Um jovem foi assassinado barbaramente.
Era pobre, era negro, era gay.
Era, com certeza, cheio de
planos. Talvez visse o futuro, como a grande maioria dos jovens vê: como algo
promissor. Talvez sonhasse com um mundo mais humano. Talvez fosse idealista
(jovens são idealistas). Talvez acreditasse em uma sociedade fraterna, mesmo
vendo diariamente nas ruas ou na mídia exemplos de egoísmo.
E este jovem foi barbaramente assassinado.
Talvez por ser pobre, talvez por
ser negro, talvez por ser gay.
Na hora da morte, talvez tenha
visto seus sonhos despedaçados, talvez tenha chorado, gritado, tentado alguma
reação, algum pedido de socorro, que não foi ouvido. Nas casas, todos dormiam o
tranquilo sono dos justos. Na rua, um jovem brasileiro tinha os dentes
arrancados, tinha o corpo torturado, tinha a vida assassinada.
E, cada vez que um crime brutal
destes ocorre, sinto que nos amordaçamos, sinto que a sociedade cala, mais
preocupados que estamos em nos proteger atrás de nossas cercas elétricas.
Porém, outros jovens estão sonhando. Brancos, negros, índios, gays ou héteros,
pobres ou ricos, eles trazem em si a alma repleta de sonhos. Sonhos que não
podem ser destruídos em nome de uma moral excludente, violenta, suja.
Quero (ah, como quero) saber que
minhas filhas poderão andar pelas ruas livres de qualquer perigo, independente
das escolhas que façam ou daquilo que são. Quero uma sociedade que não cale
diante da barbárie. Quero que a juventude possa sempre crer na possibilidade de
renovação.
Quero que jovens não mais sejam
barbaramente assassinados.
Quero o óbvio. Quero o clichê,
por mais clichê que possa ser desejar respeito, liberdade, paz.
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