sábado, 31 de dezembro de 2011

Outras palavras 26: Umberto Eco

Não tenho nenhum método. Não sou como Alberto Moravia, que acordava às 8h, trabalhava até o meio-dia, almoçava, e depois voltava para a escrivaninha.Escrevo ficção sempre que me dá prazer, sem observar horários e metodologias. Adoro escrever por escrever, em qualquer meio, do lápis ao computador. Quando
elaboro textos acadêmicos ou ensaio, preciso me concentrar, mas não o faço por método.

Dica minha na ZH


quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Um ano de livros!

2011 me brindou com vários livros. Não apenas livros lidos (foram vários também, muitos deles incentivados pela iniciativa que segue com sucesso, a Confraria Reinações), mas publicados. Uma série de coincidências acabou fazendo com que este ano me presenteasse com 11 livros. Muitos deles infantis, algo que fazia tempo que eu não publicava, muito mais voltado que andava para a literatura juvenil. Onze livros. Muitos publicados pela Edelbra, que me auxiliou a realizar desejo antigo: um coleção de textos apenas meus. Saiu, portanto, na 57ª Feira do Livro de Poa, a coleção Sentidos: O olfato do rato, O tato do gato, O paladar do urso polar, A visão do pavão e A audição do leão.
E além destes, saíram A ciranda da bicharada e Tantos barulhos (minha primeira experiência como poeta. Pela Edelbra também saiu um juvenil, A filha das sombras (Coleção Medo). Estou na maior expectativa pra ver o que rolará: torcendo para que meus poemas possam ir ao encontro do coração dos leitores. E ainda, pela Biruta, saíram Pedro Noite e Eu e o silêncio de meu pai. E, para fechar a listagem de livros de 2011, pela Melhoramentos, saiu Um na estrada.
Agora é curtir esses livros todos, desejoso de saber que trajetória farão. Estou na torcida.

domingo, 25 de dezembro de 2011

Gente Nova 16: Lucas Reis Gonçalves

A poesia desse garoto (o Lucas só tem 21 anos) alia o jogo de palavras (mas não apenas mero joguete) com reflexão sobre o existir. Poesia boa que ele partilha com a gente em seu blog: http://www.lucasreisgoncalves.com/
Tique
sem pulso,
o relógio bate,
e bate tolo,
sem notar
que, na verdade,
o tempo,
seu tempo todo,
é louco,
e,mais do que louco,
é pouco
pr'um braço torto,
que, de morto,
oco silenciou.

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Um book-trailer

Novos livros. Ano cheio de livros. Isso é bom, todavia o amor acaba tendo pouco tempo para curtição, logo um novo texto surge e acaba tomando a atenção do escritor. O mais recente é mergulho em um pouco da minha infância, tem lá seu dado de invenção, sim, mas muito (muito mesmo) de memória. Eu e o silêncio de meu pai, da Editora Biruta, num projeto gráfico lindo e ousado, conta a história de um menino e seu pai, um menino que - protegido pela distância temporal - se aventura a reler sua infância, a entender o mutismo do pai, a entender o próprio passado. E o mais belo é que é meu primeiro livro a ter seu book-trailer, e mais belo ainda é que esse trailer foi realizado por uma ex-aluna, a Laura Linn.
O link no youtube é: http://www.youtube.com/watch?v=ZfDuXvP__H8

domingo, 13 de novembro de 2011

Retratos de Caio 14

O retrato abaixo (aliás, fazia tempo que eu não era retratado, daí o sumiço desta sessão em meu blog, embora eu também tenha andado sumido emvirtude dos tantos afazeres profissionais e literários. Mas isso é papo pra outro momento) foi presente, quando estive na Escola Liberato Salzano Vieira da Cunha, em Porto Alegre. Encontro que fez parte do Projeto Adote um Escritor, da CRL e Prefeitura de PoA. O autor foi o aluno Gabriel.



sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Poetares


Sempre quis, mas sempre relutei. Um ou outro surgia vez ou outra, porém nada que tivesse unidade ou que pudesse ser pensado como livro. Aí, veio a ideia de poetar barulhos. E foi o que fiz: saí a colher os ruídos mais comuns, mais estranhos, barulhos presentes em nossa vida. E, com o traço lindo da Martina Schreiner, meu primeiro livro de poesia acabou ganhando forma.

domingo, 25 de setembro de 2011

Terceira confissão

Confesso. Creio que blogs servem para isso mesmo, creio que o aqueles que acessam a rede querem mesmo é confisões. Assim, dou aos meus leitores, aos meus seguidores, a quem se deparar com este blog confessional-bissexto o que desejam: batidas no peito, rituais de confissão.
Pois seguem duas.
É isso mesmo: duas confissões, uma logo após a outra, ou uma bem do ladinho da outra. Confissões que têm a ver com televisão, com gosto televisivo. Pois aí vão. Ah, e não me queiram mal por isso.
1ª confissão televisiva: Amo novelas! Adoro acompanhar aqueles desfechos previsíveis, adoro ficar adivinhando "o quem matou?", me envolvo com as pesonagens caricaturais (às vezes uma ou outra se salva, desde que não interpretadas pela Carolina Dieckman ou pela Regina Duarte). Ah, e sei nomes de novelas antigas, tramas, principais personagens. Em Passo Fundo, descobri um grande autor brasileiro que tem esse mesmo gosto inusitado. Foi surpresa e, ao mesmo tempo, identificação.
2ª confissão televisiva: Curto um monte concursos de misses. Acho um barato aquele glamour todo. Fico torcendo pela gaúcha, pela brasileira, fico tentando adivinhar quem desfilará pela passarela com a coroa e o cetro. Há vezes em que acerto. Podem acreditar!

Bem, me desnudei mais uma vez, revelei meu lado Hyde televisivo. Me sinto mais aliviado. Confesso!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Um na estrada

O Globo publicou matéria sobre meu novo livro, editado pela Melhoramentos, Um na estrada. Se quiser ler, confira aqui:

http://oglobo.globo.com/megazine/mat/2011/09/19/um-na-estrada-quase-um-road-movie-925397398.asp

Livro novo é sempre sensação expectante: que trajetória trilhará? Será encantamento no coração de seus leitores? Ficarão meus personagens ecoando no dentro de quem os conhecer?

