário dos protagonistas? Houve a intensão de se inserir em uma tradição de “romance epistolar”?
Há muito vinha sentindo o desejo de produzir uma novela juvenil em forma de diário. No entanto, andava também à procura de uma história que tivesse a ver com a narrativa epistolar, visto que acredito que cada trama exija, de certa forma, uma estrutura que a sustente. Escrever em forma de diário, entretanto, poderia resultar num texto sem novidade, visto que há muitas novelas juvenis estruturadas dessa maneira. Pensei, então, no motivo que levaria Letícia, uma das protagonistas, a produzir um diário. A idéia veio de uma conversa com um garoto que me falou que sua professora havia solicitado a sua turma que produzisse diários. Achei a idéia interessante. Descobri ali o motivo para minha personagem sentir-se “obrigada” a iniciar a escrita de um diário. Dei-me conta que, se a turma fora convocada a escrever o diário, além da Letícia, seus colegas também teriam de realizar tal tarefa. Entre eles, meninos e meninas. Nasceu então a pergunta: que diferenças haveria entre um diário de uma garota e o de um garoto? E resolvi intercalar as reflexões de Letícia em seu diário com as encucações de Tadeu, seu colega de classe. Dois diários, duas vozes, dois modos de ver a vida e o adolescer. Meu pai não mora mais aqui, desta forma, insere-se numa tradição de textos epistolares de forma não intensional. Na verdade, não é a primeira vez que uso tal artifício. Em A cor das coisas findas, há momentos em que a personagem Eduarda se revela através da escrita de um diário, todavia, diferentemente de Meu pai não mora mais aqui, o narrador predominante é onisciente, em terceira pessoa.
Ao mesmo tempo, o romance epistolar também se tornou parte de um modismo “impressionista” de livros que adotam formas de outras mídias, como diários, blogs, trocas de e-mails... Era seu objetivo?
Em nenhum momento me passou pela cabeça ir ao encontro de algum modismo. Até por que os modismos passam e são superados por outros. Quando produzo um texto, penso na possibilidade de ele não ficar ligado a alguma vertente, em uma narrativa que possa ser lida com encanto hoje, mas também amanhã. Um texto que comunique sempre. Essa talvez seja a empreitada mais difícil: mergulhar na nostalgia do meu adolescer, ficcionalizando-o e estabelecendo uma ponte entre a minha experiência e a adolescência atual. Para tal, é importante conversar com a adolescência no que ela tem de perene, de eterno, ou seja, estabelecer um diálogo com o jovem atemporal. Para tal, os modismos acabam sendo limitadores. Quando surge a idéia de uma história, busco pensar qual a melhor estrutura para dar conta do tema, independentemente de modismos ou tradições. Qualquer enquadramento é papel da critica e não de quem escreve.
O livro, apesar da temática de perdas e rompimentos, é muito bem humorado...
Adolescer é assim. Estar adolescente é estar doente. E esse estado de convalescença, esse meio-termo entre infância e maturidade, é oscilante. Adolescentes são sempre inteiros em suas paixões: quando amam ou sofrem, fazem-no com total intensidade. Têm diversas facetas: entristecem-se, choram, riem, amam, odeiam, jamais são indiferentes. Seus estados de alma, assim como são intensos, são também passageiros. Sou professor e pai de adolescentes. Convivo muito com eles e gosto de observá-los, de perceber-me em seus arroubos, em suas rebeldias sem causa, em seus desejos de mudança. E isso me fascina, interessa-me como escritor, entender a adolescência, esse período febril.
Tadeu foi inspirado em um jovem que se correspondia com você por e-mail/MSN...
Conheci o Tadeu Fiorentin através de um trabalho de literatura que a escola dele, no município de Nova Bassano (RS), promoveu. A professora Marli sugeriu que seus alunos enviassem e-mails ao autor do livro que tinham lido: eu. Assim, meus primeiros contatos com o Tadeu foram virtuais: e-mails, depois MSN. E, nas conversas com o adolescente de 14, 15 anos (em 2005) que me falava de sua vida, partilhava seus sonhos, pedia conselhos, eu ia recuperando um tanto de meu tempo de adolescer. Experiência bacana em que as quase três décadas de distância não foram empecilho. Nossas conversas eram troca entre dois tempos que se encontravam, tendo como essência o gostar de livros. Num desses encontros, Tadeu, meio indignado, me contou que sua professora de português lhe dera como tarefa a confecção de um diário. Tentei aconselhar meu amigo, dizendo-lhe que seria legal escrever um diário. “Imagina, cara, daqui a alguns anos, tu poderá saber o que pensava o Tadeu-adolescente”. Não o convenci muito, mas eu, que já pensava em escrever a história de uma jovem cujos pais se separam e ela tem dificuldade em aceitar a nova situação, descobri naquela conversa que poderia estruturar meu novo livro em forma de diário. Através da escrita, a protagonista iria vencendo suas dificuldades. E descobri mais: que poderia, em vez de criar um diário, organizar o livro em forma de dois: um diário de uma garota e um de um garoto. Decidi, então, que o guri seria o Tadeu. Quer dizer, não bem o Tadeu real, mas um Tadeu criado à imagem e semelhança do verdadeiro. Aí fui “dando corda” para meu amigo, fui perguntando mais sobre sua vida, seus desejos, inclusive “colando” frases literais digitadas por ele, frases espirituosas, repletas de verdades adolescentes, e que foram para o livro de forma literal. Meu personagem foi assim se tornando nosso. Mandava fragmentos do livro e vibrava com a sua enorme empolgação ao ver-se ficcionalizado, matéria-prima de meu livro. E, como diferente não poderia ser, meu livro é dedicado a ele.

