quarta-feira, 30 de abril de 2008

Dois convites...

Abril encerra seus dias com frio. Mas meu coração anda quente. Repleto de carinho, afagados por dois convites feitos ontem em Morro Reuter, cidade que no há muito conquistou meu coração pelo tanto de leitura que se respira por lá. Pois foram dois convites. O primeiro feito por um grupo de lindas crianças da escola municipal Dom Bosco, que, parodiando meu livro Um menino qualquer (WS, 2003), me convidou para ser padrinho da biblioteca da escola. Agora, me somo à Marô, ao Urbim, ao André, ao Caparelli e à Jane, e viro nome de bilioteca escolar, como eles. Isso lá em Morro Reuter.
O segundo feito logo depois: Você quer ser patrono da nossa feira do livro? Bah, que coisa mais linda, que surpresa mais boa. E eu, é claro, disse sim. Que mais poderia? A 16ª Feira do livro de Morro Reuter ocorrerá de 09 a 12 de outubro. Patrono Caio Riter. Eu.

Caio e os escritores 5: Marô Barbieri

Marô é daquele tipo de pessoa quixotesca. Não no sentido de ser meio amalucada e de sair lutando contra moinhos de vento. Não. Marô Barbieri é próxima ao personagem de Cervantes em sua garra, em sua capacitade de sonhar e transformar sonhos em possibilidades. Bacana, também, que ela não sonha sozinha. Carrega aqueles que sonham como ela ao lado, abre portas, estende pontes, e vai se tornando referência quando se pensa a literatura feita para crianças.
Faz alguns anos que cruzei pela primeira vez com a Marô Barbieri, ela, com certeza, nem lembra. Eu era apenas mais um dos tantos professores participantes de um curso sobre a magia dos contos de fadas.
Lembro que analisamos as várias características dos clássicos textos, lembro que montamos caldeirões de bruxas, castelos de príncipes e princesas; mas o que mais me encantou naquele momento foi o brilho no olhar daquela mulher que falava de literatura, com amor, com verdadeiro encantamento. E, mais, literatura feita para crianças.
Aquele que escreve para os pequenos e nascentes leitores é também fada, é ser encantado que faz com que as palavras literárias sejam possibilidade de broto no coração de novos homens, de novas mulheres.
A Maria Eunice Barbieri, a Marô — como é conhecida por seus tantos leitores e também por seus afetos — é fada. É fada por que acredita na transformação que a literatura pode operar no dentro de cada um, é fada por que distribui, por todos os cantos, suas palavras de amor à literatura; quer em seminários; quer em palestras; quer em encontros com os mais pequenos; quer como escritora; quer como patrona de tantas feiras; quer como professora, que vai semeando no coração de outras e tantas professoras a sua verdade: A leitura é necessária, é fundamental.
Marô criou fóruns, criou encontros internacionais de contação de histórias, foi presidente da AGES, dinamizando a entidade, e já aprontou tantas outras façanhas, que até nome de biblioteca virou: uma em Morro Reuter, outra em Santa Maria do Herval.
E em sua trajetória, iniciada há muito, a professora foi cedendo espaço para a contadora de histórias, que foi cedendo espaço para a escritora, que foi inventando histórias e criando personagens inesquecíveis no imaginário infantil, tais como a Tinoca Minhoca, a formiga-bruxa Zica, A caneta falante, a bolinha que não sabia pular, a princesa que não sabia chorar, o João com seus olhos repletos de magia. Muitos e tantos personagens, muitos e tantos livros, muitos e tantos leitores que, no contato com sua dedicação à literatura, foram se tornando leitores.

(foto: Luís Ventura)

domingo, 27 de abril de 2008

Eduarda resenhada

Neste mês de abril, no site Dobras da Leitura, participo do Trevo de Leituras, resenhando o livro Outros bichos, de Georgina Martins, e tenho o meu livro Eduarda na barriga do Dragão (Artes e Ofícios, 2006) resenhado pelo Manuel Filho. Abaixo segue a leitura feita pelo querido Manuel:

