quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Fábula: O Morcego e a Coruja

O Morcego e a Coruja

O Morcego andava descontente. Outrora, ele podia voar pela floresta tranquilamente, gozando de todas as benesses que aqueles que comungam do poder possuem. O morcego era amigo do rei. E assim sendo podia sugar o sangue de quem bem lhe apetecesse. 

Todavia, após disputa acirrada com o Leão, o sempre eterno rei da floresta, que perdeu o posto, pois o povo andava descontente de apenas os bichos mais fortes e poderosos terem regalias e direitos, a Coruja assumiu o trono. E, nem bem, pegou o cetro, decidiu que direitos deveriam ser divididos, assim como deveres. É claro que alguns bichos grandes concordaram, viram naquela postura uma forma de construírem novas relações na floresta. Agora, todos poderiam ter possibilidades semelhantes para desfrutarem de direitos semelhantes, como, por exemplo, beber a água límpida na fonte do rio e não apenas a poluída.
Mas o Morcego, ah, o Morcego, andava descontente. Uniu-se, então, a outros tantos morcegos e a serpentes, a escavarelhos, a escorpiões e aranhas. Não era justo dividir o que sempre fora deles. E, munidos de gritos de ódio, invadiram os caminhos da floresta. Urravam, berravam, zombavam da Coruja e de todos os outros que a apoiavam. Queriam o fim daquela forma de governar. Porém, ardilosamente, diziam defender a liberdade de todos, mentiam vestir as cores da esperança. Diziam que a Coruja impedia a ordem outrora tão tranquila, melhor que abandonasse o poder, que o ideal era que o Morcego reinasse.
E alguns bichos tolos começaram a seguir os manifestantes. Todos esquecidos daquele tempo em que o Leão governava. Alguns inclusive, em meio à balbúrdia, nem percebiam que gritavam contra direitos que outrora nunca haviam tido.
E foi assim que o ardiloso Morcego retomou o poder. Para infelicidade de toda a floresta.
Moral da História 1: O passado jamais pode ser esquecido.

Moral da História 2: Quem segue serpentes corre o risco de morrer envenenado.

2 comentários:

Unknown disse...

E hoje os morcegos colocaram novamente o leão no poder. pobre de mim a formiga.

Ewelin disse...

Totalmente adequada a esse momento que vivemos...