Em minhas andanças por Minas Gerais, colhi um tanto de imagens de igrejas. Duas, entre tantas, me encantaram: por homenagearem um mesmo santo; por serem muito distintas em suas concepções. Em Ouro Preto, a Igreja de São Francisco é imponente, majestosa, apesar de ter sido construída já na época da decadência da mineração; em Belo Horizonte, às margens da Pampulha, a Igreja de São Francisco, projetada por Oscar Neimeyer, traz pinturas de Portinari, é linda em sua simplicidade. Nas duas, a aura sacra, o desejo de encontro se faz presença.
sábado, 31 de agosto de 2013
terça-feira, 27 de agosto de 2013
domingo, 25 de agosto de 2013
Palavras 38
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
Homenagens vividas
Sou patronável.
Para quem não conhece o neologismo, já tão arraigado na cultura porto-alegrense, vai aqui breve explicação: patronável é o candidato a patrono da Feira do Livro de Porto Alegre. São dez os patronáveis. Dentre eles, a comunidade do livro escolherá o novo patrono.
É bom ser patronável.
Aliás, é boa toda a homenagem.
Sobretudo, quando ela vem enquanto o homenageado pode usufruí-la. Quando ele pode perceber o tanto de carinho que sua obra suscita, quando ele pode se ver presente no próprio ato da celebração. Ah, estas sim as homenagens valiosas.
Sou patronável.
Colho este ano um pouco do carinho dos amigos a tecerem votos de sorte. E vejo na indicação um respeito da setor livreiro por mim e pela minha obra. E fico a acreditar que, de fato, sou escritor. Que meus livros e personagens habitam o coração de meus leitores. Que, de alguma forma (que pode ser pífia, não sei, não consigo precisar) faço diferença. E isso é bom. Essa a maior homenagem, sempre. Sentir-se parte do sonho que sempre se buscou construir.
Homenagens como esta, ou como as que tenho recebido como patrono de várias cidades do interior (a mais recente foi em Lindolfo Collor), ou como o apadrinhamento de bibliotecas (há duas com meu nome, na escola Dom Bosco, em Morro Reuter, e na Vinicius de Moraes, em Porto Alegre. Homenagens vividas, estas as que valem.
Detesto homenagens póstumas. Para que servem, afinal? Memória, lembrança, tentativa de imortalidade? Prefiro sentir viva no peito a emoção de ser presença. O resto, como já disse Shakespeare, é silêncio.
Para quem não conhece o neologismo, já tão arraigado na cultura porto-alegrense, vai aqui breve explicação: patronável é o candidato a patrono da Feira do Livro de Porto Alegre. São dez os patronáveis. Dentre eles, a comunidade do livro escolherá o novo patrono.
É bom ser patronável.
Aliás, é boa toda a homenagem.
Sobretudo, quando ela vem enquanto o homenageado pode usufruí-la. Quando ele pode perceber o tanto de carinho que sua obra suscita, quando ele pode se ver presente no próprio ato da celebração. Ah, estas sim as homenagens valiosas.
Sou patronável.
Colho este ano um pouco do carinho dos amigos a tecerem votos de sorte. E vejo na indicação um respeito da setor livreiro por mim e pela minha obra. E fico a acreditar que, de fato, sou escritor. Que meus livros e personagens habitam o coração de meus leitores. Que, de alguma forma (que pode ser pífia, não sei, não consigo precisar) faço diferença. E isso é bom. Essa a maior homenagem, sempre. Sentir-se parte do sonho que sempre se buscou construir.
Homenagens como esta, ou como as que tenho recebido como patrono de várias cidades do interior (a mais recente foi em Lindolfo Collor), ou como o apadrinhamento de bibliotecas (há duas com meu nome, na escola Dom Bosco, em Morro Reuter, e na Vinicius de Moraes, em Porto Alegre. Homenagens vividas, estas as que valem.
Detesto homenagens póstumas. Para que servem, afinal? Memória, lembrança, tentativa de imortalidade? Prefiro sentir viva no peito a emoção de ser presença. O resto, como já disse Shakespeare, é silêncio.
sábado, 10 de agosto de 2013
Crônica
Pai, entre o ter e o
ser.
Eu tive um pai, disse-me a mulher que amo, e suas palavras
foram eco no dentro de mim. Eu também já tive um pai. E o tempo pretérito que
se agarrou à frase foi incômodo, não por ser pronunciada em tempos de
proximidade destas datas instituídas pelo comércio, mas que, paradoxalmente,
cumprem o papel de trazer à lembrança aqueles que aqui estão e que tiveram
parte em nosso existir. Incômodo maior pelo fato de instituir fins. Todavia um
fim sempre presença: lembrança maior daqueles que se foram, daqueles que não
são mais presença física, não são mais toque de telefone para saber como os
rebentos estão, não são mais silêncio à meia-luz, não são mais brilho nos olhos
com o sucesso dos filhos, não são mais.