Escrever tem seu tanto de encantamento também. Cada vez que mergulho na escrita de um novo livro, cada vez que o vejo assim, pronto, sonho virado papel, vem o desejo de que ele seja lido e que, com sua leitura, eu possa existir mais e mais como escritor.

Fragmentos Literários 6

De Seda, de Alessandro Baricco, editora Rocco






"Fica assim, quero te olhar, te olhei tanto, mas não eras para mim, agora és para mim, não te aproximes, peço-te, fique como és, temos uma noite para nós e quero te olhar, nunca te vi assim, teu corpo para mim, tua pele, fecha os olhos e acaricia-te, peço-te," (pag. 92)

sábado, 20 de agosto de 2011

Meu pedaço de Porto

Apesar de alguns pesares, gosto de ter nascido em Porto Alegre, gosto de viver em Porto Alegre. Ela, embora cidade com ares de metrópole, ainda preserva um certo encanto provinciano. Há alguns bairros provincianos, que cheiram a passado (como aquele em que resido). Há algumas ruas ainda provincianas, de cavalos que pastam, de vizinhos que varem calçadas e conversam sobre a vida.
Há pessoas provincianas.
Mas de todos os cantos e recantos de Porto Alegre — não me perguntem o porquê desta escolha, talvez eu não soubesse racionalizar —, o que mais atrai meu olhar, meu sentir, é a Igreja das Dores. Sempre que passo por aquela parte mais antiga (ou histórica, como dizem alguns. Todavia, me pergunto se o resto do centro também não tem história, enfim.) me deixo encantar por aquelas escadaria brancas, encimadas pela fachada antiga, pelas torres que se alçam ao céu, feito dedos humanos a apontar para Deus.
Gosto de subir as escadas, gosto de caminhar entre os bancos, gosto de me perder em pensamentos diante do altar, diante daquelas imagens de santos ainda vestidos de veludo, ainda ornados com dourado. A Igreja das Dores é fascínio — sempre — ao meu olhar, que, ao vê-la, assume-se como estrangeiro, cioso de entendimento da atmosfera que me convida a ser parte daquele prédio, de sua história, de suas gentes.
E fico ali, meio imerso na fantasia, tentando descobrir alguma pista de que, de fato, o negro Josino andou por ali. Josino, um dos tantos escravos que auxiliou na construção da igreja e que foi enforcado diante dela, seus olhos talvez levando para sempre gravadas em si a imagem do prédio que ele mesmo ergueu. Dizem que acusado injustamente, as torres sendo prova visível de sua inocência.
Tudo é chamado: o que a igreja tem de real e o que ela suscita na fantasia que habita em mim, no meu desejo de desvendar as dobras que ocultam o sobrenatural.
Passar pela Andradas e não voltar os olhos para o templo no alto das escadas? Jamais. Minha Porto Alegre é a Porto Alegre do Gasômetro, da Redenção, do Marinha, do Guaíba, do Cais. É a Porto Alegre do Laçador também. Mas é muito mais, bem mais, a Porto da Igreja das Dores, que, vista do Guaíba, é a certeza de que uma aura de mistério a envolve. Sempre.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Um na estrada

A escrita de um livro, na maioria das vezes, desconhece a publicação. Lançar-se ao trabalho de dar vida a um personagem, de construir suas dores, sempre é mistério, pois a garantia de publicação, quando ele não é um pedido de uma editora, é apenas possibilidade. Quantos livros estão guardados em gavetas ou salvo em pastas de compuadores por esse mundão a fora? Assim, quando uma história encontra guarida em uma casa editorial, um dos motivos por que ela foi escrita — ir ao encontro de leitores — se realiza.


Pois esse mês recebi o Um na estrada, minha estreia individual na editora Melhoramentos.

Livro que surgiu de um encontro inusitado (e nunca mais repetido) com um jovem homônimo do meu personagem, que me encantou com sua visão whatever da vida: não trabalhava, julgava que jamais iria trabalhar, deixava-se aproveitar as oportunidades que a vida lhe dispunha, como, por exemplo, fazer um curso de desenho sem que jamais tivesse tal habilidade, sonho, desejo. A vida, pois, me apresentava ali, sem nenhuma máscara, um personagem fascinante. Personagem que pega a estrada, na tentativa de fugir da atmosfera familiar, que não lhe premia com coisa boas. Esse o meu Davi, esse o meu solitário na estrada.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

No Espírito Santo



Por vezes, a literatura nos põe na estrada (ou no ar).
Quinta, dia 04, estive em Vila Velha, no Espírito Santo, para conversar com meus leitores do Colégio São José. Momento bacana, descontraído, em que minhas palavras literárias foram ao encontro do coração de um bando de simpáticos adolescentes. A manhã foi de troca a partir da leitura de dois dos meus livros: Meu pai não mora mais aqui e As luas de Vindor (ed. Biruta). À noite, encontro com pais e professores sobre meu livro A formação do leitor literário em casa e na escola.
Entre tantas palavras, falei que, quando resolvi ser escritor, algo que me incomodava era a possibilidade de inexistência: livros publicados e não lidos, personagens mofando nas estantes. Hoje, esse temor não é mais. Sobretudo, quando tenho a oportunidade de perceber como minhas histórias ecoam no dentro de quem as lê.
Assim, só resta agradecer a quem permite que eu exista como escritor.

E, além de encontrar tanta gente bacana, ainda conheci lugares especiais, como o Convento da Penha. Lindo. Do alto, vê-se a cidade. Plena: prédios, carros, praias e pontes.






segunda-feira, 25 de julho de 2011

Fragmentos Literários 5

De Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol, Zahar.






