quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Três vezes patronável

          Recebi boa notícia. Sou pela terceira vez candidato a patrono da Feira do Livro de Porto Alegre. Este ano, a Feira ocorrerá na tradicional Praça da Alfândega de 1º a 19 de novembro. 19 dias para quem ama leitura se envolver com sessões de autógrafos, com oficinas, com palestras e outros que tais. O melhor deles, pelo menos para mim, sempre é a possibilidade de circular pelos corredores à cata de livros e de escritores. Melhor coisa do que trocar ideias com quem escreve, sobretudo se este alguém produz literatura que me emociona, não há. Na Feira já ouvi Lygia Fagundes Telles, já encontrei Milton Hatoum, já peguei autógrafo de Lygia Bojunga, de Tereza Cárdenas, de Adriana Calcanhoto, de Walter Hugo Mãe, de tanta gente que escreve livros que emocionam. Para mim, a maior capacidade de um escritor: por meio das palavras, criar mundo inventados, capazes de falar com o que habita em mim e me fazer pessoa de emoções.
         Pois este ano, sou candidato a patrona da mais antiga Feira do Livro do RS.
         Momento de resistência ao descaso com a cultura.
         Momento de fazer valer a liberdade de abrir um livro e de ser mais gente por causa disso.
        Já fui indicado em 2013 e em 2015. Houve patronos que foram indicados apenas uma vez e já foram eleitos, e outro que precisou de uma década antes de ter tal distinção. O que me espera eu não sei. Só sei do fascínio que novembro nos provoca com a Feira, só sei que ser lembrado por três anos faz de mim alguém que passa a acreditar que sua literatura tem alguma valia.
         Somos cinco a disputar a vaga de patrono: eu, Valesca de Assis, Celso Gutfreind, André Neves e Luís Dill.
         Aguardemos.

Sobre censura

É isso que desejo:
o direito de ir e vir; de ir e ver; de ver e gostar; ou de desgostar, de odiar; o direito de acolher. E também o de me indignar. O direito de me espantar, de me sensibilizar, de rejeitar aquilo que vai de encontro ao que acredito. E o de incensar aquilo em que creio.
É apenas isso que desejo:
o direito de dizer isso é bom e me agrada; isso é ruim e me incomoda; o direito de ouvir qualquer música e o de calar o meu rádio; o direito de entrar em um museu e o de não entrar também. Quero o direito ao feio e ao bonito; ao religioso e ao profano, ao riso e ao pranto.
É somente isso que desejo: a liberdade do sim, a do não, a do quem sabe.
Não me impeçam de pensar. É disso que eu preciso. É por isso que luto.