Palavras são sempre desejo pulsante no coração de quem escreve, de quem almeja tatuar na superfície branca da página alguma história, alguma reflexão, algum poema. Para ser escritor, duas ferramentas são extremamente necessárias: a inspiração (a sensibilidade de olhar para a vida e tirar dela motivos para a escrita) e a técnica (a capacidade de usar o conhecimento teórico sobre o texto a favor da própria escrita). O poeta Mario Quintana, certa vez, disse que escrever é 10% inspiração e 90% transpiração. Compactuo com ele, não consigo perceber o ato da escrita como atividade ingênua, descomprometida com o próprio labor. Não que este deva ser uma camisa-de-força, mas um norte a orientar caminhos a fim de que o produto da escrita seja algo que valha a pena, que converse com outros textos, que se insira na cultura pelo que tem de marca original.
A transpiração citada pelo poeta brota do trabalho, da labuta com as palavras, da briga pela frase mais adequada. Tal trabalho, no entanto, é atitude constante, que, por vezes, com o tato de histórias criadas, passa a ser mais tranquilo, menos penoso.
Escrever é, assim, um prazer, mas também árdua construção. Não apenas do texto. Do próprio escritor que, ao fazer, vai também fazendo-se.
Nasce uma história, um poema. Nascem dois, três. Outros e mais alguns. Todos exigindo paciência, carinho nas palavras, escolhas, sustos, alegrias.
Escrever é, assim, responder a duas básicas perguntas: o que contar? Como contar? Dessa fórmula, brota o texto e suas possibilidades de ir ao encontro do leitor. Afinal, é para isso mesmo que textos são escritos. Para serem ponte, elo, conexão com aqueles que mergulham em mundo criados por outros a fim de melhor entenderem o mundo e melhor se entenderem. Daí, creio, a necessidade dos livros. Daí, creio a premência de muitos escritores em desejarem ver seus poemas e suas histórias virados livros. Isso sempre é possibilidade de voo livre ao encontro do coração do outro.
Escrevemos não para não morrermos, como acreditam alguns. Escrevemos, tenho certeza, para dar vida à vida, para criar novos mundo dentro do nosso próprio mundo. Escrevemos por que estamos vivos, e a vida necessita da palavra.
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Um comentário:
Legal, Caio! Belo texto. Se não te importas vou usar na minha oficina. Abração.
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