domingo, 10 de janeiro de 2021

Há uma criatura

     Há uma criatura que foi eleita. E ela é perversa.
     Esta criatura jamais enganou a quem quer que seja para ser eleita; não escondeu sua essência; sempre se orgulhou de suas posturas fascistas, reacionárias, agressivas; não mascarou seu discurso, usando, inclusive o nome de Deus, para justificar atitudes vingativas e perseguidoras; defendeu torturadores, elogiou estupradores.
     Há uma criatura que foi eleita por defender o armamento, a violência, o desrespeito às leis. Esta criatura, aliás, sempre foi eleita, embora sua história política seja repleta de equívocos, de nada de ações a favor da população; seus votos nunca foram a favor da vida. Nunca. E junto com a tal criatura se reúne uma matilha esfaimada por benesses, por vantagens, sem medir meios para tal.
    A criatura eleita defende a morte; ri do povo, sobretudo da parcela mais humilde. A criatura não sabe argumentar: ataca, vê na imprensa seu inimigo maior, defende a censura e usa de meios não lícitos e das prerrogativas do poder apenas usadas por aqueles que não sabem que o poder é exercido a favor de todos e não de si e de sua casta. A criatura não sabe defender ideias (talvez não as tenha); não traz em si a sensibilidade ou a emoção; não se compadece; não se compromete com seu país, entrega-o.
     A criatura não sabe de nada que lhe compete e se cerca de iguais: lhe agradam os aplausos, o amém do gado; a subserviência não questionadora. A criatura semeia a discórdia, ri da morte, debocha da dor do outro. E foi eleita.
    A criatura se arrasta, é tosca, é pândega, mas foi eleita e agora rege nosso destino.

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