Perfil: Caio Riter
Nascido em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Caio Riter tem 46 anos. É bacharel em comunicação social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio grande do Sul, licenciado em letras, mestre e doutor em Literatura Brasileira. O escritor é ainda professor de língua portuguesa, e ministra oficinas literárias de narrativa desde 1999. Riter tem em seu currículo obras como O rapaz que não era de LIverpool.
[19:32] - 10/10/2008

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Outras palavras 12 - Mario Quintana

Um poeta deve escrever como se fosse o último vivente sobre a face da terra. — Então, para que escrever? — Por isso mesmo! Como o último vivente, ele não tem de pensar no que pensarão os outros. Às vezes, — às vezes? — muita vez o poeta é induzido a modas, quando na verdade não há nada tão ridículo como os figurinos da última estação. Só nunca sai da moda quem está nu.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Alegria dupla

Ontem, recebi telefone da Eny Maia, editora da Biruta. Estava conversando com leitores da Escola Municipal Paulo Freire, em Gravataí. Pois a notícia eradas melhores. Daquelas que fazem o coração festejar. Ela dizia que meu livro Meu pai não mora mais aqui, recentemente lançado, havia sido selecionado para o PNBE. Vibrei. E, ao chegar em casa, abro e-mail da Sâmia Rios, editora da Scipione, e lá estava escrito que meu outro livro, Teiniaguá, a princesa moura encantada, também havia sido selecionado. Emoção dupla. Afinal, ser selecionado pelo PNBE significa, além de grandes tiragens, possibilidade de ser lido pelo Brasil inteiro. Maior chance de existir, de fato, como escritor e de minhas histórias poderem tocar mais corações.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Novos minicontos


A Casa Verde, a editora mais ligada ao miniconto de que o Brasil já teve notícia, lança dia 13/10, segunda, sua nova coletânea de minicontos. Já é a quarta. Antes houve, Contos de Bolso, Contos de Bolsa, Contos de Algibeira e, agora, surgem os Contos Comprimidos, organizados pelo médico e escritor Fernando Neubarth. Lá há dois contos meus, produzidos a convite do Fernando, tendo como temática o universo da saúde. Reunião bacana de diversos autores, das mais diversas tendências, que se debruçam sobre este "novo gênero" na busca de fazer literatura.
Dia 13/10, a partir das 19h30min
No Centro Cultural AMRGS, Av. Ipiranga, 5311
Estacionamento Liberado.

domingo, 5 de outubro de 2008

Caio na mídia: Correio do Povo

As perguntas de dois jovens
"Meu pai não mora mais aqui", de Caio Riter, (Editora Biruta), que integra a coleção "Leituras Descoladas", conta a história de dois jovens. Letícia e Tadeu confessam os seus desejos, mostram os seus dramas e suas inquietações e revelam os seus segredos mais íntimos. Eles estão escrevendo um diário, a pedido da professora de Língua Portuguesa, e o que era uma tarefa nada simpática acaba se tornando uma experiência de descobertas. Como numa conversa com o leitor, os personagens fazem muitas perguntas, como: qual o sentido da vida? Por que as pessoas morrem? Ou por que se ama a pessoa errada? Caio Riter é doutor em Literatura Brasileira pela UFRGS e já recebeu diversos prêmios por suas publicações. Correio do Povo, Arte e Agenda, Domingo, 28 de setembro de 2008, pag.2.

