Não sei se envelheço (quer dizer, que envelheço, envelheço, afinal o tempo é implacável com todos), mas o fato é que não ando mais tão acomodado a situações que, outrora, embora me irritassem, não me indignavam como agora. Sei das modernidades, mas também sei (e acredito) na importância da tradição, na relevância de alguns rituais que, se não mantidos, tendem de fato a fazer as novas gerações acreditarem que tudo é permitido.
Há poucos dias, fui ao cinema. Hábito que me agrada por demais, mas que, cada vez que penso em exercitá-lo, me vem à mente o cheiro forte de pipocas, a chupada final de um enorme copo de refrigerante, as conversas paralelas ou explicativas sobre determinada cena. Cinema não é bar, não é restaurante, não é fastfood. Cinema é cinema. Espaço de integração entre espectador e filme, ambiente para que a imersão na magia da sétima arte, entrega. Se não assim, preferível é ficar em casa, confortavelmente acomodado no sofá, assistindo a um DVD. Não?
Houve um tempo, inclusive, que algumas salas, como as do Guion, não permitiam tais excessos. Lá, ia-se ao cinema para assistir-se ao filme. O papo e os comes ficavam para depois, em alguma mesa do café do próprio Guion ou em alguma outra das tantas espalhadas pelo Olaria.
Hoje não. Infelizmente, pode-se comprar pipocas lá, pode-se encher o ar de um cheiro forte de queijo derretido, pode-se interromper a atenção a uma cena graças a uma sugada de canudo no fundo do copo de refri.
E aqueles que, como eu, curtem o silêncio das salas de cinema ficam à mercê sei lá de quê.
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