Muitas crianças têm medo de pequenos, médios ou grandes seres. Os pequenos são os insetos, as abelhas. Os médios são os gatos e cachorros. Os grandes, o hipopótamo, o leão ou a girafa. O maior receio é levar uma picada dolorida ou uma mordida de um cachorro nervoso. Então, a primeira surpresa que o livro de Caio Riter, Eduarda na barriga do dragão, nos revela, é que a menina não levou uma mordida: ela simplesmente mora na barriga do dragão.Parece que a garota escolheu um mundo só seu para viver. Ela não aparenta ter pavor de habitar aquele lugar tão misterioso e, quiçá, perigoso. Enquanto o dragão está quietinho, ela se sente segura, protegida, até procura não fazer barulho para manter o bicho dormindo. Porém, quando ele abre a boca e o mundo exterior se revela, ela fica assustada porque vê coisas terríveis como gente brigando, guerras e até sangue.Muito da beleza desta história está no fato de sugerir como uma criança pode criar um mundo próprio para sobreviver a alguma situação com a qual ela tenha dificuldade em lidar. Eduarda procura, talvez, o lugar mais remoto possível para se esconder, um local onde ninguém irá encontrá-la se ela ficar bem quietinha. Ali pode pensar, criar amigos e descobrir a força que irá levá-la de volta ao mundo real em segurança.Naqueles momentos de escuridão, em um curioso contraste com toda luz que um dragão pode produzir, a garota começa a criar pequenos poemas e volta a se lembrar de como é gostoso o vento em seus cabelos ou a chuva em seu rosto. A luz surge de dentro para fora, em vários sentidos, e uma delicada surpresa fica reservada para o final.O fato de o dragão jamais aparecer por inteiro é um grande achado da ilustradora Elma. Ele permanece misterioso, um bichão tão grande que a criança não tem idéia de seu tamanho. Às vezes apenas um dente nos recorda que a garota vive quietinha no fundo da barriga do monstrão. As cores e o traço são usados de forma sempre lúdica. As ilustrações completam perfeitamente a história uma vez que, por elas, podemos acompanhar a evolução dos sentimentos de Eduarda. De uma menina que aparenta estar receosa, na primeira ilustração, encontramos, na última vez em que podemos ver o seu rosto, um sorriso largo, inspirador.Um belo e delicado livro para todos que, um dia, precisaram criar o seu próprio mundo. Ou o seu próprio dragão...

Trevo da Leitura: Ciclo de leituras e resenhas promovido pela Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil.
Resenhade Manuel FilhoAEI-LIJ/SP

Gente Nova 4 - Rodrigo Barcellos

O Rodrigo Barcellos busca dar forma a seu sentir através da palavra poética. E o que é o poetar, senão um ato de magia-racional? A poesia carece também da razão.






Mágicas e feitiços

As bruxas não são más,
nem velhas, nem feias,
querem apenas
um mago que goste de vôos
ao ar livre e de sopas exóticas.
(Van Gogh, Sparry-Night)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Ainda sopros do Vento de Letras

Diz aquela música do Milton Nascimento que o artista tem de ir aonde o povo está, eu, meio plagiando-o, costumo dizer que o escritor tem de ir aonde seu leitor está. E esses encontros entre escritor e leitores sempre é motivo de descobertas, de maravilhamentos (claro que vez que outra surge uma decepçãozinha, mas isso faz parte do viver...), de encantamentos. Quando criança, jamais tive um contato direto com um escritor, às vezes até achava que eles nem existiam. Hoje, graças a professores entusiasmados e a projetos como o Vento de Letras, de Osório-RS, tais encontros se tornam momento de troca — possibilidade de prazer, reflexão e transformação, como já disse Iser — e acabam enchendo olhos e coração com a fantástica magia que os livros contêm e promovem.
Quando estive na Escola Osvaldo Bastos, em Aguapés, Osório-RS, além da alegria do contato (já comentada em outro post), recebi alguns presentes. Entre eles, um bloco escrito e ilustrado pelos alunos da 3ª série da prof. Tatiana Stenzel. Cada desenho mais lindo que o outro, cada releitura de meu livro Um reino todo quadrado (Paulinas, 2007) mais imaginativa. Algumas delas, inclusive, deixando perceber nas entrelinhas leituras peculiares sobre o mundo todo quadrado e azul que minha imaginação criou. Abaixo, seguem a ilustração e a releitura feitas pelo aluno Dener. Coisa mais linda de se ver e de se ler.