PROLER-CAXIAS

De 02 a 04 de outubro, aconteceu em Caxias do Sul, o 15º Seminário Estadual de Leitura - PROLER: uma iniciativa da Prefeitura de Caxias do Sul, por meio da Secretaria da Cultura - Programa Permanente de Estímulo à Leitura (PPEL / Livro Meu).
Na ocasião, ministrei a oficina Por uma proposta de formação do leitor crítico: mitos e metodologia, em que abordei questões como o mito do prazer da leitura e a necessidade de haver critérios claros para a seleção de um acervo de qualidade, que seja matéria-prima para um metodologiaa que, de fato, forme leitores.
O 15º Seminário Estadual de Leitura – PROLER teve 10 oficinas e 300 vagas previstas. O encontro ocorreu dentro da programação da 24ª Feira do Livro, dias 02, 03 e 04 de outubro, no Bloco J da UCS, com o objetivo de ampliar condições de reflexão sobre as mais diversas práticas leitoras, articulando-as de forma crítica e criativa com outras expressões culturais, bem como elaborar ações promotoras e multiplicadoras de leitura.

A palestra de abertura “Ler é somar-se ao mundo”, a coordenadora da Jornada Literária de Passo Fundo Tania M. K. Rösing (RS) abordou a necessidade de a leitura fazer parte desde a vida intrauterina, bem como a importância de pais contadores de histórias, cantadores de canções, de parlendas, de brincadeiras com as palavras. A leitura sendo parte fundamental na abertura de olhares para o mundo.

Confira as demais oficinas do 15º PROLER:* Como trabalhar temas polêmicos na escola - Ana Cláudia Ramos (RJ)* Um livro na mão e muitas idéias da cabeça - Cynthia Maria Campelo Rodrigues (RJ)* Contos de Ensinamentos e Encantamentos - Eládio V. Weschenfelder (Passo Fundo)* Literatura, cultura e subjetividade - João Cláudio Arendt (Caxias do Sul)* A crônica como incentivo ao hábito da leitura - Nivaldo Pereira (Caxias do Sul)* Imagem Palavra - Roger Mello (RJ)* Reconto e Histórias Populares - Rogério Andrade Barbosa (RJ)* Oficina de projetos de leitura - Gláucia Mollo (Campinas)* Incentivo à leitura através do teatro - Zica Stockmans (Caxias do Sul)

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Retratos de Caio - 6

Abaixo, um leitor, aluno da EMEF Campos do Cristal, retratando-me, em atividade motivacional para o encontro que teremos em breve.

Caio na Campos

E mais uma vez participo do Adote um escritor, uma parceria entre a CRL e a PMPA, que visa à formação crítica do leitor literário, através de um projeto consistente que, não apenas possibilita o encontro entre um escritor e os alunos de determinada escola, mas, na verdade, fomenta a leitura e aproxima o escritor de seus leitores. Ou seja, as escolas recebem verba para a compra de títulos da obra do escritor adotado, qualificando e renovando o acervo da biblioteca escolar, bem como promovendo a leitura atenta e a troca com o autor. Participar do Adote sempre reserva boas surpresas, como a mensagem que recebi da Sandra, diretora do EMEF Campos do Cristal, que me adotou. Veja abaixo:


"Oi, Caio!
Nossa Escola está respirando "Caio" em todos os seus cantos e momentos. Estamos viajando no teu fusquinha cor de rosa, perseguidos pelo grande dragão verde da Eduarda, tentando sair do reino todo quadrado que é nossa estrutura curricular e envolver cada vez mais nossa comunidade na teia de silêncios e sons que o teus livros nos levam. Em anexo alguns destes momentos proporcionados e vividos por todos para que saibas que te aguardamos com muito carinho e ansiedade. Um grande abraço, Sandra- Diretora da Escola Campos do Cristal."



domingo, 28 de setembro de 2008

Notícia 4: Verbalada Portátil Vol.1

A Verbalada Portátil são encontros literários produzidos pelo jornal Vaia, em parceria com as livrarias Palavraria, Letras & Cia e Nova Roma, cuja intenção é debater, festejar e discutir rumos da literatura contemporânea e suas diversas formas de expressão.

Serão debates, leituras, shows, música, performance e teatro.

A Verbalada portátil vol. 1 estréia no dia 17 de outubro, sexta-feira, às 19hs, no Teatro de Arena, com o projeto "Arena Literária" (debate e leituras com os escritores Marcelo Backes e Luíz Horácio) e "FestiVaia" (sarau e pocket show com Tiago Rosa, Mário Falcão, Coca Barbosa e grupo Dois por quatro).

