A
Serpente e o Sapo
A Serpente
andava descontente. Outrora, ela podia rastejar pela floresta tranquilamente,
gozando de todas as benesses que aqueles que comungam do poder possuem. A Serpente
era amiga do rei.
Todavia,
após disputa acirrada com o Leão - o sempre eterno rei, que perdeu o posto, pois o povo andava descontente de apenas os
bichos mais fortes e poderosos terem regalias e direitos - o Sapo assumiu o
trono. E nem bem pegou o cetro, decidiu que direitos deveriam ser divididos,
assim como deveres. É claro que alguns bichos grandes concordaram, viram
naquela postura uma forma de construírem novas relações na floresta. Agora,
todos poderiam ter possibilidades semelhantes para desfrutarem de direitos
semelhantes, como, por exemplo, beber a água límpida na fonte do rio e não
apenas a poluída.
Mas
a Serpente, ah, a Serpente, andava descontente. Uniu-se, então, a outras tantas
serpentes, escavarelhos, escorpiões e aranhas. Não era justo dividir o que
sempre fora deles. E, munidos de gritos de ódio, invadiram os caminhos da
floresta. Urravam, berravam, zombavam do Sapo e de todos os outros que o apoiavam.
Queriam o fim daquela forma de governar. Porém, ardilosamente, diziam defender
a liberdade de todos. Diziam que o Sapo impedia a ordem outrora tão tranquila,
melhor que abandonasse o poder, que o Leão voltasse a reinar.
E
alguns bichos tolos começaram a seguir os manifestantes. Todos esquecidos
daquele tempo em que o Leão governava. Alguns inclusive, em meio à balbúrdia,
nem percebiam que gritavam contra direitos que outrora nunca haviam tido.
Moral
da História: O passado jamais pode ser esquecido.
Moral
da História II: Quem segue serpentes corre o risco de morrer envenenado.