sexta-feira, 25 de março de 2011

Bethânia, Jorge, Poesia e Ira

A semana foi de ira. Melhor se tivesse sido de debate. Ira contra Maria Bethânia, ira contra Jorge Furtado, que, em seu blog, resolveu defender a cantora. Uns dizem que um blog que custe um milhão e trezentos mil reais é absurdo. Outros dizem que o valor á para captação, que esta inclusive pode não ser concretizada. Uns dizem que é um blog de POESIA!; outro dizem que é um blog de poesia??? (Bah!).
Na verdade, não são os argumentos que me incomodam. Apavora-me a raiva, a ira, que algumas pessoas aproveitam para extravasar quando ocorre algo que, de certa forma, lhes incomoda. A lei permite que um projeto como o do blog de Bethânia seja apresentado, ela o apresentou dentro da lei. A lei liberou os recursos, se ela conseguir captá-los o fará dentro da lei. Assim, quem está errado afinal: os idealizadores do blog ou a lei?
Falta, por vezes, racionalidade, tranquilidade na exposição ou problematização de tais questões. Logo, a vida pessoal dos envolvidos é atacada, sua história é vista como algo imutável, como se o fato de alguém nascer num lar de direita o obrigasse a ser também de direita. Ideias estão aí para serem mudadas. Por isso, estamos vivos, por isso, somos seres humanos.
Que ideias sejam discutidas, que posições sejam questionadas, porém que isso seja feito com lucidez e não com ataques pessoais.
Talvez a vida precise mesmo de blogs de poesia.
Quem sabe com uma atmosfera mais lírica envolvendo todos a vida não se torne mais amena, mais suportável!

Fragmentos Literários 4

De Homem no escuro, Paul Auster, Cia das Letras




"Peguei emprestado o carro do vizinho, dirigi até Nova Jersey e identifiquei o corpo para a polícia. O choque de ver Betty daquele jeito, tão imóvel, tão longe, tão terrivelmente, terrivelmente morta. Quando me perguntaram se eu queria que o hospital fizesse uma autópsia, respondi que não precisava. Só havia duas possibilidades. Ou seu corpo tinha parado de funcionar, ou Betty tinha tomado pílulas, e eu não queria saber a resposta, pois nenhuma das duas coisas contaria a história verdadeira." (pag. 82)

sexta-feira, 11 de março de 2011

Cinema, pipocas e refri

Não sei se envelheço (quer dizer, que envelheço, envelheço, afinal o tempo é implacável com todos), mas o fato é que não ando mais tão acomodado a situações que, outrora, embora me irritassem, não me indignavam como agora. Sei das modernidades, mas também sei (e acredito) na importância da tradição, na relevância de alguns rituais que, se não mantidos, tendem de fato a fazer as novas gerações acreditarem que tudo é permitido.
Há poucos dias, fui ao cinema. Hábito que me agrada por demais, mas que, cada vez que penso em exercitá-lo, me vem à mente o cheiro forte de pipocas, a chupada final de um enorme copo de refrigerante, as conversas paralelas ou explicativas sobre determinada cena. Cinema não é bar, não é restaurante, não é fastfood. Cinema é cinema. Espaço de integração entre espectador e filme, ambiente para que a imersão na magia da sétima arte, entrega. Se não assim, preferível é ficar em casa, confortavelmente acomodado no sofá, assistindo a um DVD. Não?
Houve um tempo, inclusive, que algumas salas, como as do Guion, não permitiam tais excessos. Lá, ia-se ao cinema para assistir-se ao filme. O papo e os comes ficavam para depois, em alguma mesa do café do próprio Guion ou em alguma outra das tantas espalhadas pelo Olaria.
Hoje não. Infelizmente, pode-se comprar pipocas lá, pode-se encher o ar de um cheiro forte de queijo derretido, pode-se interromper a atenção a uma cena graças a uma sugada de canudo no fundo do copo de refri.
E aqueles que, como eu, curtem o silêncio das salas de cinema ficam à mercê sei lá de quê.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Outras palavras 23: Moacyr Scliar

Às vezes faço anotações. Mas essa é uma fraqueza. É melhor não anotar nada. A idéia verdadeira persegue o escritor. Este, aliás, é um bom teste: não escrever de imediato. Se a idéia for boa, legítima, ela reaparece sempre. Não há como esquecê-la, como livrar-se dela. Porque, na verdade, não é tu que tens a ideia. A ideia é que te tem.

Sobre a escrita 2

"Duas questões norteiam meu escrever: o que contar? Como contar? Da resposta à segunda pergunta, creio, depende todo o bom texto." — Caio Riter

Novamente Pedro...

Recebo mensagem muito carinhosa da escritora Mabel Amorim sobre o meu Pedro Noite (Biruta). Bom sempre saber que histórias escritas, livros publicados encontram guarida em corações sensíveis. Seguem as palavras de Mabel:

Que coisa linda é Pedro Noite. Que sensibilidade a sua captar a história de Pedro e transformá-la em poesia. Que bonita é a descoberta de que a diferença é mais uma beleza a nos adornar. Minha filha caçula tem síndrome de Down e eu sempre a vejo com os olhos de vó Cida, que só enxergam alegria. Parabéns, amei!!
http://cafecomresenhas.blogspot.com/