terça-feira, 12 de maio de 2020

Um texto pensando nas mulheres que sonharam maternidades


Um tempo


Houve um tempo em que você sonhou.
Talvez você não lembre o primeiro momento deste sonho, talvez ele venha de um tempo em que a fantasia ainda era presença em sua vida quase que totalmente.
Talvez você ainda fosse menina, quem sabe uma adolescente meio em dúvida entre ser princesa ou ser guerreira (ou ambas), talvez já mulher madura, quando sentiu latejar em si o desejo de ser mais, o desejo de maternar.
Ser mãe é sonho, antes de ser realização do exercício da maternidade.
Ser mãe é sonho, antes que os olhos se lancem ao encontro daquele que, a partir do primeiro encontro, será para sempre um alguém que entrou em sua vida de forma vital, existencial. E para sempre.
Ser mãe é sonho, mas também é opção, é vontade de ser alguém para o outro. Um outro ainda desconhecido, um outro que aguarda o momento de ser filho, de ser filha, de ser abraço, de ser carinho, de ser alguém sedento por histórias, alguém que vê aquela mulher que se dobra sobre seu berço como parte. E para sempre.
Ser mãe é sonho, mas também é compromisso. Nada mais de noites brancas, mergulhada em preocupações que não as suas. Se criança, a preocupação se ele ou ela dorme bem. Se os filhos já dando os passos da independência, a preocupação se farão as escolhas mais adequadas na busca de serem felizes.
Ser mãe é, pois, tornar-se quebra-cabeça que depende da felicidade do outro pedaço para se sentir completa.
Mãe é um desejo que se torna condição, que se torna compromisso, que se torna festa cada vez que seu filho, que sua filha, conquista o desejo de sonhar também.
Feliz da mãe que consegue ser isto: alguém que se constrói e se reconstrói no sonho de fazer nascer mais sonhos.
E se houve um tempo de sonhar, se houve tempo de criar. Hoje, é tempo de celebrar a mãe que você desejou ser.

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