Recebi um convite do Leonardo Chianca bastante bacana; convite, aliás, que eu já alimentava a certo tempo: fazer uma adaptação de um clássico para o público adolescente. E o título nãopodia ser presente maior: Notre-Dame de Paris, do Victor Hugo. Clássico publicado em 1831, popularmente conhecido como O corcunda de Notre-Dame, narra a história trágica do sineiro Quasímodo e de seu amor impossível pela cigana Esmeralda. Durante janeiro, me envolvi com os personagens e com eles percorri as ruas de Paris, apaixonado pela beleza e pela arquitetura narrativa deste texto que encanta ainda hoje com seus personagens passionais e suas descrições vivas. Adaptar um texto grandioso destes sempre é tarefa hercúlea, sobretudo pelos limites impostos em relação à extensão do texto (o original geralmente possui dois volumes, divididos em 11 livros) e pela necessidade de manter a mesma atmosfera original, o mesmo espírito, a mesma estrutura. Adaptar é manter a essência do original, pelo menos é assim que penso. Tentar imaginar o que se passou na cabeça do autor ao elaborar seu texto, a fim de que tanto a adaptação quanto o original possam um ser o espelho do outro. Tentei. Espero ter conseguido, por foi algo bom demais. Acho que fui picado pelo vírus do adaptador. Abaixo, um pequeno fragmento de minha adaptação:Há alguns anos, o autor deste livro, ao visitar a igreja de Notre-Dame de Paris, avistou, escrita num canto escuro de uma das torres, a seguinte palavra:
ANANKÊ.
O homem que a escreveu já não existe mais, é pó; a palavra, por sua vez, foi apagada pelo tempo; a própria igreja, quem sabe, um dia desapareça também da face da terra. Foi por causa da palavra grega Anankê, que significa fatalidade, que esta história foi escrita. Acreditem.
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