O poema que segue nasceu de um desafio que fiz ao poeta.
(Salvador Dalí)
Um muro em três partes
Ao
olhar para aquele velho muro
descontemplo
por
entre rachaduras e musgos
as
sutilezas mais frágeis e densas
de
minha própria existência
Ao
olhar para aquele velho muro
descontemplo
dois
terrenos pantanosos
que na
inconstância de suas formas
têm
duas existências formadas
na
constância do velho muro
Ao
olhar para aquele velho muro
descontemplo
entre a
aspereza e a frialdade
os
segredos e o calor
das
confissões dos vizinhos
duas
existências
duas
partes à parte
de uma
mesma essência
Ao
olhar para aquele velho muro
descontemplo
descontemplo-me
a dançar
na
ponta dos dedos
equilibrando
(me)
sobre
minha frágil existência
em um
segundo de delírio
entre
duas consciências
perdidas
por
entre rachaduras e musgos
diferentes
de um
mesmo muro
Ao
olhar para aquele velho muro
descontemplo-me
descontemplo-te
perco
(me)
entre
nós
Ao
descontemplar (nos) aquele velho muro
me
falta a coragem
fujo
(já nem
sei se de mim ou de ti)
em
desespero
e
errante
vou
simplesmente sendo
afinal
Nenhum comentário:
Postar um comentário