E no dia 18/10, às 10h30min, na livraria Letras & Cia, haverá o debate "Literatura e Filosofia: aproximações e afastamentos", com a presença do escritor, tradutor e crítico literário Marcelo Backes, do doutor e professor de filosofia (PUC/RS) Sérgio Sardi, da poeta e mestranda em literatura portuguesa Laurene Veras, do escritor e professor de literatura Luíz Horácio e do jornalista, editor da revista Aplauso, Flávio Ilha, mediador do encontro.

No dia 25/10, às 14hs, sábado, também na Letras & Cia, ocorrerá o encontro "Literatura Infanto-Juvenil: Possibilidade De Salvação", com Beatriz Abuchaim (Escritora e Psicóloga), Luiza Mota (Coordenadora do projeto Mala da leitura, em Caxias-RS), Ivan Zigg (Escritor e Ilustrador), Hermes Bernardi (Escritor e coordenador da AEILIJRS) e Caio Riter (escritor, professor e doutor em literatura brasileira), mediador do debate. A discussão pretende problematizar a possibilidade de a Literatura ser porta de salvação, no que tem de contribuição à saúde mental e física. Afinal, a leitura salva? Se sim, como e do quê? Qual o papel da literatura feita para crianças e para adolescentes na formação de cidadãos saudáveis.

Todas as atividades têm entrada franca.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Patrono da 10ª Feira de Araricá

Araricá não fica muito longe de Porto Alegre. Cidade florida por azaléias. Cidade pequena e simpática, cheia de crianças e de adolescentes abertos à leitura. Pois foi lá, em meio a livros, a exposições de atividades com meus livros e a conversas sobre minhas histórias, que recebi a homenagem de ser patrono da 10ª Feira do Livro.
Foi bom ter andado por lá, bom perceber que ainda existem coordenações de feiras de livros que priorizam o contato com a leitura anterior ao evento e que colocam o escritor e os livros no centro do evento. Isso é bom. Houve adaptações para teatro de dois livros meus: Um reino todo quadrado (Paulinas) e Teiniaguá, a princesa moura encantada (Scipione). Meu obrigado a Manas Livraria, que possibilitou minha participação na Feira.

Fotos:




Azaléias



Vista geral da cidade de Araricá


Morro do Ferrabrás


Espaço da Feira do Livro

domingo, 21 de setembro de 2008

Notícia 3: Livros na internet

Abaixo, matéria que encontrei no site da Revista Bravo e que aborda a relação dos leitores com os livros online. Coisa boa de se penser. Vida longa ao livro.

Setembro/2008 Assunto do dia


O livro é o último bastião dos direitos autorais?


Mercados musical e cinematográfico viram a internet diminuir a venda de CDs e as bilheterias de cinema. Apesar da mesma facilidade de reprodução existir também no âmbito editorial, o que se percebe é um desinteresse por parte dos usuários pela leitura de textos em ambientes virtuais


Por Mariana Shirai


"Disponibilizar obras inteiras na internet ajuda a vender livros", é o que afirma Alexandre Barbosa de Souza, editor da
Hedra. Há cerca de um ano a editora passou a disponibilizar pela rede textos integrais da Coleção de Bolso, série de títulos clássicos como O Príncipe, de Maquiavel, e O Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente, cujos direitos autorais são de domínio público, e encontrou na iniciativa um ótimo caminho para a divulgação das obras. "Percebemos um aumento significativo de vendas depois que colocamos os livros na internet", conta Alexandre. O processo é feito por meio do Google Book Search, um portal em que editores e autores podem publicar suas obras em arquivos digitais. Alexandre explica que, paradoxalmente, os livros virtuais incentivam os consumidores a adquirirem as obras de papel: "Vemos que os clientes usam a internet para pesquisar livros, mas não para lê-los. Como os nossos títulos não são muito caros (de 10 a 20 reais), muitas vezes fica mais em conta comprá-los do que imprimir em casa". Outra aposta parecida foi feita pela Livraria Cultura que, há um mês, em parceria com o Google Search Books, passou a disponibilizar em seu site textos na íntegra de livros à venda em seu site. A idéia, se colocada no contexto dos mercados musical e cinematográfico soaria absurda, já que o uso da internet como difusora de obras, nestes casos, fez cair a venda de CDs e a bilheteria das salas de cinema. Apesar da mesma facilidade de reprodução existir também no âmbito editorial, o que se percebe é um desinteresse por parte dos usuários pela leitura de textos em ambientes virtuais. "O site dominiopublico.gov.br, do governo - que disponibiliza livros de graça pela internet - tem poucos acessos. Foi até levantada a possibilidade de retirá-lo do ar por conta disso", conta Rosely Boschini, presidente da Câmara Brasileira do Livro. Prova de que os anos podem estar para extinguir o CD e o DVD, assim como fizeram com o vinil e fita VHS, mas nada - ainda - substitui a experiência de ler tendo em mãos um volume encadernado.
http://bravonline.abril.uol.com.br/conteudo/assunto/assuntos_305675.shtml em 21/09/2008