"Alice estava começando a ficar muito cansada de estar sentada ao lado da irmã na ribanceira, e de não ter nada que fazer; espiara uma ou duas vezes o livro que estava lendo, mas não tinha figuras nem diálogos, e de que serve um livro, pensou Alice, sem figuras nem diálogos?" (p.13)

1ª Feira Literária de São Bernardo


No dia 13, estarei participando da 1ª Feira Literária de São Bernardo do Campo-SP, com convite da FNLIJ. Estar entre leitores é sempre alegria ímpar. Estar entre leitores e livros e escritores é melhor ainda!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Palavras 31




CORPO - Possibilidade maior de toque, pele na pele da tua pele, calor de teu corpo no meu.

sábado, 16 de julho de 2011

Segunda confissão

Confesso.
Sou réu-confesso, como já disse aqui. Aliás, a virtualidade tem seu tanto de confessionário. Mal nos colocamos diante do falso anonimato que um blog oferece e nos desejamos confessionais.
Pois confesso.
Confesso que estes dias cinza me têm cansado. Confesso que essa umidade de dias que choveram sobre mim, sobe a cidade, engolindo o pouquinho de sol que despertou ontem, tem me incomodado por demais.
A chuva, claro, tem seu tanto de recolhimento. Oferece-se para que fiquemos por casa, atirados ao ócio de fazer apenas o que nos convém, o que desejamos. Isso quando é possível. Na maioria das vezes, aprisionar-se em casa atrai obrigações.
A chuva por vezes me imobiliza, me prende entre as paredes de casa, quando meu desejo é embrenhar-me na vida.
Confesso que estou cansado de frio e de chuva, confesso que a previsão estampada no jornal de que minha primeira semana de férias será recheada de raios e de trovões não me encanta. Nada. Nem um pouco.
E pensar que já houve tempo que o frio me aconchegava. Hoje (estarei ficando velho?) ele é só incomodação.
Confesso.

Outras Palavras 25 - Charles Bukowski



Nunca escrevo de dia porque é como ir pelado a um supermercado – todos te podem ver. À noite é quando saem os truques da manga… E vem a magia.





REINAÇÕES 51



Definições II

No facebook, propus a série Definições. A ideia é, a partir de uma palavra, criar uma definição poética para a mesma. A palavra de Julho foi (como não podia ser diferente) INVERNO. E a definição vencedora foi a de REGINA PORTO:


Inverno é hibernar no interior: do lar, do bar, da alma.

Tantos barulhos

Ando poetando ruídos, sons, barulhos. Mergulhar nas palavras poéticas tem sido caminho de desafio para mim. Acertar a justa medida entre a reflexão sobre a vida e o brincar é algo que admiro por demais em alguns poetas. Acho a forja das palavras poéticas exercício mais árduo do escrever. E tem gente que o faz com tanta naturalidade, com tanta sensibilidade.
Eu quero ser aprendizagem poética.
Estou tentando.
Logo meus poemas se entregarão aos olhares infantis. Sou aguardo.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Palavras 30



MONTANHA - Se a vida é montanha, atingir o cume nem sempre é condição. Mais vale o caminho.

O meu retrato

Gosto de adaptações. Não aquelas que mutilam o original, não aquelas cujo adaptador quer reescrever o clássico. Gosto de textos que conversam com o texto-mãe, aqueles cujo adaptador pede a bênção ao autor e tenta ser ponte entre o original e o jovem.
O desejo de mergulhar em um clássico, percebendo seu potencial de atração ao público jovem contemporâneo sempre me seduziu. A primeira experiência (e dizem que a primeira jamais esquecemos) veio com Notre-Dame de Paris, do Victor Hugo. Texto gótico, com seu jogo de sensualidade, de dor, de abdicação, que sempre me atraiu pelo tanto de emoções que suscita entre os personagens e no leitor. Depois, ano passado, enveredei pela adaptação de um clássico para as crianças: Aladim e a lâmpada maravilhosa. E agora, não faz muito, minha adaptação para o clássico do Oscar Wilde, O retrato de Dorian Gray, se torna livro, se torna possibilidade de encontro com os jovens. A história do jovem Gray e o tanto de sobrenatural que o envolve é sedução plena. A tentativa de permanecer jovial e belo acaba por destruí-lo como gente. E se o retrato pereniza Dorian, quero mais é que minha versão possa também perenizar o clássico de Wilde no coração de muita gente que se inaugura na leitura de clássicos.












quinta-feira, 23 de junho de 2011

Definições

No facebook, lancei a série Definições. Lanço um termo e peço que meus amigos o definam. A melhor definição ganha um livro. Um livro meu, é claro. Abaixo, a primeira vencedora. O tema era Namorar é...

A Ana Cecília Romeu ganhou o livro com a seguinte definição: Namorar é na(morar) na alma do outro.

Encantamentos

Muitas andanças acabam por impedir que o tempo necessário seja para o tanto de palavras que me decidi a lançar: livros, aulas, palestras, site, blogs, facebook. O tudo vai tomando, e muitos sins acabam sendo dados, quando a sabedoria estaria em dizer não. Mas como viver quando o chamado para falar de leitura acaba sendo maior do que o desejo de ficar quietinho, apenas construindo mundos ficcionais? Sou aceite. Que mais poderia?
Lembro que, quando os primeiros sinais do desejo de ser escritor me tomava, sempre pensava em ser um escritor que existisse. E, para mim, autor e livro que existem são aqueles que são lidos, que são partilhados, que oferecem-se ao diálogo. E troca, diálogo sempre acabam por promover encantamentos.
Alguns encantamentos então nesse tempo de silêncio no blog:

1. Leitores: muitas feiras, muitas escolas, muitos municípios, e sempre uma pergunta querida, sempre um olhar de brilho diferente, sempre um beijo estalado na bochecha. Tudo dizendo uma coisa só: Gostei de você, gostei do seu livro. Escreve mais.

2. Dorian Gray: ando envolvido também com o universo das adaptações. Confesso que era desejo antigo, mas ao mesmo tempo desafio que metia medo. Adaptei "O corcunda de Notre-Dame", "Aladim e a lâmpada maravilhosa", e agora, quentinho nas livrarias, minha versão para "O Retrato de Dorian Gray". Adorei. Gosto de ser ponte entre o leitor e os clássicos. Peço a bênção para o autor e mergulho em seu universo, na vã tentativa de me apagar para que o o escritor possa não ser maculado.

