sábado, 31 de maio de 2008

Caio na Mario Quintana

Terça, dia 27, foi momento de encontro com o pessoal da EMEI Mario Quintana, na Restinga, aqui em Porto Alegre mesmo. Foi tarde agradável, como sempre é, quando a gente tem possibilidade de encontro com pessoas que aninam os corações da gurizada com o amor pelos livros. Várias professoras encontrei, várias crianças, tantos adolescentes. E em seus olhos o brilho mágico do amor pelos livros, aquele brilhinho que só quem já foi contaminado pelo vírus da leitura consegue perceber. Tomara que as meninas da biblioteca sigam animadas, sigam conquistando escritores para serem partilha sob o apadrinhamento do querido poeta-passarinho Mario.
Recebi cartas, poemas; fui desenhado aos montes; e encontrei até personagens meus virados bonecos: a Princesa Moura e o Diabo Vermelho. Ah, até eu mesmo virei boneco. Que legal! Abaixo, algumas fotos que registram esse encontro.
Com os leitores da Mario Quintana
Com o Diabo Vermelho e a Princesa Moura, e a criadora deles, a profe Gisele

Com a profe Aline, os ajudantes da biblioteca e minha versão em boneco
Contando a famosa história do repolho

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Gente Nova 6 - Regina Porto

De Viamão, vem a prece de Regina Porto que desacraliza a lírica da religiosidade. Tal subversão me agrada. E muito.



(O beijo, de Klint)

Prece da paixão

Faço essa prece, Senhor, em nome da paixão
Por isso te peço perdão.
Permita, Senhor,
Que eu seja o santuário
onde ele deposite os seus desejos
e que na água benta da minha boca ele mate a sua sede
Permita, Senhor,
Que o meu corpo seja o rosário onde suas mãos
me desfiem em oração
Permita, Senhor,
Que nos meus olhos
ele encontre a luz pra saber voltar quando se sentir perdido
Permita, Senhor,
que o meu calor possa aquecer seu corpo quando sentir frio
e que minhas mãos possam lhe dar a vida quando desfalecido
Permita, Senhor,
Que eu seja o altar onde ele possa repousar quando sentir-se cansado
e que sua fome seja saciada na minha carne
Permita, Senhor,
Que eu seja a brisa leve que seque suas lágrimas quando chorar
e que seja as asas que ele use quando quiser voar
Permita, Senhor,
Permita, Senhor,
e eu agradecida me curvarei de joelhos em oração no seu corpo
sugando a vida que dele brota
oferecendo a seiva que de mim escorre
para que beba no meu santo Graal

domingo, 25 de maio de 2008

Minicontos viram minicurtas

A Laís Chaffe mais uma vez está inovando. Dos minicontos publicados na série Lilliput, pela Casa Verde, ela selecionou alguns para virarem minicurtas. E as filmagens já começaram. Bacan essa idéia de dizer muito no menor espaço possível, sem perder os aspectos da narrativa. Afinal, tem gente que, com o nome de miniconto, tem publicado aforismos, poemetos, jogos de palavras, etc. A estrutura do conto completamente desaparecida.
Bom, o fato é que um de meus minicontos foi selecionado pela Laís: As formigas, publicado no livro Contos de Bolso, o primeiro da série. Aliás, já vem vindo um novo aí, organizado pelo Fernando Neubarth, o Contos Comprimidos.
Veja a matéria publicada no Correio do Povo do dia 24 de maio de 2008.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Caio e os escritores 6: Luís Dill

Um encontro casual, meio ciceroneado pelo WS, para uma viagem pelo interior, foi o que me fez conhecer essa figura. Nem lembro que ano era. Mas faz tempo. Depois daquele primeiro encontro, outros tantos vieram e, até, palestras fizemos juntos para os leitores. Momentos de trocas sobre o fazer literário foram se fazendo nas viagens, nas leituras dos seus mundos fictícios repletos de adrenalina (cortantes, fortes, secos), na amizade que foi se fortalecendo, nas portas editoriais que um foi possibilitando ao outro. Até cupido eu fui sendo (mas isso é outra história). Pois assim foi o Luís Dill, criador de um dos melhores livros que eu já li: Letras Finais, se tornando parceiro, presença em sessões de autógrafos, amigo prum bom vinho ou prum bom naco de churrasco.
A literatura, além de mergulho em suas possibilidades ficcionais, mágica que é, também proporciona bons encontros. Pessoas que acabam se tornando presença, foto na galeria de nossos afetos. E isso é bom.
(Foto de Luís Ventura - Dill e Sizi na sessão de autógrafos de O rapaz que não era de Liverpool)

Palavras 12



DESEJO - Condição essencial para o existir; seu fim determina o ocaso: o desaparecimento daquele que desaprendeu a querer.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Em Lindolfo Collor

