terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

Algumas frases não tão inocentes

"Nem sempre o espelho é quem dá conta da verdadeira face. Só o mergulho no poço poderá nos dizer quem somos".

"Quando não se sabe para onde ir, qualquer caminho é caminho. Ou não. Uma estrada sempre pode ter pedras, buracos a impedir trânsito".

"Numa estrada esburacada, cair em um buraco é mera questão de tempo ou de falta de atenção".

"Eu sei bem o que quero; o que me falta é a compreensão clara sobre o que não desejo".

domingo, 10 de fevereiro de 2019

Hoje fiz sagu


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Hoje fiz sagu.
Para quem desconhece, sagu é um doce a base de suco de uva ou de vinho. Doce muito peculiar aqui no Rio Grande do Sul, costumeiramente comido acompanhado por um creme de baunilha.
Fiz o sagu. Fiz o creme.
Fiz o doce a pedido de uma das filhas.
Hoje fiz sagu.

Fazer sagu para a família, ler um livro, ir ao teatro ou ao cinema, encontrar amigos, escrever, rir, amar... Estas têm sido minhas formas de resistência mediante o tanto de notícias trágicas, quer aquelas como as proporcionadas pela Vale, quer as determinadas pelo atual governo. Atacam a previdência, atacam as empresas públicas, destroem a natureza, perseguem índios, negros, mulheres, trans, perseguem qualquer voz que possa se insurgir contra atos tão medievais perpetrados por governantes publicamente envolvidos com atos de corrupção. E tudo soa normal: as ruas calam, as praças calam, panelas calam, bandeiras calam. Há os que percebem a burrada feita; há os que seguem a gritar contra a corrupção, defendendo corruptos. 
Difícil se torna a luta, quando os atacados se unem ao feitor; quando os que estão sendo despossuídos de seus direitos, se entendem como parcela beneficiada da população.
Tudo muito torpe, tudo muito triste.
A arte, o afeto, os amigos, meu sorriso no rosto é algo que não me podem usurpar. Minha palavra é minha: podem calá-la enquanto voz, jamais poderão domar o pensamento.
A arte liberta.
A arte questiona.
A arte possibilita o sonho.
É necessário, pois, fazer sagu. Comer sagu.
No pouco, resisto.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2019

Carta de leitora

Bom quando o que escrevemos ecoa e percebemos que nossa luta e nosso pensar encontra guarida em outros corações. É a certeza de que não estamos só. Na verdade, creio que nunca estamos sozinhos em nossos sonhos. Sempre haverá alguém que nos estendera a palavra, a mão, e estas se tornarão pontes. Abaixo, segue a carta que recebi da Helena, uma pessoa que atua em uma biblioteca comunitária e que a percebe como condição de saúde, embora haja quem não julgue importante os livros. Aproveito também para partilhar foto de minha ação na Biblioteca do Arquipélago: Piquenique Literário, querendo que ela sobreviva, lembrando sempre que um arquipélago nos dá a clara sensação de grupo. Não somos, decididamente, uma ilha apenas. E isso é bom.



Boa noite, Caio!
Li, com pesar, o teu artigo Bibliotecas
e pontes. Sou bibliotecária e trabalho na biblioteca de uma unidade de saúde de POA, cujo acervo é mantido com doações dos leitores (pacientes da unidade). Sou funcionária concursada do Ministério da Saúde e frequentemente sou assediada para trabalhar na área administrativa. Várias vezes meus coordenadores verbalizaram que não há necessidade de ter uma biblioteca numa unidade de saúde. Além do atendimento individual, faço atendimento aos diversos grupos de pacientes existentes na unidade. Trabalho com a leitura de forma terapêutica, a fim de minimizar o sofrimento e abrir novos horizontes aos pacientes. Tenho recebido um retorno muito
gratificante. Então, fica muito difícil entender esta situação. Tenho tempo para me aposentar, mas, além de ser apaixonada pelo meu trabalho, sei que é a oportunidade para o fechamento da biblioteca. Por tudo isso, sinto-me solidária a tudo que escrevestes. Espero e desejo que tenhas sucesso no que se refere a Biblioteca Comunitária do Arquipélago. Caso haja algum movimento para a manutenção de bibliotecas comunitárias, conte comigo! Um abraço! 

Helena Pinto Costa