3. Rio de Janeiro: estive lá não faz muito. Retorno difícil (vejam novela no facebook). Mas, sei lá, o Rio, digam o que quiserem, possui uma atmosfera diferente (creio que toda a cidade tenha lá seus cheiros, seus aromas, suas gentes, suas peculiaridades). Ver a cidade lá de cima do Pão de Açúcar foi coisa de fiar guardada pra sempre na memória.


sábado, 28 de maio de 2011

Recado de leitora

Professor!
Fui sua aluna na FAPA (se eu não recordo o ano, não vou pedir para que se lembre de mim ). Pois bem. Muito mais do que essa tentativa de reconhecimento, quero parabenizar-lhe pela maravilha que li nesta tarde. Minha escola, também por minha aprovação, escolheu Caio Riter como autor deste ano do nosso Projeto Fome de Ler.
Leciono em uma das unidades da Ulbra e, para este projeto, estamos selecionando obras suas para as turmas de Fundamental II e Médio. "O outro passo da dança" traz uma sutileza, uma maestria com a arte das palavras, a estrutura...
Fiquei profundamente tocada! Muito obrigada por este momento.
Grazieli Madeira Vieira

sábado, 14 de maio de 2011

Sobre a escrita 4

Não tenho nenhum ritual que me faça mergulhar no universo da escrita. Não sei se por ser capricorniano e ter nascido sobre o signo da racionalidade, não sei se por acreditar que o melhor caminho é planejar, não sei, o fato é que não acredito na ideia de que para escrever são necessários determinados rituais. Não preciso nem mesmo do tão apregoado isolamento. Necessito apenas, e tão somente, de um esquema norteador e de saber para onde vão meus personagens.

Palavra de professora

Quando se escreve, perde-se a noção de que caminhos nossas histórias trilharão até chegarem ao coração dos leitores. Assim, partilho as generosas palavras da professora mineira Inês, que recebi nesse sábado cinza.

Prezado Caio,
sou professora de língua portuguesa da rede pública de Minas Gerais.
Há três anos desenvolvo o projeto Confissões de um "Bixo Grillo", nesse projeto os alunos escreve em um diário.Uma aluna ao encontrar seu livro MEU PAI NÃO MORA MAIS AQUI, na biblioteca da escola onde leciono para alunos do primeiro ano do Ensino Médio, ficou encantada e fez-me ficar encantada também.Parabéns por saber falar a língua dos nossos jovens.Seu livro deixou-me muito contente com o o projeto Confissões de um "Bixo Grillo", afinal os diário de Leticia e de Tadeu mostraram-me que ser professora vale a pena.

Inês Gonzaga.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Palavras-presente

Escrever para crianças e para adolescentes sempre é possibilidade de boas surpresas, por vezes, sem nem esperarmos, recebemos presentes em forma de palavras via e-mail, como o da Gabriela, aluna do Colégio Anchieta, aqui de Porto Alegre, que leu meu livro "Viagem ao redor de Felipe" (Ed.Projeto). Valeu, Gabriela!

Caro Caio
Eu me chamo Gabriela e tenho 11 anos. Quero, desde pequena, ser uma escritora. Quando decidi isso, no alto dos meus seis anos (ou seja, assim que aprendi a ler e escrever), comecei a inventar mil histórias. Umas eram só de uma página, outras nem sequer tinham três parágrafos... Quando fiquei um pouco mais velha, lá pelos nove anos, eu conclui que todas as minhas histórias não tinham fim e eu não podia ser uma escritora. De fato, elas não tinham, mas o que eu não sabia era que eu precisava de uma boa ideia; assim, teria uma boa história. Então parei de escrever. Fiquei dos nove até os onze anos sem nem sequer pensar em ser escritora.
Então, no dia 15 de abril de 2011, uma sexta-feira, você foi dar uma palestra no Colégio Anchieta. Vários outros escritores já tinham feito isso, mas foi você quem me chamou mais atenção. Quando cheguei em casa, no mesmo dia, encantada com suas histórias, lembrei-me do meu antigo sonho e comecei a escrever. E esta história surgiu de uma ideia tão boa que teve fim. É um esboço de história por enquanto.
Já comecei a aperfeiçoá-la e está ficando boa. Então, eu queria agradecer do fundo do meu coração a você, Caio, que fez uma grande diferença para mim. Já que você fez uma coisa tão boa sem nem saber, achei que eu tinha a obrigação de te contar. Então, muito obrigada por tudo.

sábado, 16 de abril de 2011

Outras palavras 24: João Gilberto Noll


O que me move é a linguagem. Não são situações, não são enredos. Não me pergunte sobre o que será meu próximo livro, não tenho a menor ideia. O que me move realmente é a atividade da escrita.

A criatura do Realengo

Há poucos dias, a mídia explorou, com detalhes, o episódio do Realengo, que, creio, desnecessita de explicações. Todo mundo sabe do que falo. Tiros em local impróprio, demasiadamente impróprio. Afinal, mata-se em guerras; mata-se no trânsito; mata-se na esfera privada por diferentes motivos: amor, ódio, dinheiro; mata-se em festas. Enfim, a violência já é nossa consorte (ou amante) nesses dias tão tingidos de cinza. E de vermelho. O vermelho sangue de corpos inocentes, ceifados na flor da vida. O vermelho sangue também de uma criatura que na vida foi expoliada de seu primeiro direito: o de ser amado. Quem não é amado não sabe amar. Quem aprendeu a viver no medo da perda aprende a proporcionar perdas em nome sabe-se-lá-do-quê. E o lugar que deveria ser oásis, recanto, ninho transforma-se em cenário de barbárie. A sociedade se horroriza; a violência dá sua cara a tapa. E un tanto de gente se apavora. O mesmo tanto que aceita, feito boi dormindo no pasto, feito macaco que fecha olhos, ouvidos e boca, que tantas outras mortes ocorram, graças à fome, ao preconceito, à miséria. Afinal, os tiros no Realengo foram mesmo de pólvora. Porém, outros tiros tantos são disparados a todo o momento. E nós, na maioria das vezes, calamos diante da morte do sonho, da dignidade, da solidariedade. Criamos monstros, como o tal do Wellington. E, depois, nos apavoramos com seus atos. Somos tal qual o protagonista do clássico livro de Mary Shelley: Frankesteins cria a criatura e não se dá conta que é responsável por ela, que ela carece de carinho, de amor; que ela se sente só; que ela não pediu pra nascer. Uma vez monstro, portanto, dará ao ser criado a certeza de sua função no mundo: provocar monstruosidades. Só assim, talvez, o olhem. Mesmo que seja para dizerem que ele é um ser desprezível. O momento é de dor. O momento é de pensar quantos outros monstros, ainda, a sociedade irá gerar.

Sobre a escrita 3

"Tudo nasce de um tema, que se tranforma no conflito de um protagonista. A partir deste, a arquitetura do texto vai se construindo num jogo racional que pressupõe escolhas. Esse é meu modus operandis. Não acredito na escrita que jorra feito sangria desatada. Gosto de construir os canais por onde o sangue da minha ficção circulará." — Caio Riter

sábado, 9 de abril de 2011

A tarde do Pedro...

