sexta-feira, 30 de julho de 2010

Eduarda vira peça

Meu livro Eduarda na barriga do Dragão e os demais títulos da coleção Tatu-bolinha, da editora Artes e Ofícios, virou peça de teatro pelas mãos do grupo Cuidado que mancha. Estreia amanhã! Convite abaixo:



sexta-feira, 23 de julho de 2010

Minhas Luas

Ao se publicar um livro, sobretudo quando se envereda por um território ainda não explorado, fica sempre a dúvida: os passos dados serão adequados? Ao escrever As luas de Vindor, aventura fantástica, história de princesa que tem uma missão salvifica a cumprir, sempre me vinha a inquietação: queria um livro de aventura, de fantasia, mas ao mesmo tempo queria uma história, não apenas uma trama aventuresca, em que o que mais importasse fossem as ações. Queria um personagem não apenas de carne e osso, mas, sobretudo, de sentimentos. Assim, quando li a crítica do Christian David, sobre este meu novo livro, fiquei feliz, afinal, o Christian diz perceber em As luas o meu jeito de contar histórias. Isso, creio, é bom.
Para quem desejar ler a crítica na íntegra, basta acessar o blog do Christian David, através do link: http://cndavid13.blogspot.com/2010/07/as-luas-de-vindor-indicacao-de-livro.html

sábado, 10 de julho de 2010

Caio leitor 16 - Um balé de assombramentos

Um balé de assombramentos
Caio Riter

Escrever para adolescentes, com originalidade, não é tarefa fácil. Muitos são os autores hoje, pelos mais diferentes motivos, que se aventuram a produzir literatura juvenil. Cada um com seu estilo, cada um com suas crenças, cada um com seu universo particular de temas e de gênero. Confesso que, como leitor e como escritor, me interessam, sobretudo, tramas que contenham dramas humanos. Sim, creio que escrever para jovens não é apenas arquitetar uma trama repleta de peripécias. Algo mais precisa ser construído. Algo de extrema necessidade: personagens singulares, personagens que transponham a fronteira da invenção e tornem-se seres de carne e osso, apesar de serem feitos de verbo.
Assim, quando mergulho num universo em que elementos arcaicos, como a lenda ou o sobrenatural, se fundem com elementos atuais e propiciam a emoção ou o arrepio necessários a um bom texto, o leitor que existe em mim imerge em tal mundo, devora-o, alimenta-se dele e é levado a querer saber até onde a emoção do escritor pode levar a minha. Relação de cumplicidade.
Pois foi o que senti ao abrir as páginas de A bailarina fantasma, de Socorro Acioli, brilhantemente editado pela Biruta, num projeto gráfico digno de prêmio. A cor rosa, as imagens do Theatro José de Alencar, os desenhos em arabescos, tudo reforça o tema central e contribui para o clima de sobrenatural que permeia as duas primeiras partes da história, sabiamente dividida em três atos, como se uma grande história não apenas estivesse sendo narrada ou dançada, mas sentida.
O narrador se deixa comover, embora seja neutro em seu relato. E sua comoção contida abre espaço para os arrepios que eriçaram meu corpo as vezes em que a jovem Clara, bailarina e fantasma, aparece para a protagonista, a jovem assustada Anabela. Porém, não apenas de arrepios tal história se constrói. A emoção, necessária a qualquer texto, independente do público a que se dirige, está presente. O reencontro de Gabriel com a filha que ele julgara morta é emocionante, dá aquele aperto na garganta, traz um certo brilho de água aos olhos. Fica-se a perguntar sobre o que poderiam ter sido aquelas vidas, caso a maldade não tivesse lançado suas garras sobre o destino de Clara e de Gabriel.
Neste sentido, Socorro elabora duas histórias: a de Clara, bailarina virada assombração, cuja lenda faz parte do imaginário cearense e para a qual a autora, através de pesquisa, ficcionalizou uma verdade; e a de Anabela, jovem que tem a capacidade de ver o fantasma da bailarina e que irá ser o elo entre ela e o mundo real, a fim de que uma grande injustiça seja reparada.
Desta forma, o livro de Socorro Acioli não apenas se centra no episódio sobrenatural, que com certeza possui apelo por si só ao coração dos adolescentes (e não apenas deles), mas mergulha na dor das perdas de Anabela. Há vida, pois, nas histórias das duas jovens. Ambas enfrentaram experiências de morte, ambas desejam estabelecer novas relações para si. Aliás, a cena inicial, que é retomada no final, com Anabela enterrando, junto com animaizinhos domésticos mortos, bilhetes para a mãe falecida é de uma originalidade ímpar e de uma beleza singular.
Li com gosto A bailarina fantasma. Livro dos bons, que não subestima seu público e que vai além dele. Afinal, como disse Orígenes Lessa, o bom livro para crianças ou para adolescentes é aquele que é lido com prazer pelos adultos. O que, para mim, com certeza é uma verdade inegável.

Nas teias da Maria Degolada

Uma história que conversa com o sobrenatural e que muito me encantou é a da Maria Degolada. Uma jovem alemã que, aos 17 anos, num piquenique com o namorado no Morro do Hospício, foi assassinada poe este. Degolada. Cabeça quase apartada do corpo. A jovem no caizão; o soldado Bruno na cadeia, e isso tudo em dias de fim de século: novembro de 1899, na minha cidade. O morro até hoje convive com a santa assombração da Degolada, confundida, talvez por ter o mesmo nome, com a mãe de Jesus.
Pois esse mês, em publicação pela Edelbra, e com ilustrações do Joãocaré, surge minha versão dessa lenda que encantou minha infância e que ainda perturba corações em noites de sexta-feira. Santa ou assombração? Ser do mal ou auxiliar mágico? Muitas as crenças e descrenças que rondam a lenda da Maria. Eu tenho lá as minhas, e as exponho em meu novo livro: Maria Degolada, Santa Assombrada.
Psiu. Silêncio. Muito silêncio. Está ouvindo? Oh, é ela, a Degolada. Ela vem chegando, a Maria Degolada vem bem devagarzinho. Mal não causa, mas e o medo?