sexta-feira, 31 de julho de 2020

Sobre pontes e gigantes


           Quando escrevo, jamais sei que rumos as histórias e poemas que criei irão tomar. Por vezes, nem sei se virarão livros. Sempre, meu primeiro desejo, é de que possam dar conta para outras pessoas da emoção que me proporcionaram no próprio ato da escrita. Escrever (pelo menos para mim) tem disso: uma tanto de emoção; outro tanto de trabalho com as palavras, a fim de que elas possam ser ponte entre mim e o outro.


            Este ano (ano tão atípico, em que o isolamento físico faz com que tenhamos que nos manter atentos, fortes e em casa, verdadeiros gigantes, mesmo sendo pequenos em idade) sou o autor homenageado pela Escola Projeto. E isso foi oásis nestes tempos que ainda nos assopram ventos sombrios.
Poder ser troca, poder ser contato (mesmo que virtual) com meus leitores sempre é motivo de alegria, de brilho no olhar, de descoberta daquilo que meus textos provocaram em quem me leu, em quem mergulhou nos universos criados por mim. Assim, me agiganto, me multiplico, sou um e vários, já que meus mundos literários passam a ser habitados também pela emoção de quem me leu.
            Nos dias em que encontrei meus pequenos leitores - tendo como barreira e, ao mesmo tempo, como portal, nossas telas virtuais -, tudo foi bastante mágico, tudo pôde me trazer um pouco de volta o Caio-menino, o Caio-guri, que se encantava com as brincadeiras que a palavra e a imaginação podiam (e seguem podendo) promover. Ri bastante, me inquietei também na busca de respostas às indagações que me eram feitas. Encontros como os que tivemos (eu e as crianças da Projeto) me mostraram, mais uma vez, que é possível  sonhar com um mundo de novas gentes: gentes que se encantam com as palavras, que amam desvendar os territórios tão sedutores da imaginação. Gentes que, apesar da pouca idade, são gigantes na arte de desvendar a alegria e a energia boa que a arte pode provocar.
            Rimos, brincamos, sonhamos, trocamos ideias e emoções, nos agigantamos, fomos ponte uns para os outros. E isso foi muito bom.
            Tomara que, quando o vírus for vencido, possamos nos abraçar, possamos trocar olhares e palavras sem outro véu que não apenas aquele da fantasia que as palavras literárias sabem tão bem tecer.
            Um grande beijo em cada um dos meus leitores e das minhas leitoras que frequentam este espaço de saber tão bacana que é a Projeto. Sejam sempre gigantes a estender pontes de afetos ao outro.

Texto escrito originalmente para a Escola Projeto. 

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