Livro, amigos, música e autógrafos. Troca de ideias, de afetos, de desejo pelas palavras. A tarde na Letras, entre sol e chuva, foi momento marcante em minha trajetória de escrita. Lançar livro novo sempre traz um tanto de ansiedade, talvez aquela que aperta o coração de todo aquele que resolve criar momento para encontro entre livro e leitores. Pois hoje, a tarde foi mesmo do Pedro Noite. Muita gente na Letras & Cia, muitos rostos carinhosos, muito rostos revistos e outros vistos pela primeira vez. Legal poder escrever paravras de dedicatória e entregar minha história, que, agora, deixa de ser apenas minha é começa sua trajetória ao encontro do coração dos leitores, a fim de criar seus caminhos, seus sonhos, suas reflexões. E, como é a primeira vez que publico uma narrativa-poética, fica a dúvida: saberei traçar essas possibilidades estéticas? Pedro Noite que ser festa, mas também quer promover reflexão. E que elas venham. Agora é esperar o que dirão aqueles que o lerem. A espera também tem seu tanto de ansiedade. O bom é saber que a tarde valeu!
Se quiser ver fotos da tarde, acesse: http://picasaweb.google.com/luisventurafotografia/CAIO#

quinta-feira, 7 de abril de 2011

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Pedro Noite terá sessão de autógrafos no dia 09/04

Pedro Noite no PublishNews

Biruta lança novo livro de Caio Riter PublishNews - 31/03/2011 - Por Redação Em Pedro noite (Biruta, 32 pp.) o escritor gaúcho Caio Riter conta, em forma de poesia, a história da infância de um amigo e aborda as questões de identidade e preconceito. Com ilustrações de Mateus Rios, o livro conta a história de Pedro, um garoto que ria de tudo. Desde pequeno seu pai o mandava apertar os lábios para ficar sempre bem fino. E o menino obedecia. Na parede da sua casa havia um retrato dele com o pai, com "o cabelo liso, todo ondulado, a pele nem tão escura, porém, quando olhava, meio de lado, o canto do olho é que via, no reflexo do vidro espelhado, um Pedro que não era o do desenho. Era negro. Era noite". O menino se perguntava por que o retrato na parede não mostrava o Pedro de verdade. Para ler as primeiras páginas de Pedro Noite, acesse: http://www.editorabiruta.com.br/detalhe.php?id=192

sexta-feira, 25 de março de 2011

Bethânia, Jorge, Poesia e Ira

A semana foi de ira. Melhor se tivesse sido de debate. Ira contra Maria Bethânia, ira contra Jorge Furtado, que, em seu blog, resolveu defender a cantora. Uns dizem que um blog que custe um milhão e trezentos mil reais é absurdo. Outros dizem que o valor á para captação, que esta inclusive pode não ser concretizada. Uns dizem que é um blog de POESIA!; outro dizem que é um blog de poesia??? (Bah!).
Na verdade, não são os argumentos que me incomodam. Apavora-me a raiva, a ira, que algumas pessoas aproveitam para extravasar quando ocorre algo que, de certa forma, lhes incomoda. A lei permite que um projeto como o do blog de Bethânia seja apresentado, ela o apresentou dentro da lei. A lei liberou os recursos, se ela conseguir captá-los o fará dentro da lei. Assim, quem está errado afinal: os idealizadores do blog ou a lei?
Falta, por vezes, racionalidade, tranquilidade na exposição ou problematização de tais questões. Logo, a vida pessoal dos envolvidos é atacada, sua história é vista como algo imutável, como se o fato de alguém nascer num lar de direita o obrigasse a ser também de direita. Ideias estão aí para serem mudadas. Por isso, estamos vivos, por isso, somos seres humanos.
Que ideias sejam discutidas, que posições sejam questionadas, porém que isso seja feito com lucidez e não com ataques pessoais.
Talvez a vida precise mesmo de blogs de poesia.
Quem sabe com uma atmosfera mais lírica envolvendo todos a vida não se torne mais amena, mais suportável!

Fragmentos Literários 4

De Homem no escuro, Paul Auster, Cia das Letras




"Peguei emprestado o carro do vizinho, dirigi até Nova Jersey e identifiquei o corpo para a polícia. O choque de ver Betty daquele jeito, tão imóvel, tão longe, tão terrivelmente, terrivelmente morta. Quando me perguntaram se eu queria que o hospital fizesse uma autópsia, respondi que não precisava. Só havia duas possibilidades. Ou seu corpo tinha parado de funcionar, ou Betty tinha tomado pílulas, e eu não queria saber a resposta, pois nenhuma das duas coisas contaria a história verdadeira." (pag. 82)

sexta-feira, 11 de março de 2011

Cinema, pipocas e refri

Não sei se envelheço (quer dizer, que envelheço, envelheço, afinal o tempo é implacável com todos), mas o fato é que não ando mais tão acomodado a situações que, outrora, embora me irritassem, não me indignavam como agora. Sei das modernidades, mas também sei (e acredito) na importância da tradição, na relevância de alguns rituais que, se não mantidos, tendem de fato a fazer as novas gerações acreditarem que tudo é permitido.
Há poucos dias, fui ao cinema. Hábito que me agrada por demais, mas que, cada vez que penso em exercitá-lo, me vem à mente o cheiro forte de pipocas, a chupada final de um enorme copo de refrigerante, as conversas paralelas ou explicativas sobre determinada cena. Cinema não é bar, não é restaurante, não é fastfood. Cinema é cinema. Espaço de integração entre espectador e filme, ambiente para que a imersão na magia da sétima arte, entrega. Se não assim, preferível é ficar em casa, confortavelmente acomodado no sofá, assistindo a um DVD. Não?
Houve um tempo, inclusive, que algumas salas, como as do Guion, não permitiam tais excessos. Lá, ia-se ao cinema para assistir-se ao filme. O papo e os comes ficavam para depois, em alguma mesa do café do próprio Guion ou em alguma outra das tantas espalhadas pelo Olaria.
Hoje não. Infelizmente, pode-se comprar pipocas lá, pode-se encher o ar de um cheiro forte de queijo derretido, pode-se interromper a atenção a uma cena graças a uma sugada de canudo no fundo do copo de refri.
E aqueles que, como eu, curtem o silêncio das salas de cinema ficam à mercê sei lá de quê.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Outras palavras 23: Moacyr Scliar

Às vezes faço anotações. Mas essa é uma fraqueza. É melhor não anotar nada. A idéia verdadeira persegue o escritor. Este, aliás, é um bom teste: não escrever de imediato. Se a idéia for boa, legítima, ela reaparece sempre. Não há como esquecê-la, como livrar-se dela. Porque, na verdade, não é tu que tens a ideia. A ideia é que te tem.