Não conhecia Lindolfo Collor, cidade pequena, bem próxima de Porto Alegre. Estranho isso: por vezes distâncias físicas acabam sendo maiores do que imaginamos. E legal quando a aproximação se dá através da leitura ou de um encontro que visa a propiciar que os pequenos cidadãos de Lindolfo Collor possam ser mais e mais leitores, tornando-se desejosos de leitura, já que esta possibilita mergulho na fantasia e também na experiência do outro. Pois dia 15, quinta, estive na feira desta simpática cidade. E gostei. Foi momento bacana de troca, de parceria, de partilha. Crianças alegre e curiosas, mãos erguidas, na ânsia de desvendar os caminhos de escrita daquele que produziu Um fusquinha cor-de-rosa, Um reino todo quadrado, Eduarda na barriga do Dragão e Pra lá e pra cá.

domingo, 18 de maio de 2008

Lançamento de "Meu pai não mora mais aqui" no Salão da FNLIJ no RJ

Quando inventamos uma história, creio que, na maioria das vezes, não sabemos os rumos que tal narrativa irá ter: chegará às estantes das livrarias, tocará os corações dos leitores ou apenas será mais um livro à espera de edição? E por quanto tempo? Sabê-los publicados, os livros, sempre é certeza de que ele poderá ser partilha com aqueles que, por ventura, por indicação ou por acaso, abrirem suas páginas.
Pois vem mais um livro meu por aí, outro juvenil. E esse mergulho na adolescência, além de me fazer observar o que me cerca, me possibilita um tanto de nostalgia e de retorno ao adolescente que fui. Este livro novo, Meu pai não mora mais aqui (ed. Biruta), foi ficção em cima da experiência de um garoto muito legal, o Tadeu Fiorentin, lá de Nova Bassano, que, além de me fornecer material e de acompanhar o fazer da história, cedeu seu nome a um dos protagonistas.

O lançamento será no Rio de Janeiro, no dia 31 de maio, durante as atividades do Salão do Livro Infanto-Juvenil. Em Porto Alegre, há previsão de lançamento em julho.

sábado, 17 de maio de 2008

Cecília na REINAÇÕES

Dia 29 de maio, os confrades da REINAÇÕES se reúnem para o 13º encontro. Desta vez, mergulharemos no universo da poesia de Cecília Meireles, Ou isto ou aquilo: livro que trouxe novo ar para a poesia escrita para crianças. O encontro será na Letras & Cia, rua Oswaldo Aranha, 444, às 19h. Abaixo o convite elaborado por Carla Laidens.


quarta-feira, 14 de maio de 2008

Outras Palavras 6: Affonso Romano de Santana

Acho que escrever é mesmo um modo de olhar as coisas pelo seu avesso, de ver o mundo nas suas costuras, no seu negativo, tentando revelar o irrevelável. Fui aprendendo, então, que escrevia para aprender. Que escrevendo ia desvelando meus sentimentos primeiro para mim mesmo, depois para outros. (...)
Escrever então é isto: uma forma de habitar o tempo.

sábado, 10 de maio de 2008

Caio Riter visita escola Osvaldo Bastos

No dia 11 de abril, foi realizada a abertura oficial do Projeto Vento de Letras. A Escola Municipal de Ensino Fundamental Osvaldo Bastos foi a primeira a receber um autor literário que teve sua obra apresentada aos alunos durante o mês que antecedeu a visita.
O projeto consiste em incentivar a leitura nas escolas de ensino fundamental, aproximando os alunos do autor dos livros. A escola que participa do Vento de Letras estará preparada para receber o escritor, pois as obras do visitante foram lidas e trabalhadas pelos alunos, professores e auxiliar da biblioteca. O projeto conta com a assessoria da escritora Marô Barbieri. O planejamento e coordenação é da Secretaria Municipal de Educação.
O primeiro encontro foi entre o escritor Caio Riter e os alunos da Escola Osvaldo Bastos, localizada no distrito de Aguapés. Ele é mestre e doutor em literatura brasileira e publicou vários livros infantis, juvenis e contos. O escritor além de ver apresentações de trabalhos sobre suas obras, contou outras histórias e respondeu aos questionamentos da platéia infantil. Sobre o Projeto Vento de Letras, Caio demonstrou satisfação. “É um projeto fundamental. Ele não só incentiva a leitura, bem como proporciona o contato dos leitores com os escritores. O Vento de Letras também funciona como um fomento à cidadania”, explica. Participaram do primeiro evento do Vento de Letras, a escritora Marô Barbieri, o Prefeito Municipal de Osório, Romildo Bolzan Júnior e o Secretário de Educação do Município, Valdionor Aguiar da Costa. Neste mês ainda, a escritora Christina Dias visitará a escola Osmany Véras. Em maio, a escritora Marô Barbieri visitará a Escola José Garibaldi.

In: http://www.osorio.rs.gov.br/?m=noticia&a=view&id=1007

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Gente Nova 5 - Valquíria Malagodi

E a Gente Nova da vez não freqüenta os meios rio-grandenses... Vem de Jundiaí-SP... e a conheci nestas surpresas que a Literatura nos oferece. Já conhecida por suas bandas, Valquíria é nova por aqui. Então, segue seu poema, que pretende ser partilha não apenas no título.


(O farol - Anita Malfatti)

Partilha

Quantos enigmas moram
Atrás das palavras?
Ah – que monstros! – nos devoram.
Cá eu lavro... aí, tu lavras,
Mas, eis que elas arvoram
E... em silêncios só afloram.

