sábado, 16 de abril de 2011

Outras palavras 24: João Gilberto Noll


O que me move é a linguagem. Não são situações, não são enredos. Não me pergunte sobre o que será meu próximo livro, não tenho a menor ideia. O que me move realmente é a atividade da escrita.

A criatura do Realengo

Há poucos dias, a mídia explorou, com detalhes, o episódio do Realengo, que, creio, desnecessita de explicações. Todo mundo sabe do que falo. Tiros em local impróprio, demasiadamente impróprio. Afinal, mata-se em guerras; mata-se no trânsito; mata-se na esfera privada por diferentes motivos: amor, ódio, dinheiro; mata-se em festas. Enfim, a violência já é nossa consorte (ou amante) nesses dias tão tingidos de cinza. E de vermelho. O vermelho sangue de corpos inocentes, ceifados na flor da vida. O vermelho sangue também de uma criatura que na vida foi expoliada de seu primeiro direito: o de ser amado. Quem não é amado não sabe amar. Quem aprendeu a viver no medo da perda aprende a proporcionar perdas em nome sabe-se-lá-do-quê. E o lugar que deveria ser oásis, recanto, ninho transforma-se em cenário de barbárie. A sociedade se horroriza; a violência dá sua cara a tapa. E un tanto de gente se apavora. O mesmo tanto que aceita, feito boi dormindo no pasto, feito macaco que fecha olhos, ouvidos e boca, que tantas outras mortes ocorram, graças à fome, ao preconceito, à miséria. Afinal, os tiros no Realengo foram mesmo de pólvora. Porém, outros tiros tantos são disparados a todo o momento. E nós, na maioria das vezes, calamos diante da morte do sonho, da dignidade, da solidariedade. Criamos monstros, como o tal do Wellington. E, depois, nos apavoramos com seus atos. Somos tal qual o protagonista do clássico livro de Mary Shelley: Frankesteins cria a criatura e não se dá conta que é responsável por ela, que ela carece de carinho, de amor; que ela se sente só; que ela não pediu pra nascer. Uma vez monstro, portanto, dará ao ser criado a certeza de sua função no mundo: provocar monstruosidades. Só assim, talvez, o olhem. Mesmo que seja para dizerem que ele é um ser desprezível. O momento é de dor. O momento é de pensar quantos outros monstros, ainda, a sociedade irá gerar.

Sobre a escrita 3

"Tudo nasce de um tema, que se tranforma no conflito de um protagonista. A partir deste, a arquitetura do texto vai se construindo num jogo racional que pressupõe escolhas. Esse é meu modus operandis. Não acredito na escrita que jorra feito sangria desatada. Gosto de construir os canais por onde o sangue da minha ficção circulará." — Caio Riter

sábado, 9 de abril de 2011

A tarde do Pedro...

Livro, amigos, música e autógrafos. Troca de ideias, de afetos, de desejo pelas palavras. A tarde na Letras, entre sol e chuva, foi momento marcante em minha trajetória de escrita. Lançar livro novo sempre traz um tanto de ansiedade, talvez aquela que aperta o coração de todo aquele que resolve criar momento para encontro entre livro e leitores. Pois hoje, a tarde foi mesmo do Pedro Noite. Muita gente na Letras & Cia, muitos rostos carinhosos, muito rostos revistos e outros vistos pela primeira vez. Legal poder escrever paravras de dedicatória e entregar minha história, que, agora, deixa de ser apenas minha é começa sua trajetória ao encontro do coração dos leitores, a fim de criar seus caminhos, seus sonhos, suas reflexões. E, como é a primeira vez que publico uma narrativa-poética, fica a dúvida: saberei traçar essas possibilidades estéticas? Pedro Noite que ser festa, mas também quer promover reflexão. E que elas venham. Agora é esperar o que dirão aqueles que o lerem. A espera também tem seu tanto de ansiedade. O bom é saber que a tarde valeu!
Se quiser ver fotos da tarde, acesse: http://picasaweb.google.com/luisventurafotografia/CAIO#

quinta-feira, 7 de abril de 2011

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Pedro Noite terá sessão de autógrafos no dia 09/04

Pedro Noite no PublishNews

Biruta lança novo livro de Caio Riter PublishNews - 31/03/2011 - Por Redação Em Pedro noite (Biruta, 32 pp.) o escritor gaúcho Caio Riter conta, em forma de poesia, a história da infância de um amigo e aborda as questões de identidade e preconceito. Com ilustrações de Mateus Rios, o livro conta a história de Pedro, um garoto que ria de tudo. Desde pequeno seu pai o mandava apertar os lábios para ficar sempre bem fino. E o menino obedecia. Na parede da sua casa havia um retrato dele com o pai, com "o cabelo liso, todo ondulado, a pele nem tão escura, porém, quando olhava, meio de lado, o canto do olho é que via, no reflexo do vidro espelhado, um Pedro que não era o do desenho. Era negro. Era noite". O menino se perguntava por que o retrato na parede não mostrava o Pedro de verdade. Para ler as primeiras páginas de Pedro Noite, acesse: http://www.editorabiruta.com.br/detalhe.php?id=192