Sobre a escrita 2

"Duas questões norteiam meu escrever: o que contar? Como contar? Da resposta à segunda pergunta, creio, depende todo o bom texto." — Caio Riter

Novamente Pedro...

Recebo mensagem muito carinhosa da escritora Mabel Amorim sobre o meu Pedro Noite (Biruta). Bom sempre saber que histórias escritas, livros publicados encontram guarida em corações sensíveis. Seguem as palavras de Mabel:

Que coisa linda é Pedro Noite. Que sensibilidade a sua captar a história de Pedro e transformá-la em poesia. Que bonita é a descoberta de que a diferença é mais uma beleza a nos adornar. Minha filha caçula tem síndrome de Down e eu sempre a vejo com os olhos de vó Cida, que só enxergam alegria. Parabéns, amei!!
http://cafecomresenhas.blogspot.com/

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Crônica de Adeus

Finda-se o homem, sobrevivem as palavras. Não sei se isso é ou não alento. A vida tem lá seu prazo de validade, todavia, sabemos, alguns partem antes. Pelo menos essa é a sensação que fica. Pessoas-ponte, pessoas-palavra boa, deveriam ser (de verdade!) imortais, deveriam sempre estender seu olhar de abertura àqueles que desejam uma palavra de ânimo, um gesto de encontro.
Sempre acreditei que quem escreve deve ser mão estendida ao leitor. As histórias vertidas em papel não podem jamais ser prazer individual. Palavras escritas, viradas livro, têm que ter a capacidade de soar no ouvido do outro, de mexer nas entranhas do outro, de qualificar o outro. Palavra que gera riso e choro, gera agonia e alento, sofrimento e esperança, trabalho e prazer.
Poucos são, no entanto, aqueles escritores que, ao atingir um patamar de grande autor, com vasta obra, inúmeras traduções, diferentes premiações, seguem crendo que, antes de serem artistas, são gente. E gente anima, estende mão, gasta um tanto de seu tempo, sorri, troca ideias com quem quer que se aproxime e seja desejo de partilha. Às vezes no afã de aprender, outras vezes apenas para estar perto, para ouvir o que aquele tem a dizer.
Scliar era, antes de um grande autor, esse tipo de gente-gente.
Nos contatos que tive com ele, uma ou outra viagem, ele sempre era gente. A imortalidade não lhe trouxe estrelismo algum, não lhe fez ser pessoa esnobe, chata, pedante. Ao contrário. Acho que apenas mostrou-lhe que as conquistas vinham do tanto de humano que ele era, ou talvez nem isso. Talvez para ele (médico público) ser gente fosse condição obrigatória para quem desejasse lidar com gente, ou talvez a origem humilde, ou sabe-se lá quantos talvez.
O fato é um: a Literatura perde com a saída de cena de Moacyr Scliar, mas mais que a Literatura a vida perde um homem. Homem no sentido mais amplo que a noção de humanidade possa nos proporcionar.
Agora, ficam suas palavras, suas histórias. História que não optaram por um público específico. Escreveu para todos: crianças, adolescentes, adultos. Sabedor que aquele que conta histórias conta-as para o mundo, para todo mundo, e elas vão sempre encontrar lugar no coração de gente que ame as palavras. Como eu. Como talvez você que me lê.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Catálogo de Bolonha/2011

Meu livro As luas de Vindor, editado pela Biruta, foi selecionado pela FNLIJ para fazer parte do Catálogo de Bolonha, cuja publicação circulará pela Feira de Bolonha (Itália), espaço importante de divulgação do que melhor se faz em publicações destinada ao público infantojuvenil no mundo.
Minha alegria maior (e surpresa) é que — com a história de Olívia, uma jovem princesa adolescente que se vê, sem esperar, envolvida numa trama que remonta à sua própria origem — pela primeira vez enveredei pela seara da literatura fantástica, construindo um mundo paralelo ao nosso e regido pelas três grandes luas: Vindor. É lá que Olívia encontra Cefas e Vislo, e enfrentará Bizarra e seu exército de Descarnados.
Livro de demorada escrita. Livro em que não queria mergulhar apenas na aventura, mas também discutir questões existenciais. Livro diferente em minha tragétória de escrita. Livro que me proporciona essa alegria.

O início:
"No dia em que a vida de Olívia mudará sem que ela saiba, as três luas que iluminam manhãs e tardes em Vindor formam um triângulo, tingindo de tons de vermelho o céu. Um vento quente balança as árvores do jardim do palácio imperial e joga as folhas avermelhadas sobre o gramado: vasto tapete, que se estende até o labirinto de plátanos. É tarde de quase outono. Dia de calor. Dia de acontecimentos inesperados". (pag. 7)

A capa:

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Ainda Pedro Noite...

Em abril, lançarei, em sessão de autógrafos, meu mais recente livro: Pedro Noite. O texto é antigo, a edição novíssima. Pela primeira vez, enveredo pelo terreno da prosa-poética, contando a história de um menino negro como a noite. História nascida a partir de meu encontro com um grande cara, momento em que pude saber um pouco mais da infância do Pedro, agora meu personagem, sensivelmente traçado por Mateus Rios.



Pedro era garoto,
destes que de tudo ria,
menino pintado de noite,
olhos de estrela,
boca de lua crescente,
canção de pássaro entre os dentes.