Um reino todo quadrado
Lá no horizonte, nasceu um menino tão diferente que até os pais ficaram assustados e logo a mãe foi perguntando:
— Não é bom ter um filho diferente?
O pai pensou e falou:
— É muito bom.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

Palavras 11


ENTARDECER - Há um tanto de melancolia em todo o dia que finda. Esse cinza, e sombra, da tarde que se metamorfoseia em noite tem a cor da despedida.
(foto: Luís Erbes)

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Um ano reinando!

Em abril de 2007, logo após o 1º Fórum de Literatura Infantil e Juvenil e mais um ou outro evento envolvendo livro e leitura, um grupo de apaixonados pela literatura feita para crianças e adolescentes resolveu criar uma confraria que visasse a debater diferentes aspectos da dita literatura infanto-juvenil. A idéia nasceu na antiga Livraria do Arvoredo. E entre os idealizadores-fundadores estávamos eu, a Elaine Maritza, o Christian David, a Marô Barbieri e o Luís Dill. Eu pus lenha na fogueira e fui dando corda para a idéia que foi batizada de REINAÇÕES e recebeu a acolhida de outros confrades ( a Beatriz Viégas-Farias, a Marisa Stefen, o Hermes Bernardi, o Sérgio Napp, a Jacira Fagundes, a Maira Knop, a Ana Maria Marshal, o Claudio Levitan, a Carla Laidens, a Nóia Kern, a Maria da Graça Gartioli, a Graciela Quijano e tantos outros —alguns mais assíduos, outros mais turistas, mas todos participando com alegria —) e do pessoal da Livraria Palavraria em seus primeiros encontros. Em setembro, nos transferimos para a Letras & Cia, que nos abriga até o momento. Queríamos que a Literatura infanto-juvenil reinasse nos dois sentidos: incomodar e aparecer! Assim, o primeiro encontro reuniu 17 confrades, que, sob minha coordenação, mergulhou no Reino das Águas Claras de Lobato, acompanhando a menina do nariz arrebitado em suas tantas aventuras. De lá pra cá, foram 11 encontros e agora o 12º se aproxima. Um ano de vibrações, um ano de REINAÇÕES. E se começamos "lobateando", o encontro de aniversário terá como cicerone o boneco de pau mais famoso da literatura: Pinóquio, que, sob o olhar de Claudio Levitan, será discutido no dia 14 de abril, das 19 às 20h30min, na Letras & Cia, na rua Osvaldo Aranha, 444.

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Gente Nova 3 - Lucy Cosptein Wainberg

Conheci as palavras da Lucy Cosptein na Oficina Literária que ministro no SINTRAJUFERS. Depois, foi boa surpresas quando os jurados do 1º Concurso Literário Mario Quintana escolheram o miniconto abaixo como o vencedor na categoria conto.



Jogo de damas


Ela deslizou a dama branca até a posição em que entregava o jogo. — Vou contar meu grande segredo: só penso em você.
Com a ponta dos dedos, ele gentilmente derrubou todas as peças do tabuleiro.

— Eu conto o meu: só penso em homens.

In: Matéria de Invenção 2, antologia literária do SintrajufeRS.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Ventania de palavras

Sempre é bom quando bons ventos sopram, diz a tradição, dizem os mais sábios, aqueles que trazem no peito e na mente um tanto de histórias vividas, testemunhadas ou experienciadas. Pois sexta-feira, dia 11, um bom vento soprou em meus ouvidos e em meu coração: vento de letras, ventania de palavras. Dia agradável, em que tudo girou em torno de meus personagens, de minhas invenções.
Era dia quente, de sol bastante forte, quando cheguei a Aguapés, em Osório-RS, na Escola Municipal Osvaldo Bastos, para dar início às atividades do projeto Vento de Letras, coordenado pela querida Marô Barbieri, que foi companhia extremamente agradável (como sempre, aliás). Ao chegar, fui recebido por olhares de crianças e de adolescentes, curiosos, ansiosos, para conhecer e conversar com aquele que havia inventado os personagens que ilustravam as paredes da Escola: murais, cartazes, desenhos, maquetes, frases em inglês. Além de um programa de rádio que animou a manhã e a tarde no pátio da Osvaldo Bastos. A professora Eliane e seus alunos fizeram o meu "retrato" e também imaginaram meus gostos e meus desgostos. Uma alegria só! E um monte de surpresa para mim e para os tantos professores que se empenharam em despertar naqueles corações a semente da leitura.