Você tem um pai, eu respondi, talvez querendo convencer a
mim mesmo da certeza desta pertença. Ele apenas não está mais aqui. Mas é. É no
que deixou de exemplo; é no que permite de lembrança positiva, sincera,
afetuosa; é no que foi de parceiro, sem jamais esquecer que ser pai implica não
apenas concordâncias, mas, sobretudo, apontamento de caminhos, interdições,
limites; coisas muitas vezes não compreendidas no momento próprio do ocorrido.
Meu pai se foi, assim
como da Laine, como o de tantas pessoas, um dia ele se foi. Contudo, sua
partida deixou presença. Foi-se sem ir-se.
E o pai que se foi é dor
maior em mim, maior que a ausência materna. E isso passei a entender após me
tornar pai. A sintonia se estabelece. Eu mesmo querendo ser aquele que desejaria
ter tido e que só hoje, apartado na ausência e na distância, entendo.
Entendimento de que cada um é apenas, e somente, aquilo que pode ser, aquilo
que consegue ser. Tive, hoje sei, o pai que meu pai conseguia ser, dentro de
suas limitações, de seus impedimentos, de suas querências. Um pai que ainda
ressoa em mim. Um pai que me dita caminhos possíveis de ser pai, quer pelo que
foi (é) para mim, quer pelo que deixou de ser.
Eu sou pai, digo para mim mesmo, e este dizer me invade
de uma alegria tão plena, tão completa, que passo a entender o que um dia devo
ter sido pro meu pai. Eu sou pai,
repito, e esta certeza me impele, sempre, a me sentir responsável por duas
vidas, a me sentir amado por duas vidas nascidas de parte de mim. E isto é bom.
sexta-feira, 9 de agosto de 2013
Ecos de meu primeiro livro
Hoje, recebi e-mail de uma professora que anda à cata de meu primeiro livro publicado: "O palito diferente". Livro já em extinção, eu mesmo só fiquei com um exemplar. Ele não foi editado novamente e, embora de tempos em tempos o procure na rede, nada encontro. Bacana isso de um livro construir fascínios nos leitores. Para quem o curte, fiz uma nova versão, publicada pela Paulinas com o título de "Um reino todo quadrado". Basicamente a mesma história, apenas o final é díspar e os elementos simbólicos também. Mas, mesmo assim, leitores querem "O Palito". Coisa estranha, e mágica, coisa sem resposta, só mesmo o encanto que alguns textos causam na gente e que a gente não consegue explicar. Ou consegue. Sei lá.
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
A paciência me falta
Confesso.
Confesso que ando sem paciência. Ela se faz de rogada e, por vezes, jura que me abandonará. Eu até que a entendo. Difícil tê-la diante do tanto que se vê, que se ouve, que se lê. Me impressionam pessoas que não têm olhos de ver. Me assustam pessoas que são incapazes de espiar por sobre o muro e perceber que há um outro mundo sendo gestado: ficam imóveis, meros ventríloquos a repetirem o que aqueles que acreditam apenas que o poder deve ser delas, que defendem o próprio umbigo, que propagam seus interesse como se verdade fosse. Mas não é. É apenas a verdade que eles apregoam como verdadeira. Há outra, uma mais consistente, uma que encontra eco nos olhares daqueles que sempre foram violentados pelo poder. Agora, o protagonismo se agiganta. E isso apavora os que sempre mandaram a partir da sua lógica exclusivista, sectária.
Que estes criem inverdades, até entendo. Porém, minha paciência se esgota, quando percebo que os mais explorados, os sempre explorados, aceitem ser marionetes nas mãos de quem sempre os humilhou em seus direitos. E gritem contra si mesmos, e lutem a favor de quem os oprime.
Confesso.
Confesso que fico pasmo, fico enojado. Sofro.
E hoje quero permitir que a paciência se aparte de mim.
Confesso que ando sem paciência. Ela se faz de rogada e, por vezes, jura que me abandonará. Eu até que a entendo. Difícil tê-la diante do tanto que se vê, que se ouve, que se lê. Me impressionam pessoas que não têm olhos de ver. Me assustam pessoas que são incapazes de espiar por sobre o muro e perceber que há um outro mundo sendo gestado: ficam imóveis, meros ventríloquos a repetirem o que aqueles que acreditam apenas que o poder deve ser delas, que defendem o próprio umbigo, que propagam seus interesse como se verdade fosse. Mas não é. É apenas a verdade que eles apregoam como verdadeira. Há outra, uma mais consistente, uma que encontra eco nos olhares daqueles que sempre foram violentados pelo poder. Agora, o protagonismo se agiganta. E isso apavora os que sempre mandaram a partir da sua lógica exclusivista, sectária.
Que estes criem inverdades, até entendo. Porém, minha paciência se esgota, quando percebo que os mais explorados, os sempre explorados, aceitem ser marionetes nas mãos de quem sempre os humilhou em seus direitos. E gritem contra si mesmos, e lutem a favor de quem os oprime.
Confesso.
Confesso que fico pasmo, fico enojado. Sofro.
E hoje quero permitir que a paciência se aparte de mim.
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