Garoto Pedro era,
que desde o muito pequenino.
o lábio ia apertando
pra ficar no sempre bem fino.
Assim, mandava o pai,
assim fazia o menino.
E, nestas coisa de fazeção,
a vida é que vai mesmo no fazido.
(Pedro Noite. Editora Biruta: São Paulo, 2011)

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Oficina Literária

Há alguns anos, tenho ministrado Oficina Literária no Sintrajufe-RS. As inscrições são por semestre e, na Feira do Livro de PoA, há sessão de autógrafos de antologia que reúne os participantes das oficinas e os vencedores do Concurso Literário Mario Quintana, promovido pela Secretaria de Cultura do Sintrajufe e coordenado por mim.
Abaixo, datas e horários. Informações com Ana Paula ou Fabrine, através do fone: (51) 32351977

Módulo I - Conto
Dia da semana: segundas-feiras
Horário: 19h às 21h30min
Duração: 21 de março a 16 de maio

Módulo II - Miniconto
Dia da semana: segundas-feiras
Horário: 19h às 21h30min
Duração: 23 de maio a 18 de julho

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Sobre "Pedro Noite"

O bom de escrever (e publicar) um texto são as manifestações que eles por vezes suscitam. Minha primeira incursão pela narrativa-poética, com o Pedro Noite (Ed. Biruta), vez com que a escritora Alessandra Roscoe deixasse esse post no face para mim. Quero que seja partilha com quem mais andar por aqui.

"Caio, adorei o Pedro Noite! Será a próxima dica de leitura do blog e também do site da Biblioteca Nacional de Brasília. Achei de uma poesia arrebatadora, gostei de tudo, dos versos, da temática, das ilustrações, da textura do papel, dos cheiros, sabores e ritmos de uma África que vive em nós tão pulsante e inspiradora. Parabéns! E saiba que a aprovação foi geral aqui em casa! Meu trio de leitores críticos não anda fácil, aliás, quarteto, pois além das crianças, Orlando, o maridão, entrou na onda há um bom tempo!"

Ah, e em seu blog: http://contoscantoseencantos.blogspot.com, Alessandra deixou comentário como Dica de Leitura.
Valeu, Alessandra, meu carinho!

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Fragmento Literário 3

De O velho e o mar - Ernest Hemingway - Bertrand Brasil


"A camisa havia sido remendada tantas vezes que mais se assemelhava a uma vela, e os remendos, sob a ação do sol, tinham-se esbatido em diversos tons. A cabeça do velho era muito velha e, com os olhos fechados, não havia vida no seu rosto. Tinha o jornal estendido nos joelhos e o peso do braço impedia que a brisa da tarde o levasse. Estava descalço." (pag.23)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Gente Nova 15: Cristina Desouza

Cristina Desouza é carioca. Mas deixo que ela mesma se apresente: um dia me vi perdida nas noites de Phoenix. Ainda tento me achar até hoje, enquanto me deixo levar pela vida das ruas nesta cidade. Há um deserto a me consolar. Marrom tem vários matizes e estou aprendendo a pintar. Escrevo desde sempre, mas sou médica de profissão. Encontro-me em palavras, só para tornar a me perder nelas...
a fuga passa por mim
a minha espera
cansada me rendo
ouço a música
o vento
e de súbito
só resta
a terra

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Palavras 29


FÉRIAS - Tempo para a gente dar um tempo para a gente. Muitos há, todavia, que se envolvem com atividades mil. Talvez não tenham palavras para si mesmos.

Retratos de Caio 13

O olhar do leitor sobre o escritor sempre é tentativa, creio, de registro. Gosto quando professores desafiam seus alunos a imaginarem o Caio que irão encontrar. Já me retrataram negro, gordo, de bigode, de olhos de todas as cores, de cabelos compridos, enfim.
Abaixo, segue a visão do Elias, um adolescente que, a partir de um foto minha, me registrou em
grafite.

sábado, 22 de janeiro de 2011

Boas Notícias

2011 começa com duas boas notícias. Afinal, pra quem escreve, sempre é bom que seus livros possam estar cada vez mais junto aos leitores. Assim, são vários os projetos do governo que envolvem a aquisição de livros, visando à formação de leitores qualificados. Creio que tais projetos, de certa forma, fazem com que o livro possa virar necessidade vital. Só assim, só os livros se tornando necessários, é que se pode formar leitores críticos, criativos, imaginativos.


Por isso, fico muito feliz em sabeer que dois livros meus foram selecionados por programas de governos que creem que a leitura é gênero de primeira necessidade. Meu livro O outro passo da dança (Artes e Ofícios) foi selecionado para fazer parte do KIT-ESCOLAR de Contagem-SP, e O rapaz que não era de Liverpool (Edições SM)fará parte do programa MINHA BIBLIOTECA, da prefeitura de São Paulo.

E lá se vão meus personagens ao encontro de mais e mais leitores. E que o contato entre eles seja especial e produza bons frutos de leitura.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Pedro lendo...

Uma criança mergulhada em palavras é sempre certeza de que a magia do sonho se renova, de que aqueles que apregoam o fim dos livros, das narrativas, das histórias ainda terão muito que esperar. Eu creio nisso. Por isso, posto o mergulho do Pedro em meu livro O reino todo quadrado (Paulinas). Não é cena linda?

Sobre a escrita 1

"Quando escrevo, a razão estrutura a inspiração; o coração preenche os vazios." - Caio Riter

domingo, 16 de janeiro de 2011

Entrevista

Em 2007, a partir da percepção do pouco caso com que muitas vezes a Literatura Infantojuvenil é tratada pela mídia e por muitos promotores de cultura, eu e mais um grupo de amantes da LIJ fundamos a REINAÇÕES: Confraria da Leitura de Textos para Crianças e Adolescentes, que se reúne já há quase quatro anos (estamos semana que vem realizando o 45º encontro) para debater, conversar, falar sobre LIJ. Temos também um blog, onde muitos confrades deixam suas palavras sobre literatura, a fim de que possamos trocar mais e mais ideias, aprofundando ou revendo as que temos.Desta vez, o PALAVRA DE CONFRADE 15 é comigo. Deixei lá algumas impressões minhas sobre a confraria e sobre o fazer literário. Abaixo, a primeira resposta minha à pergunta-padrão da entrevista. Quem quiser ler a entrevista na íntegra, acesse o link: http://confrariareinacoes.blogspot.com/search/label/Palavra%20de%20Confrade

Palavra de Confrade 15:
1. Em que aspectos, na sua opinião, a literatura infantojuvenil reina?

