Sr. Prefeito
Marchezan, sr. Secretário de Educação Adriano de Brito, senhores vereadores que
disseram não ao Programa de Leitura Adote um Escritor,
Qual
foi o último livro que vocês leram? Que livros vocês têm nas estantes de suas
casas? Que leituras marcaram suas infâncias, suas adolescências? Que
importância tem a leitura em suas vidas? Aliás, vocês já pensaram sobre a
importância dela?
Pois
quero lhes dizer que no dia 11 deste mês participei, na Emef Morro da Cruz, de
mais uma edição do Programa de Leitura Adote um Escritor. Talvez o que um
escritor faça ou deixe de fazer não seja importante para os senhores, homens e
mulheres tão ocupados em definir os rumos de nossa cidade. Todavia, gostaria de
lhes dizer que, mal cruzei o portão da escola, fui acolhido com a música de
vozes infantis dizendo: “Ele chegou, ele chegou”, seguida da repetição de meu
nome e de palmas, de abraços, de sorrisos. As crianças eram plena expectativa.
Com tal recepção, fui convidado para partilhar um universo mágico suscitado por
meus livros e concebido pelo empenho e pela animação (apesar dos dissabores
pelos quais a educação municipal tem passado) de professores e de professoras
que acreditam na literatura como chave para abrir as portas da cidadania e do
sonho. Sonho? Poderão os senhores estar se perguntando. Ora, sonhos! E lhes
repito: Sonhos, sim. Muitos e necessários. Sonhos e aprendizagens, sonhos e
saberes, sonhos e mergulho na magia das palavras.
Participei
de bate-papos, de trocas de ideias e de alegrias, da experimentação do “Túnel
das sensações”. Houve apresentação musical, trabalhos que desenvolveram
diferentes habilidades, chá literário no interior da biblioteca.
A
Emef Morro da Cruz, numa quente tarde de segunda-feira, senhores e senhoras,
aqueceu mais ainda pequenos corações com a chama da leitura: aquela que abre os
olhos para o outro, que fortalece o desenvolvimento cognitivo, social,
emocional. Por isso, desentendo que alguns vereadores, amparados sabe-se lá por
qual orientação, tenham votado contra o Adote um Escritor, negando o
investimento de verbas neste programa tradicional e recentemente premiado.
Programa que tanto tem feito pela construção de leitores em nossa cidade.
Senhor
prefeito, senhor secretário, senhores vereadores, de fato os tempos se tornam difíceis,
quando percebemos que o poder público menospreza a educação, a cultura, a
leitura. O Adote um escritor é projeto vencedor, é modelo para tantos outros
que foram implementados em outros municípios e seguem recebendo investimento
significativo. Assim, se vossas senhorias estão descrentes em relação ao que
escrevo, peço que conversem com alunos, com professores, com outros escritores
e fiquem abertos à alegria que estampa o olhar de quem vive o Adote. E, caso
não acreditem no que escutam (Ah, a descrença tem mesmo tomado muitos
corações), peço que visitem uma escola (qualquer uma que participe do Adote), peço
que assistam às atividades; sejam São Tomé: seus olhos não mentirão. Aí, aí sim
será possível crer que o Adote um Escritor não será jamais programa de leitura
que necessite brigar pelo direito de seguir existindo. Atenciosamente, Caio
Riter.
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