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Notícia 2: Confraria do Braille

Durante as atividades da 54ª Feira do Livro de Porto Alegre (31/10 a 15/11/2008) acontecerá, conforme me informa a Isabel Santana, o 3º Encontro da Confraria do Braille. A atividade será no dia 13/11/2008, durante à tarde. Ocasião em que vários títulos vertidos para a linguagem Braille serão doados a instituições que atendem deficientes visuais. Um projeto que já venceu o Fato Literário-RBS e que, com certeza, contribui com a formação de leitores, possibilitando que aqueles mais desfavorecidos de materiais literários possam tomar contato com a obra de diversos escritores gaúchos e nacionais. Eu e Paula Mastroberti somos os embaixadores. Abaixo foto do momento em que fui condecorado embaixador da Confraria do Braille, em 2006.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Reinações de Charlie

Charlie é um garoto humilde, e tremendamente pobre. Vive com os pais e com os quatro avós à base de sopa de repolho. Mas nem por isso perde a ingenuidade e a bondade. Em seu aniversário, uma vez por ano, claro, pode saborear um dos gostosos chocolates Wonka. Mas um só. Por isso, come-o bem devagarinho. Pois é a história deste menino e sua aventura pela fantástica fábrica de chocolates de Willy Wonka, contada por Roald Dahl no livro A fantástica fábrica de chocolate, editado pela Martins Fontes, que será debatida no 17º Encontro da REINAÇÕES: Confraria da Leitura, com coordenação de Beatriz Abuchaim. Dia 25/09, às 19h, na Letras & Cia, rua Osvaldo Aranha, 444. Entrada livre.







quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Palavras 15


SONO - Estado de ser morto-vivo. Tão pleno de sonhos ou de medos, e tão próximo (ou similar) do bafo agourento da Desdita. Cada respirar a certeza de que o elo ainda não se rompeu. Cada acordar uma nova chance.

sábado, 6 de setembro de 2008

Caio e os escritores 8 - Walmor Santos

Já vai longe a data em que troquei primeiras palavras com o Walmor Santos. Na verdade, antes de eu ser aproximação, muito li e ouvi falar sobre seu projeto de editar autores novos e de fazê-los ser conhecidos, através do contato com leitores: o Autor na Sala de Aula. Eu não era autor inédito. Já tinha dois livros infantis publicados, mas foi através da mão do Walmor que acabei, de fato, enveredando pelo mundo da escrita e fui tornando-me escritor. Foram vários títulos lançados pela editora dele, foram vários momentos de alegria, de troca e de conhecimento, foram muitos também os momentos de impasse, de divergência. Todavia, aprendi a respeitar e a gostar do Walmor, não apenas como escritor (meu preferido é o livro de contos A arte de enganar o medo), mas como um cara meio idealista, que, por ser muito aguerrido ao defender suas idéias, por vezes, acaba não agradando a muita gente. Creio, no entanto, que, por ser amigo dele e por querê-lo bem, devo sempre dizer-lhe o que penso e ouvir dele também suas convicções. Acho que por isso seguimos próximos e capazes de estendimento de mãos quando necessário. Amizade tem seu tanto de troca, mas também tem seu tanto de honestidade. Só assim poderá ser verdadeira.
Walmor é cara legal. Pessoa pra estar sempre do lado esquerdo do peito, como diria o Milton Nascimento. E, este ano, ele será homenageado com o troféu Palavra Viva, concedido pela Secretaria de Cultura do SINTRAJUFE-RS àqueles que se destacam no mundo literário gaúcho. Merecido.
(foto de Elaine Maritza - Eu, Dill e Walmor: finalistas do Açorianos juvenil-2004)

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Outras palavras 11 - Lya Luft


Sou uma pessoa com um olho triste que escreve e um olho alegre que vive; escrevo para tentar entender a vida, o mundo. (...) Não escrevo muito sobre a morte: na verdade ela é que escreve sobre nós - desde que nascemos vai elaborando o roteiro de nossa vida.

Retratos de Caio - 5

Na foto abaixo, fui clicado durante atividade do Projeto Fome de Ler-2007 (Ulbra/CRL), quando autografava um retrato feito sobre mim, numa simpática escola na Barra do Ribeiro.




quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Gente Nova 8 - Clênio Borges

O Clênio Borges já venceu concurso como cronista, já andou pelas trilhas do conto, e agora circula com bastante segurança pelas trilhas do miniconto, este "gênero" que tem como palavra-chave a contenção. Mas, acredito eu, deva ser uma contenção que abarque todos os elementos constitutivos do conto, caso contrário, apenas aforismo, brincadeira com as palavras, poesia. Clênio consegue isto.





Vazia

(Retrato de Lucy - Lasar Segall)
Sem amor, sem esperança e sem dinheiro, foi assaltada na sinaleira.

— A bolsa ou a vida.

Tanto faz.


(Miniconto escrito na Oficina IFP com Laís Chaffe.)

Caio no Vaia

A partir deste mês, viro cronista. O convite veio do Fernando Ramos, o jovem editor do Jornal Vaia e idealizador da primeira FESTPOA, que conseguiu reunir diversos escritores em várias mesas e atividades envolvendo a leitura e a escrita.
Meu desafio foi escrever gênero ainda não produzido, ou pouco escrito. Sou basicamente um contador de histórias. A poesia é atividade bissexta. Assim, a crônica acabou me atraindo pelo que tem de dificuldade em tangenciar temas cotidianos, tornando-os eternos. Tarefa hercúlea a que vários autores se lançam diariamente. O convite-desafio foi do Fernando; a escolha pela crônica foi minha.
E a primeira já está à disposição do olhar crítico de quem quiser. Chama-se Na gaveta, e nela busco refletir sobre a importância da leitura em mim. Para lê-la, basta acessar: http://www.jornalvaia.com.br/
Lá há matérias interessante,entrevista e outros que tais. Além, é claro, de outros colunistas.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Caio Leitor 9: O pequeno Nicolau

O autor é o mesmo do Asterix: Goscinny. Isso em si só já é motivo de curiosidade para que conheçamos as peripécias de um garoto muito especial. Especial, mas que, na verdade, dá testemunho do ser criança comum a qualquer época ou a qualquer espaço. Os capítulos curtos, quase contos, já que encerram uma aventura do pequeno protagonista com início, meio e fim, fazendo referência a outros personagens já apresentados nos diversos capítulos-contos, relatam episódios da vida de qualquer criança: atividades escolares, contatos com amigos, uma possível paixão, o desejo da fuga de casa, as tradicionais e encantadoras travessuras que qualquer criança é chamada a fazer mediante o tédio com que se mostra o mundo adulto. Mas tudo sob uma ótica humorada, bem humorada, (diga-se de passagem!), que revela o olhar infantil: olhar que, muitas vezes, mostra-se desconhecedor da lógica ilógica que reina entre os "grandes".
Nicolau, assim, tem um tanto de mim. Tem um tanto da criança que fui e também das crianças que virão por aí. Tem um tanto de qualquer e de toda a criança. Afinal, ser criança é estar aberto à aventura e ao sonho, é tentativa de entendimento do mundo que nos cerca, é busca por "atender" às expectativas adultas, mas sempre a partir de um parâmetro não-adulto. Daí que o que para Nicolau é certo, é completamente plausível, soe como traquinagem para os professores ou para os pais.
Todavia, o narrador, por vezes, nos revela que não há distância tão grande assim entre adultos e crianças, pois, nas desavenças entre o pai de Nicolau e seu vizinho, notamos os mesmo princípios que regem as rivalidades entre Nicolau e seus amigos: o desafio, a disputa, o desejo de ser o melhor.


(ilustração de Sempé)

O pequeno Nicolau é leitura agradável em que o ser criança é visto sob o olhar da própria criança. Há ausência de um pouco de dor. O humor prepondera, falta sofrimento nas aventuras de Nicolau, o que é apenas gosto pessoal de quem curte textos mais intimistas, mais sofridos, todavia apenas gosto pessoal que não destempera o sabor de mergulhar, conduzido pela mão de Nicolau, no universo nostálgico e mágico da infância. Livro que nos faz adultos sensíveis perceberem de forma diferenciada as traquinagens infantis.




segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Vice-versa: uma idéia da aeilij

O Hermes Bernardi, coordenador da AEILIJ no RS, me convidou ( e aos demais associados) para atividade bem bacana de troca de idéias via entrevista. Eu e a Glaúcia de Souza inauguramos o espaço Vice-versa. Basta acessar o endereço: http://aeilijrs.blogspot.com para conhecer minhas idéias e as da Glaúcia. Em outubro o vice-versa é com Paula Mastroberti e Hermes Bernardi Jr. Abaixo uma amostra da entrevista que Gláucia fez comigo.



Gláucia de Souza pergunta, Caio Riter responde:



GS - Como é o seu processo de criação de um original?

CR - Sempre minhas histórias nascem a partir de um tema que me sinto convidado a pensar, a escrever. É em torno deste assunto que nascem os personagens, as ações, os diálogos. Quando é novela mais longa (as juvenis), procuro elaborar um esquema orientador, a fim de otimizar meu pouco tempo para a escrita. Costumo, também, contar a história pra mim mesmo, inventar cenas, tendo sempre o olhar atento ao que ocorre à minha volta, pois tudo pode ser inspirador. Outro dado importante, anterior à escrita propriamente dita, é estabelecer um norte, um ponto de chegada, a cena final. Tendo claro para mim o destino do protagonista, tudo se torna mais simples e a escrita, então, passa a se tornar necessidade.

domingo, 31 de agosto de 2008

Livro novo

Abaixo ilustração de um dos meus próximos livros. Aguarde, logo logo novidades vêm por aí. Livros novos sempre têm seu tanto de expectativa e de espera, sobretudo para quem os inventou.

Ilustração de Renato Moriconi para meu livro O maior motivo do mundo, da coleção Historinhas bem apaixonadas. Escala Educacional, 2008

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Caio no Mestre Santa Bárbara - Bento

Na quinta-feira, dia 21 de agosto, passei uma manhã agradável, assistindo a vídeos e a uma peça de teatro, junto aos alunos do Colégio Mestre Santa Bárbara, em Bento Gonçalves. Momento de troca, organizado pelas professoras Emília B. Marques e Lisete Canabarro, que animaram a garotada e a orientaram na leitura de meus dois livros de contos A dobra do mundo e Teia de silêncios (WS Editor). Sempre é bom conversar com alunos do EM, que, muitas vezes, estão mais voltados para a leitura dos textos exigidos pelos vestibulares da vida. Minha experiência, assim, acaba limitando-se à Educação Infantil e ao Ensino Fundamental, cuja liberdade na escolha dos títulos e dos autores a serem lidos acaba sendo um pouco maior.
Pessoal simpático, escola agradável, todo um clima de encontro com as palavras literárias. Momento sempre rico para aprendizagem do bom de ler e de escrever. Abaixo registros do momento, feitos pela professora Emília.

Atividade bacana também foi a continuação de um texto de mistério ou sobrenatural que eu iniciei e que os alunos do EM tinha que continuar, mantendo o mesmo clima, os mesmos elementos. Li os selecionados pela professora e escolhi o da aluna Kátia Predebom, Turma 16M.
Segue endereço do blog do pessoal do Mestre Santa Bárbara, onde os alunos postaram seus trabalhos de escrita e de vídeo: http://literaturamestre2008.blogspot.com
http://primeiros2008.blogspot.com


segunda-feira, 25 de agosto de 2008

Notícia 1 - Boas novas no IEL

Na sexta, recebi telefonema da Inês Bins Ely, diretora interina do IEL (Instituto Estadual do Livro), informando que o Autor Presente segue assegurado. A notícia de que um projeto que originou tantos outros semelhantes existentes no RS e que é responsável (talvez o único) por levar autores ao encontro de populações carentes, como ocorreu comigo na Ilha dos Marinheiros, em maio, corria o risco de ser suspenso, mobilizou vários segmentos culturais, sobretudo os escritores, a fim de manter esse elo estadual de contato entre escritores e leitores. Além disso, Autor Presente também tem o papel fundamental de abrir portas a novos escritores, sendo canal de visibilidade para o livro e para aquele que escreve.
Assim, recebo com felicidade a notícia de que nos próximos meses as escolas que já tinham se agendado poderão realizar suas atividades sem a decepção de ter que dizer aos alunos que o autor, o qual eles leram e estudaram e para o qual prepararam atividades, poderá vir à escola e partilhar com eles toda a magia e o fascínio que a literatura promove.
"Bendito o que semeia livros, e manda o povo pensar...", já dizia o poeta dos escravos num tempo distante. Versos ainda extremamente necessários.

sábado, 23 de agosto de 2008

Casca e o projeto Autor Presente

Foram quatro dias e muitos encontros. Crianças e jovens leitores que, dentro do Projeto Autor Presente, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Casca há 17 anos, foram corações abertos ao encontro de minhas palavras literárias.
Num país de poucos leitores, sempre é bom poder ser partícipe de uma política que vise formar cidadãos críticos, que, através da abertura do coração à sensibilidade e da mente à criticidade, vão se tornando seres melhores, capazes de se construírem como agentes de transformação.
Não sei direito qual o papel da arte e do escritor. Uns dizem que a Arte não transforma, não tem o poder de mudar uma sociedade. Talvez não tenha mesmo, não em larga escala. Mas creio no poder de tranformação individual que a leitura promove, e creio também que a mudança maior necessita de pequenas mudanças, internas, pessoais. Aquela velha sabedoria popular que aponta a necessidade de haver pequenas ações para que uma maior, mais grandiosa, possa ocorrer.
Em Casca, o pessoal da Secretaria de Educação, que tão bem me acolheu, junto com o escritor Gustavo Melo, de Passo Fundo, acredita na poder da leitura literária como agente de formação. Nas pessoas da Beatriz e da Eliane, transmito meu agradecimento por ter podido fazer parte desta idéia tão necessária. E que o Autor Presente viva mais e mais anos em Casca.

Caio na mídia: Jornal Hoje


quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O pequeno Nicolau na Reinações

No dia 28 de agosto, às 19h, na Letras & Cia, ocorrerá o 16º encontro da Reinações. O livro debatido será O pequeno Nicolau, de René Goscinny, que apresenta o dia-a-dia de um garoto francês. Com muito humor, o leitor acompanha as peripécias de um garoto especial.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Palavras 14


SONHO - Asa aberta em abismo fundo. Lá embaixo, um tanto de riacho cristalino. Nas alturas, um pedaço de céu azul, tanto azul. E só nos cabe a escolha: o alto ou o baixo. E qualquer é possibilidade de espanto, de luz, de encantamento. O sonho e sua necessidade de.

Escrita e novidade

Escrever é ato criador. Não necessariamente no sentido de ser criativo, mas de criar mesmo. Aquela coisa de arquitetar um mundo, um universo de relações. E cada história construída acaba sendo tentativa de novidade, de dizer o sempre dito de uma forma ainda indizível: essa, talvez, a maior preocupação daquele que escreve. Afinal, tudo, dizem, já foi inventado. Já na Antigüidade Clássica, todos os conflitos foram abordados. O próprio Terêncio, em relação à retomada de alguns temas e personagens, discutia a falta de novidades das tramas e tipos humanos. Mas, enfim, aquele que ainda hoje se arvora a escrever tem que dizer algo de uma forma nova, nem que a atmosfera seja nova, a sensibilidade, o olhar perceptivo. Um novo olhar sobre o já dito talvez seja a receita da literatura. E alguns autores fazem isto tão bem...

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Caio na mídia: Programa Autores e Livros

Um ponto de encontro para os amantes da literatura. Essa é a proposta de um novo programa da TV Assembléia (Canal 16) que estreou dia 03 de agosto. Autores e livros, apresentado pelo escritor Dilan Camargo, abre espaço para falar sobre obras literárias e aproximar o telespectador daqueles que dedicam a vida para contar histórias. Cada semana, um novo autor, uma nova entrevista. O tema? Sempre o mesmo: a leitura e o tanto de maravilhamento que ela é capaz de provocar. Autores e Livros vai ao ar, semanalmente, aos domingos, às 21h30min, com reapresentação às segundas-feiras, às 16h30min.
No primeiro programa, o poeta Armindo Trevisan falou sobre sua obra e leu texto inédito.
No segundo, que irá ao ar nos dias 10/08 (domingo) e 11/08 (segunda), serei eu o entrevistado.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Outras palavras 10 - Guimarães Rosa


Eu carrego um sertão dentro de mim, e o mundo no qual vivo é também o sertão. As aventuras não têm tempo, não têm princípio nem fim. E meus livros são aventuras, para mim são a maior aventura. Escrevendo, descubro sempre um novo pedaço de infinito. Vivo no infinito, o momento não conta.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Caio e os escritores 7 - Os patronáveis

Cada feira do livro de Porto Alegre é ocasião de homenagem a um autor gaúcho. Antes, porém, alguns nomes são lembrados, destacados, pelo tanto de contribuição que suas palavras literárias trazem. Mundos ficcionais são urdidos, palavras poéticas são sentidas, personagens ganham vida em nossos corações-leitores graças à inventividade do verbo destes a quem chamamos de escritores. Cada livro novo, uma nova surpresa. E, para a 54ª Feira do Livro, a Câmara Rio-Gradense do Livro destaca cinco autores: os patronáveis. Deles, virá o Patrono. Bacana conviver com três deles, bacana ver entre os patronáveis vários que também urdiram tramas para crianças e para adolescentes, bacana já ter sido leitor de seus mundos. São eles: Carlos Urbim, Charles Kiefer, Jane Tutikian, José Clemente Pozenato e Juremir Machado da Silva.