Escrever para crianças e adolescentes é, caso nosso texto vá em direção aos seus corações, certeza de plantar semente em solo fértil. A literatura infantojuvenil, neste sentido, acaba sendo de fundamental importância na construção de pessoas que curtam ler. Assim, é ela que determina os alicerces do leitor, sendo pois senhora absoluta dos caminhos de muita gente que, graças à leitura de um bom texto em sua infância ou em sua adolescência, acabou tornando-se pessoa que não consegue viver apartada das palavras literárias. Há, claro, a necessidade também de não subestimar o leitor: quando a literatura infantojuvenil desperta prazeres estéticos, aí sim, ela reina.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Confissão de Porto-alegrense

Confesso!
Creio que blogs também são lugares que propiciam confissões. Públicas. Tipo aquelas que algumas criaturas (não sei bem por quê) fazem naqueles programas B televisivos. O cara não tem coragem de contar para a mãe que é gay, aí vai a um programa de auditório e revela. A mulher não tem coragem de contar ao marido que o trai periodicamente, aí, o que ela faz...
Bueno, vou confessar e espero que minhas palavras encontrem eco.
Pois, então, adoro Porto Alegre no verão. Ou. Não sou do tipo que fico querendo praia, mar, areia.
Não gosto de sol e de areia.
Não curto o calor queimando minha pele. Fico, feito sei lá o quê, me escondendo debaixo do guarda-sol, querendo o tanto do pouco de sombra que ele me oferece.
Gosto de estar com a família, gosto de caminhar sentindo a água nos pés. Disso gosto. De praia, não. Do cheio de gentes disputando espaço na areia, não.
Prefiro meu corpo branquinho, bem branquinho.
Prefiro os cinemas sem tantas gentes, os restaurantes sem tantas gentes, os parques sem tantas gentes, as ruas sem tantas gentes, Porto Alegre sem tantas gentes.
Pronto, agora sou réu-confesso!

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Pedro Noite

Início de ano sempre é tempo de reinícios. Um livro novo, editado, pronto para ser levado ao encontro dos leitores, é sempre também possibilidade de recomeço. Nunca sabemos qual a história que um livro irá escrever, quais as almas que ele vai conquistar, quais os sonhos que irá incitar, quais as consciências que irá problematizar. Um universo de dúvidas se cria para aquele
que o engendrou, motivado sabe-se lá por quê.

Um livro, no entanto, é sempre condição de soma.

Assim, quando novo livro meu está prestes a ultrapassar as fronteiras da edição e ganhar as estantes, cria-se em mim certa expectativa. Não que eu fique esperando algo além de meu texto ser lido por alguém (que é o motivo, afinal, pelo qual escrevo). Mas que a história pensada por mim possa ser carinho no coração do outro e que possa ir além, sempre além, ao encontro de mais e mais leitores.


Pois logo o Pedro Noite, livro escrito há muito, edição da Biruta, e que está belamente ilustrado pelo Mateus Rios, iniciará seu périplo. Ilustrações que recuperam, creio, o clássico das ilustrações infantis. Livro que é minha primeira incursão no universo da prosa-poética. Livro que nasceu de um encontro especial que tive em minha vida com um cara especial também, cheio de alegria pela vida, o Pedro Francisco.


Abaixo, apenas para criar desejo de leitura, a capa pensada pelo Mateus para o meu Pedro.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Palavras 28


SILÊNCIO - Se nada escrevo é porque nada há para ser escrito. Prefiro o silêncio às palavras vãs.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Adote um Escritor ganha prêmio

O V Prêmio Joaquim Felizardo, oferecido anualmente pela Secretaria de Cultura de Porto Alegre premiará, na categoria Literatura, o Projeto Adote um Escritor, que, numa parceria entre CRL e SMED, tem por objetivo fomentar o surgimento de mais leitores na cidade. Uma atividade que se estende por todas as escolas municipais e que, de fato, aproxima livro-escritor-leitor. Prêmio merecido, com certeza. A coordenação, na SMED, é de Cristina Rolim Wolffenbüttel, e na CRL, de Sônia Zanchetta. A elas, e a todos que de certa forma acreditam e contribuem com o Projeto, meus parabéns.

A premiação ocorrerá dia 18 de janeiro, às 20 horas e 30 minutos, no Teatro Renascença.



Nas fotos, eu participando de atividade do Adote na EM Campos do Cristal


Abaixo, para quem não conhce, algumas informações sobre o Programa de Leitura Adote um Escritor:
O Programa de Leitura Adote um Escritor objetiva articular a leitura e o trabalho transdisciplinar de obras literárias, constituindo-se na política de leitura da Secretaria Municipal de Educação. Destina-se às escolas da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre, incluindo Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, Educação Especial e Educação de Jovens e Adultos. O Programa conta com dotação orçamentária própria da Prefeitura de Porto Alegre, sendo a verba encaminhada diretamente às escolas, para que possam adquirir obras literárias que passam a compor suas bibliotecas escolares.Dentre as ações do Programa está aquisição de obras literárias de autores (escritores e/ou ilustradores) do Rio Grande do Sul e de todo o Brasil. Para o pleno desenvolvimento do Programa, a Smed mantém assessoria pedagógica constante às escolas, para que as mesmas apropriem-se amplamente da obra de um autor, o qual é escolhido coletivamente pela escola. Posteriormente, o autor realiza uma visita à escola, objetivando um contato mais próximo com toda comunidade escolar. Como complemento ao Programa, são realizadas visitas à Feira do Livro de Porto Alegre. A fim de potencializar o Programa, anualmente a Secretaria de Educação firma convênio com a Câmara Rio-Grandense do Livro, objetivando estabelecer parceria com os autores, viabilizando e articulando suas visitas às escolas. Em 2010 beneficiou diretamente 221.017 pessoas, incluindo estudantes, professores, familiares e autores. O Programa de Leitura Adote um Escritor já recebeu prêmios e menções nacionais e regionais, incluindo:
2006: Finalista Prêmio Fato Literário
2008: Finalista Prêmio Fato Literário
2010: 3º lugar no Concurso FNLIJ (Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil)/Petrobrás Os Melhores Programas de Incentivo à Leitura junto a Crianças e Jovens de todo o Brasil.

Quem dera ações como as do Adote possam se espalhar para além das fronteiras. De qualquer fronteira. Bom também poder ser escritor participante.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Outras Palavras 22: Jorge Amado


Viver é muito mais importante do que escrever. O que eu escrevo nasce da vida que eu vivo.(...) Cada livro, a meu ver, corresponde a um momento determinado da experiência de vida e da experiência literária do escritor.