Ah, só motivos de alegria. Tomara que esse vento siga sempre soprando em Osório, se entranhando nos corações e levando suas sementes para todos os terrenos. Férteis ou inférteis, como saberemos? Assim, só resta semear e propiciar que uma ventania de palavras invada corações e mentes. E que bom poder fazer parte desse Vento!

Aluna Rosana, vestida de Eduarda, fazendo um reconto de meu livro Eduarda na barriga do Dragão.








domingo, 13 de abril de 2008

Caio Leitor 6: O tênue véu de Seda

Seda, do italiano Alessandro Baricco, é uma história de amor. Mas não daquelas de encontros e desencontros clichês. Amor que é amor no próprio ato da doação, amor mesmo, amor para além do próprio ato de amar.
Dicção ímpar, formada de capítulos e frases curtas que narram a história de Hervé Joncour, comerciante que, ao ir ao Japão em busca de ovos de bicho-da-seda,mergulha num universo exótico, habitado por uma mulher que ele pouco vê, com quem nunca trocou palavras,mas cuja sedução o escraviza. No final, a revelação do amor maior de Heléne, sua esposa. Amor capaz de simular a outra ser, a fim de conceder felicidade ao homem amado. Hervé, na verdade, busca longe aquilo que estava o tempo todo a seu lado. Descoberta tardia. A aldeia destruída, Heléne morta, flores azuis sobre o túmulo: "E, cuidadosamente, parou o tempo por todo o tempo que assim o desejou."(p.41)
Hervé vive a nostalgia do sonho ou do não experienciado: toques, gestos, todos através de intermediários — como a xícara de chá, a japonesa que a outra lhe entrega, o bilhete em ideogramas que não consegue ler sozinho. Hervé, no entanto, deseja o distante. Inventa uma paixão na distância e é incapaz de perceber o grande amor que está próximo, bem ali, nos sentimentos e no corpo de Heléne. O sonho deixa de ser vivido pela incapacidade da percepção de que ele já é real.
No final do livro, Heléne se revela como mulher e como grande personagem. Ela, a seda: leve toque na vida de Hérve. Tão leve que ele é incapaz de percebê-la na superfície da pele.
(Seda, Alessandro Baricco, Cia das Letras, 2007)

quinta-feira, 10 de abril de 2008

2º Fórum de Literatura Infanto-Juvenil

Falar sobre a Literatura feita para crianças e adolescentes sempre é bom, apesar de, vez ou outra, aparecer alguma voz dissonante a dizer que a literatura infanto-juvenil é subliteratura. Tola voz, pouco sabe que escrever é arte, quando há cuidado estético, quando a experiências inventada vai ao encontro da experiência real do outro que lê. E isso independe de idade de leitor. Literatura (Aquela com L maiúsculo) é lida prazerosamente por quem quer que seja. Assim, iniciativas como esta que a Marô Barbieri está coordenando são sempre bem-vindas, são sempre galo a cantar a outro galo que cantará a outro e a mais outro até o despertar da manhã. O 2º Fórum de Literatura Infantil e Juvenil do RS ocorrerá no mês do livro, oferecendo palestras, mesas-redonda e diversas oficinas. Eu estarei por lá, como autor e como oficineiro. Isso é bom, bem bom! Seguem abaixo, alguma informações para quem se interessar:

O 2º Fórum Estadual de Literatura Infantil e Juvenil do RS, a realizar-se no mês de abril de 2008, integrando as festividades da Semana do Livro, numa promoção da Secretaria Municipal da Cultura através da Coordenação do Livro e Literatura, com produção da profª/escritora Mª Eunice (Marô) G. Barbieri.
O evento ocorrerá nos dias 18 e 19 de abril ( sexta-feira e sábado) no auditório do Teatro Túlio Piva (sessões de grande grupo) e nas dependências da EEEF Prof. Olintho de Oliveira (oficinas).



DIA 18 de abril - SEXTA

08h30min às 09h30min
Credenciamento e distribuição de material

09h30min às 10h
ABERTURA

10h às 12h
Palestra de abertura:
LEITURA DE LITERATURA: ESCRITA E ESCUTA
Profª Marly Amarilla
Universidade Federal do RN


13h às 18h
Visitação à MOSTRA DE LITERATURA INFANTIL E JUVENIL da
Associação Gaúcha de Escritores(AGES)

Programação interativa especial:
exposição em banners,
consulta a obras
colóquios breves com dez escritores.


