domingo, 17 de dezembro de 2017

Àqueles que menosprezam a leitura



Sr. Prefeito Marchezan, sr. Secretário de Educação Adriano de Brito, senhores vereadores que disseram não ao Programa de Leitura Adote um Escritor,
                Qual foi o último livro que vocês leram? Que livros vocês têm nas estantes de suas casas? Que leituras marcaram suas infâncias, suas adolescências? Que importância tem a leitura em suas vidas? Aliás, vocês já pensaram sobre a importância dela?

             
   Pois quero lhes dizer que no dia 11 deste mês participei, na Emef Morro da Cruz, de mais uma edição do Programa de Leitura Adote um Escritor. Talvez o que um escritor faça ou deixe de fazer não seja importante para os senhores, homens e mulheres tão ocupados em definir os rumos de nossa cidade. Todavia, gostaria de lhes dizer que, mal cruzei o portão da escola, fui acolhido com a música de vozes infantis dizendo: “Ele chegou, ele chegou”, seguida da repetição de meu nome e de palmas, de abraços, de sorrisos. As crianças eram plena expectativa. Com tal recepção, fui convidado para partilhar um universo mágico suscitado por meus livros e concebido pelo empenho e pela animação (apesar dos dissabores pelos quais a educação municipal tem passado) de professores e de professoras que acreditam na literatura como chave para abrir as portas da cidadania e do sonho. Sonho? Poderão os senhores estar se perguntando. Ora, sonhos! E lhes repito: Sonhos, sim. Muitos e necessários. Sonhos e aprendizagens, sonhos e saberes, sonhos e mergulho na magia das palavras.
                Participei de bate-papos, de trocas de ideias e de alegrias, da experimentação do “Túnel das sensações”. Houve apresentação musical, trabalhos que desenvolveram diferentes habilidades, chá literário no interior da biblioteca.
                A Emef Morro da Cruz, numa quente tarde de segunda-feira, senhores e senhoras, aqueceu mais ainda pequenos corações com a chama da leitura: aquela que abre os olhos para o outro, que fortalece o desenvolvimento cognitivo, social, emocional. Por isso, desentendo que alguns vereadores, amparados sabe-se lá por qual orientação, tenham votado contra o Adote um Escritor, negando o investimento de verbas neste programa tradicional e recentemente premiado. Programa que tanto tem feito pela construção de leitores em nossa cidade.
                Senhor prefeito, senhor secretário, senhores vereadores, de fato os tempos se tornam difíceis, quando percebemos que o poder público menospreza a educação, a cultura, a leitura. O Adote um escritor é projeto vencedor, é modelo para tantos outros que foram implementados em outros municípios e seguem recebendo investimento significativo. Assim, se vossas senhorias estão descrentes em relação ao que escrevo, peço que conversem com alunos, com professores, com outros escritores e fiquem abertos à alegria que estampa o olhar de quem vive o Adote. E, caso não acreditem no que escutam (Ah, a descrença tem mesmo tomado muitos corações), peço que visitem uma escola (qualquer uma que participe do Adote), peço que assistam às atividades; sejam São Tomé: seus olhos não mentirão. Aí, aí sim será possível crer que o Adote um Escritor não será jamais programa de leitura que necessite brigar pelo direito de seguir existindo. Atenciosamente, Caio Riter.