terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Fragmento literário 2

De O Outro pé da sereia - Mia Couto - Cia das Letras





"Mwadia efabulou: a idade das girafas pode ser medida pelas cicatrizes no pescoço. São marcas de lutas de cortejo, despiques pela fêmea desejada. É assim que o amor se escreve na pele dos amantes. No caso do burriqueiro, porém, não era a caligrafia do amor. Era uma assinatura cega de quem escreve para nunca ser lido." - p. 27

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Gente Nova 14: Felipe Stefani

Felipe Stefani é poeta, artista plástico e fotógrafo. Nasceu em São Paulo em 1975. Tem poucas palavras sobre si mesmo, mas variadas formas de expressão. Já fez de tudo, até biologia, porém foi na arte que encontrou meios de se relacionar com o mundo.
Blog:
http://cultuar.blogspot.com/


I
O silêncio invade...
as rotas da indagação.

Existo?

E as flautas do mar recobram o olvido.

II
E eu que amava o sonho dos pássaros,
dizia às vozes imprevisíveis
que dormiam no mar:

“Como posso sonhar,
se a exatidão em que navegam as aves
é maior que a própria vida?”

E as sombras do silêncio repetiam:

“É preciso cantar para invadir o segredo".

domingo, 26 de dezembro de 2010

2010 a mil.

Muitas foram as feiras e os encontros com leitores que fizeram de meus dias de 2010 cheios de bons momentos. Creio que quem escreve aprecia tais possibilidades. Porque encontrar-se com aquele que nos lê, percebendo sua visão de nossos mundos ficcionais sempre é abertura e instigante desejo de mais e mais histórias. Andei por várias cidades do RS e também andei por outras fronteiras. Algumas experiências, com certeza, ficarão para sempre gravadas em minha memória de escrita. 2010 foi bom, muito bom. Tanto carinho trocado, tantas ideias partilhadas, tantos encontros de fato ocorridos. Bom também saber que em muitas escolas, em muitas cidades, apesar das tantas adversidades que a educação enfrenta hoje ainda existem pessoas desejosas de espalhar mais histórias ao mundo, levando livros e escritores mais perto de crianças e de jovens, a fim de que a semente da leitura possa germinar no coração de cada pessoa.
Pena que muitos não enviem fotos dos eventos. Mas, alguns, como a professora Cristina Lemos, de São Leopoldo, lembram de nos mandar amostras de seus projetos. Abaixo, o link do blog que a Cris desenvolve com seus alunos. Lá há uns vídeos sobre meus livros. Valeu, Cris

http://setimahohendorff.blogspot.com/

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Caio Cronista 10: Livros são ponte.

Na imagem, apenas o que restou de uma biblioteca atacada pela selvageria da guerra. E, nela, três homens. Postura que destoa do que os rodeia: destroços, destruição, violência. Como se estivessem em um templo, celebram os livros que sobreviveram à barbárie: um lê um livro alheio a tudo, mergulhado, quem sabe, nas aventuras por algum mundo ideal (ou não...); outro percorre o olhar pelas estantes, talvez, à procura de um título que de sentido ao sem-sentido da experiência vivida; o terceiro retira um livro da estante, já certo da leitura escolhida. Em comum, o cenário devastado, em comum, o desejo de mergulho na leitura.
Esta foto me faz pensar num grupo de quixote que, há 44 meses, acreditaram ser possível um manter pessoas reunidas em torno da leitura e, então, criaram a Reinações: Confraria da Leitura. Não importa se chuva, sol ou vento, os encontros sempre repleto de ideias, de emoções, de diálogo e discussão sobre tantos e tantos mundos inventados através da palavra. Nada mais os une além do desejo mesmo (e não pequeno) de pensar a existência a partir do encontro com o objeto artístico capacitador de voos e de fantasia: o livro. Ele mesmo com seu poder de deleitar, de nos levar à reflexão, de nos transformar.
Difícil crer, por vezes, que no século em que se apregoa o fim do livro, a necessidade do imediatismo, a leitura descartável e utilitária, que pessoas sejam capazes de saírem do óbvio e criarem possibilidades de troca. E essa ocorrendo através da magia que apenas um livro pode provocar, em seu tanto de prazer (ou de ódio) estético.
Ler, creio, estende pontes. Sempre. E não importa para onde. Ponte ao encontro do outro; pontes ao encontro do sonho; pontes ao encontro de nós mesmos. Pontes, sempre pontes.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Retratos de Caio 12

Descubro em uma gavetas dois retratos meus feitos acho que em 2009. Um feito por um aluno, o Matheus, enquanto eu tentava ensinar a eles as regras da concordância. Pelo visto, a aula estava muito legal. Tanto que ele se envolveu com a tarefa de retratar o professor. Creio que é o único retrato de perfil dessa série.


O segundo foi feito pela Carolina, minha filha. Retrato do pai com direito à declaração de amor para a mãe. Filhos são sempre elos.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Palavras 27

LIVRO - Entre as estantes de uma biblioteca qualquer, de uma livraria qualquer ou, até, escondido dentro de uma gaveta na qual julgávamos jamais achar tesouro, um livro. Ele: inteiro, capaz, possibilitador. E o real, por mais cinza que estiver, assume a cor de nosso maior (e melhor) sonho.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Leituras e possibilidades

Por vezes, nesse nosso andar por escolas, feiras e etc, encontramos pessoas que se encantam com a leitura e que fazem com que, mais do que mero encantamento, a leitura possa ser semente de transformação, possa ir, cada vez mais ao encontro de leitores. Esse ano foi de muitas realizações literárias, não só ocasião para surgimento de livros novos, mas sobretudo para encontros. Encontros, a maioria deles, significativos; encontros que me propiciaram existir mais como escritor, visto que minhas histórias e meus personagens passaram a viver no coração de muitos jovens e crianças. Grato a projetos vencedores, como o Livro Lido (Cachoeirinha), ao LeituAção (São Leopoldo), ao Fome de Ler (Guaíba/Canoas), ao Adote um Escritor (PoA), ao Passaporte da Leitura (Caxias), ao Conversando com o escritor (Guaíba), ao Lendo pra Valer, ao Autor Presente, ao Divulga Leitura, sem falar nas tantas secretarias de cultura e de educação que não veem suas feiras de livro como espaço para evento gradioso que enche praça, mas que nada reverte na formação da cidadania, via reflexão e fantasia. Ler é viver, ler é tornar-se. E se torna, não apenas aquele que descobre as palavras, mas aquele que as inventa também.
Assim, legal quando, apesar de não ter nenhum órgão ou instituição por trás, surgem alguns professores que ampliam, apenas pelo desejo de formar mais leitores, o universo literário de pequenos e pequenas. Assim, a título de exemplo, pois sei que muita coisa linda tem sido feita aqui no Sul em matéria de leitura, divulgo o blog da professora Marisa Steffen, que divulga os caminhos de leitura seus e de seus alunos. A ela, dei uma entrevista que pode ser acessada no link abaixo: