sábado, 28 de agosto de 2010

Degolada em Cachoeirinha

Creio que escrevo é para isso mesmo: para que minhas histórias, minha palavras, meus mundo inventados, possam suscitar o nascimento de mais e mais palavras, numa relação que se perde no coração e nas mentes daqueles que me leem. Escrever é, quem sabe, possibilitar que outras palavras possam ser escritas, pensadas, sonhadas. Assim, fico bem feliz quando isso ocorre, como ocorreu em Cachoeirinha, primeiros leitores que mergulharam no universo fantástico de meu mais recente livro: Maria Degolada, santa assombrada (Editora Edelbra).

Maria Degolada

Lenda é história que o povo conta
para assustar as pessoas,
Nem sempre são verdade, mas amedrontam
tudo aquilo que as pessoas aprontam

A Maria Degolada
é mais uma dessas lendas assombradas:
conta que uma mulher muito amada
teve a cabeça cortada.

O soldado Bruno, seu namorada,
estava muito enciumado,
queria que ela fosse só dele,
mas ela não queria casar com ele.

O resultado disso foi uma grande briga,
que acabou em desastre,
a mulher foi degolada,
depois de ser ameaçada.

O Bruno se acusou,
na delegacia se apresentou,
um copo dágua ele ganhou,
na prisão ele entrou e morto ele ficou.

Isso nos faz pensar,
que brigar não é legal,
que ninguém é de ninguém na hora de amar,
temos que respeitar o direito pessoal.

Essa lenda é do século passado,
mas infelizmente coisas assim ainda acontecem,
Então, não seja ultrapassado
e não haja tão errado.

Poema construído pela turma 41, da professora Karen - Cachoeirinha-RS





domingo, 15 de agosto de 2010

Palavras 26

ESCRITA (2) - Escrever é descobrir algum atalho na floresta. E suas cachoeiras: lagos fundos, lagos rasos. Estes oferta de maior risco, cabeça batendo em pedra e ponta. Os outros, mergulho em profundidade. Escrever é isso: prazer e risco.

domingo, 8 de agosto de 2010

Palavras 25


ESCRITA (1) - Escrever é penetrar em floresta fechada. Caminhos há. Perigos também. O perigo da perna quebrada em raiz da terra saída, sem razão de ser. Galhos curvados. Serpentes escondidas, prontas para o bote, quando a mão distraída se aproxima da flor.

sábado, 7 de agosto de 2010

Gente Nova 13 - Thiago Mattos

Thiago Mattos nasceu em Petrópolis, região serrana do estado do Rio, e reside atualmente em Niterói, onde cursa Letras. Escreve poesia e prosa. Escreve e guarda. Guarda e esquece que guardou. Há alguns meses, contudo, tem pensado em abrir uma greta da gaveta. E, enquanto seu livro não sai, é possível conhecer sua poesia no blog: http://aparedeeosanguedela.blogspot.com/



Conhece alguém que mexa com encanamento velho?


I
A noite que rasga o trem
Coloca o trem dentro do meu quarto.
Sentado na minha cama.
O aço de 9 bilhões de toneladas.
Dorme, criança.
II
Não foi a noite crua
Que cobriu o mundo.
Tudo é de plástico.
Tudo é de fogo.
Tudo é frio como é fria
Nossa cama assim
Cortada com ruas e casas e árvores
E meia cidade sem luz elétrica.
III
É respirarmos, ainda que mal.
É haver, ainda que não se saiba.