Muito do que me cerca não dá conta da forma como percebo o mundo, as pessoas, as coisas. Muito do que me rodeia, por vezes, parece me conceder uma aura de desajuste. Não no sentido marginal da palavra, pensada numa perspectiva social. Não. É mais, acho. A coisa é sentida no nível das ideias, na percepção do ser e do estar no mundo. Isso deve ser bom. Deveria, pelo menos. Afinal, muitos defendem a diversidade, a alteridade. Ela como caminho para o encontro com o outro. Acredito em tudo isso: na alteridade, na diversidade, na diferença que cada ser traz em si. Porém, acho que o que penso vai além disso: quer falar de um sentimento de estar no mundo, de concepção do mundo, de estabelecimento da relação com o altero.
Por vezes, olho para a vida e vejo tão poucas pessoas irmanadas ao meu sentir.
E, confesso, isso acaba por me trazer uma certa sensação de que algo está fora da ordem. Pelo menos, da minha ordem.
Uma madrasta assassina seu enteado e isso assombra a sociedade, mas não elimina a possibilidade de que outros Bernardos morram, assim como ocorreu com a menina Nardoni. No caso gaúcho, a sociedade foi conivente: permitiu que o garoto ficasse sob os cuidados do pai, que não selava por ele, em detrimento do apelo da avó; permitiu que ele ficasse fora de casa, sem permissão de entrada, até que o pai aparecesse; permitiu que, mesmo o menino reclamando dos maus tratos, seguisse sendo maltratado. Até que.
Um torcedor atira uma banana contra um jogador negro, este, a fim de menosprezar o ato, come a banana. Então, alguns veem seu ato como aceitação da pecha de macaco. Como se rir do preconceito (ou minimizá-lo) fosse saída para o fim da discriminação, para o término de atitudes homofóbicas, discriminatória, genofóbicas. A atitude do jogador sendo aproveitada pela mídia, com camisetas cujo slogan "somostodosmacacos" passa a ser slogam anti-racista. Como assim?
E a sensação de ser turista num mundo não meu lateja no peito.
Uma madrasta assassina seu enteado e isso assombra a sociedade, mas não elimina a possibilidade de que outros Bernardos morram, assim como ocorreu com a menina Nardoni. No caso gaúcho, a sociedade foi conivente: permitiu que o garoto ficasse sob os cuidados do pai, que não selava por ele, em detrimento do apelo da avó; permitiu que ele ficasse fora de casa, sem permissão de entrada, até que o pai aparecesse; permitiu que, mesmo o menino reclamando dos maus tratos, seguisse sendo maltratado. Até que.
Um torcedor atira uma banana contra um jogador negro, este, a fim de menosprezar o ato, come a banana. Então, alguns veem seu ato como aceitação da pecha de macaco. Como se rir do preconceito (ou minimizá-lo) fosse saída para o fim da discriminação, para o término de atitudes homofóbicas, discriminatória, genofóbicas. A atitude do jogador sendo aproveitada pela mídia, com camisetas cujo slogan "somostodosmacacos" passa a ser slogam anti-racista. Como assim?
E a sensação de ser turista num mundo não meu lateja no peito.
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