E me inauguro poeta para a madureza. Não que haja poesia para esta ou para aquela idade, creio que a palavra poética nos toca ou não nos toca. A literatura, sempre defendo, precisa ser filtrada pelo viés da emoção. Não a emoção imediata, aquela que só diz respeito à vivência ou à experiência daquele que a torna palavra. Não, a palavra poética precisa ter a tal dose de fingimento proposta por Pessoa: finge-se uma dor que, deveras, é sentida.
Difícil arte, sem dúvida.
Foto: Graziella Comelli
Sempre admirei os grandes poetas, aqueles que conseguem fazer do um o vário, aquele que consegue transcender sua dor e senti-la acolhida na dor do outro. A poesia necessita de saberes, expressa saberes, não aqueles sólidos, feito pedra, mas os líquidos, que se infiltram nas frestas de nós e nos contaminam, e nos irrigam, e nos lavam, e nos imaculam.
Água e poesia buscam dizeres em mim.
Não sei se os executo com a forma e o sentimento com que os poetas concedem às suas palavras, não sei. Mas tento. E, por uma série de casualidades, e por alguns desejos, não meus, mas meus também, minha poesia ganha a rua, na edição do Lucas Krueger, para a Artes e Ecos.
Agora é ser aguardo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário