sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Barbárie

Um jovem foi assassinado barbaramente.
Era pobre, era negro, era gay.
Era, com certeza, cheio de planos. Talvez visse o futuro, como a grande maioria dos jovens vê: como algo promissor. Talvez sonhasse com um mundo mais humano. Talvez fosse idealista (jovens são idealistas). Talvez acreditasse em uma sociedade fraterna, mesmo vendo diariamente nas ruas ou na mídia exemplos de egoísmo.
E este jovem foi barbaramente assassinado.
Talvez por ser pobre, talvez por ser negro, talvez por ser gay.
Na hora da morte, talvez tenha visto seus sonhos despedaçados, talvez tenha chorado, gritado, tentado alguma reação, algum pedido de socorro, que não foi ouvido. Nas casas, todos dormiam o tranquilo sono dos justos. Na rua, um jovem brasileiro tinha os dentes arrancados, tinha o corpo torturado, tinha a vida assassinada.
E, cada vez que um crime brutal destes ocorre, sinto que nos amordaçamos, sinto que a sociedade cala, mais preocupados que estamos em nos proteger atrás de nossas cercas elétricas. Porém, outros jovens estão sonhando. Brancos, negros, índios, gays ou héteros, pobres ou ricos, eles trazem em si a alma repleta de sonhos. Sonhos que não podem ser destruídos em nome de uma moral excludente, violenta, suja.
Quero (ah, como quero) saber que minhas filhas poderão andar pelas ruas livres de qualquer perigo, independente das escolhas que façam ou daquilo que são. Quero uma sociedade que não cale diante da barbárie. Quero que a juventude possa sempre crer na possibilidade de renovação.
Quero que jovens não mais sejam barbaramente assassinados.

Quero o óbvio. Quero o clichê, por mais clichê que possa ser desejar respeito, liberdade, paz.

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