Cada uma é um lado:
O verso e o reverso
Desta lavoura (este fado)
Que sustenta o universo.
São moedas com que nos assalaria
Esta vida. Ei-las... a porção de cada dia!

Quem dera um de nós decifrá-las,
Para, quem sabe, assim,
Com as sobras... depois de gastá-las,
Tu dares de ti, e eu... o melhor de mim.


E a Reinações fez um ano...

Em abril, com coordenação do Levitan, os confrades da REINAÇÕES se reuniram para conversarem sobre As aventura de Pinóquio, do Carlo Collodi, e, também, para celebrarem o 12º Encontro, ou seja, um ano de Confraria. Bacana ver que cada vez mais pessoas se integram aos debates, contribuindo com idéias, com análises, com sugestões, com comentários na capacitação de leitura que cada um faz previamente. Assim, se chego aos encontros com algumas certezas, saio com novos olhares ou novas indagações. O debate latejando sempre dentro de mim. E como é bom.
E como esse foi um encontro especial, em que os confrades-fundadores ofereceram espumante e nosso anfitrião, o Gustavo Hickmann, ofereceu uma torta, além de nos envolvermos nas teias de Collodi, mergulhamos num brinde à leitura.

O debate:

O brinde:

domingo, 4 de maio de 2008

Caio Leitor 7 - Com que letras se escreve amigo?

Amigo se escreve com H, de María Fernanda Heredia, com tradução de Laura Sandroni (Nova Fronteira, 2003), fala sobre a amizade e sobre seus limites. Ser amigo e aceitar o outro nem sempre é tarefa fácil, sobretudo se este outro possui interesses diferentes dos nossos. Narrada em primeira pessoa, o livro é a história de Maria Antônia (a Ant) e H, seu amigo, que se encontram na escola, tornam-se vizinhos de rua e, por fim, amigos de confidenciar segredos. Isso, até o momento em que as expectativas da menina se frustram, quando H lhe revela estar amando e a pessoa amada não ser Ant, mas, sim, a “desprezível” Andréia.
E se a amizade de ambos amorna, é neste aparente distanciamento que Antônia descobrirá o tamanho do afeto que nutre por H e a falta que a presença dele lhe provoca. Afinal, juntos enfrentaram dificuldades escolares; juntos, trocaram e desvendaram medo; juntos, realizaram descobertas de segredos, como o revelado por H ao apresentar vó Edelmira à Antônia. A memória — ou melhor, a perda dela, o esquecimento — mostra-se o maior medo do garoto.
Tal encontro, com certeza, um dos momentos mais belos do texto de María Fernanda Heredia e que mereceria um livro inteiro: o susto do jovem diante da possibilidade do esquecimento e sua luta para permanecer — através da contação de histórias — vivo no coração e na memória de sua avó. Tarefa que destinará à Ant, antes de ir para os EUA estudar. O afastamento físico, no entanto, não será fator a reforçar a perda da memória, visto que o pedido de H sempre ecoará dentro de Antônia, evocando as lembranças dos momentos vividos.
Há, no entanto, na organização estrutural, um senão: o vocabulário elevado e as construções sintáticas que obedecem ao padrão gramatical causam certo artificialismo na linguagem da menina, embora certa passagem no capítulo final busque justificá-la ao referir que Antônia gostava de usar palavras difíceis, tais como “esteio”. Todavia, a voz que estrutura a narrativa (voz que possui uma dicção adulta) é mais que palavras não-usuais por crianças; é expressão madura de quem já viveu a experiência e, distante, avalia o que passou.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Morro de novo...

Dia 29 de Abril, quando estive em Morro Reuter e recebi aqueles dois convite de alegria, me encontrei com leitores (20 leitores, leitores escolhidos pelas diferentes escolas municipais), a fim de falarmos um pouco sobre leitura e de eu presenteá-los com alguns livros para crianças e para adolescentes. A idéia surgiu assim, meio devagar, meio despretensiosa ainda no fim de 2007. Surgiu em mim o desejo de partilhar minha biblioteca com pessoas que curtissem livros e que essas pessoas pudessem levar os livros para casa, que eles pudessem ser seus, como aquela menina do conto Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector, abraçada ao Reinações de Narizinho, como se fosse seu amante. Bem, e ao ter a idéia logo pensei nos leitores de Morro Reuter, cidade que, desde que a conheci, mantenho uma relação de presença física e também de carinho pelo tanto de alegrias e tanto de leitura que já experienciei por lá. Fiz contato com a Secretaria de Educação e Cultura, e a secretária, Ana Maria Gonçalves Ferreira, acolheu meu convite de me encontrar com leitores na biblioteca municipal Erico Verissimo, numa data próxima à Semana do Livro. E assim foi. E ainda chamei o Christian David, escritor amigo, que levou seu O rei e o Camaleão para presentear o pessoal. Foi momento bacana, de troca, de partilha, de curiosidade sobre o traçado ficcional que cada escritor dá a suas ficções. Tomara que outros momentos desses venham e tomara que eu possa fazer parte deles.