18h30min às 20h

PAINEL : QUALIDADE DO TEXTO: AS DIFERENTES LEITURAS
Profª/Doutora Vera T. de Aguiar - PUCRS
Escritora Anna Claudia Ramos - AEI-LIJ
Criança leitora
Jovem leitor(a)

19 de abril - SÁBADO
08h30min às 11h30min
OFICINAS

1. Compromisso com a palavra- estudo crítico da NARRATIVA- Caio Riter - RS
2. Oficina de leituras de POESIA - Elaine Maritza - RS
3. PRÁTICAS para o trabalho com Lit. Inf. e Juvenil – Christina Dias - RS
4. Práticas de LEITURA ORAL – Mirna Spritzer
5. CRIANÇA & POESIA – Telma Scherer - RS
6. Como formar e dinamizar PEQUENAS BIBLIOTECAS- Nóia Kern -RS
7. CRIANÇA & POESIA – Marta Gusmão - MG
8. Técnicas para trabalhar com LITERATURA INFANTIL – Celso Sisto - RS

13h às 16h30min

OFICINAS (as mesmas da manhã)
17h às 18h30

PAINEL – POLÍTICAS DE LEITURA: INVESTIMENTO CULTURAL

Programa “LIVRO LIDO” – Cachoeirinha
Programa “ LIVRO MEU” – Caxias do Sul
Programa “LITERATURA INFANTIL E MEDICINA PEDIÁTRICA” – Porto Alegre
“ JORNADINHA DE LITERATURA” – Passo Fundo

18h30
Encerramento

terça-feira, 8 de abril de 2008

Outras palavras 5: Dalton Trevisan


Nada tenho a dizer fora dos livros. Só a obra interessa, o autor não vale o personagem. O conto é sempre melhor que o contista. Não escrevo para mudar a vida, melhorar o mundo, salvar a minha alma. Rabiscado de letras vale mais o papel branco? Toda a minha desculpa de escrever.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

O Rapaz se renova no contato com alunos do Bom Conselho

Esse mundo literário é mesmo repleto de surpresas. Os livros nossos, histórias arquitetadas no dentro de nós a convite de algo que vem de fora, acabam ganhando vida e se renovando com o contato afetivo com os leitores. Hoje estive conversando com os alunos da sétima série do Colégio Bom Conselho, alunos que, sob a orientação da professora Marisa Steffen, uma apaixonada pela Literatura, mergulharam nas páginas de O rapaz que nao era de Liverpool. E o tempo é sempre pouco para o tanto de inquietação que tais encontros promovem não apenas nos que lêem. Falar de um livro já editado é sempre oportunidade de voltar a ele, de repensá-lo.
No final, saí com vários bilhetes, repletos de questões. Entre elas, seguem algumas abaixo:

# Marcelo e DJ são amantes de poesia. Você também gosta?

Ah, e tem amor maior do que pelas palavras? Sobretudo, as poéticas. Talvez as ame, não apenas pelo tanto de desacomodamento que provocam, nem pela musicalidade que contêm, mas por senti-las arquitetura maior.

# Você admira os Beatles. Ouve-os nos momentos difíceis, assim como o Marcelo?

Estranha essa fusão entre ficção e realidade. Seguido me fazem essa pergunta. Não, eu não sou um fã ardoroso dos Rapazes de Liverpool, aprendi a curti-los na própria feitura do livro. Fui ler suas letras, ouvir suas músicas, comprar seus cds.

# Quando você escreveu o livro, fez com que Marcelo se identificasse com você?

Sempre há um tanto do Caio-criança nos livros que escrevo e nos personagens que crio. Ao escrever para adolescentes, sempre há umas tintas de nostalgia, mas acho que o personagem que mais tem de mim é o Renato, do livro Debaixo de mau tempo.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Gente Nova 2 - Maira Knop

A Maira Knop anda envolvida com poesia há muito, acho. Em seu blog , podemos colher suas flores líricas. Segue uma pétala poética:

Não gosto dessas mulheres
que vivem salivando desejos

os desejos
não foram feitos
para serem realizados

fossem,
que gosto teriam
os sonhos congelados?

Palavras 10


SAUDADE - Buraco no dentro da gente que não há terra que possa cobrir. Retrato em preto-e-branco na memória.