sexta-feira, 9 de abril de 2010

Troca de ideias no blog da Aeilij Paulista

A escritora Regina Sormani, responsável pelo blog da Aeilij Paulista (confiram o blog, sempre tem assuntos e ideias interessantes para serem pensadas, trocadas, questionadas: http://aeilijpaulista.blogspot.com/) convidou a escritora (e minha amiga) Márcia Leite, que por sua vez me convidou) para trocarmos ideias sobre a escrita e sobre nossas vivências de escritores no Vice-Versa deste mês. Lá, eu e Márcia, falamos sobre leitura, sobre escrita, sobre tabus em relação à literatura juvenil, sobre o poder de salvação da leitura, sobre inspiração, enfim, assunto não faltou, apesar de serem poucas as perguntas. Abaixo, posto uma mesma pergunta que ambos respondemos um para o outro, visto que em 2008 lançamos uma coleção Historinhas Bem..., pela Escala Educacional, projeto feito meio a quatro mãos. Se você ficar com gosto de quero mais e quiser ler as entrevistas na íntegra, visite o blog. O endereço está logo ali em cima.

Márcia Leite pergunta, eu respondo:


— Escrevemos uma coleção (“Historinhas bem...”) à distância e a quatro mãos. Para mim foi um grande desafio durante todo o processo. Como foi essa vivência para você?
Com certeza, grande desafio. Produzir uma coleção que previa duas histórias em cada livro, ambas com o mesmo tema, apenas com o diferencial de dois olhares distintos: um feminino (o seu); outro masculino (o meu), e não ser repetitivo (visto que todas as histórias deveriam ter um narrador em 1ª pessoa) foi tarefa árdua. Todavia, prazerosa. Escrever tem sempre, acho, esta aura de desafio: será que daremos conta da história que nos vai por dentro? Será que as palavras escolhidas darão conta daquilo que desejamos escrever?Confesso que quando recebi o convite, fiquei entre temeroso e atiçado. Era algo novo. Era algo a ser feito em parceria, mas não explicitamente a quatro mãos. Afinal, as escritas foram isoladas, cada um de nós tendo as premissas para a escrita, mas sem qualquer contato com a história que o outro estava produzindo. Uma sintonia mais de ideias, mais de perceber os caminhos possíveis de escrita, a fim de respeitar a criatividade sua e do outro. E isso tudo sem qualquer troca de palavras do tipo: bah, como tá a tua história? Experiência única até agora. Mas que, se possível, pretendo repetir.

Eu pergunto, Márcia Leite responde:


— Escrevemos juntos a coleção Historinhas Bem... E, como você mesma disse, foi um grande desafio produzir um texto à distância e a quatro mãos. Assim, repito a pergunta: como foi tal experiência pra você?
Fizemos uma estranha e fecunda parceria, não é mesmo? A partir de uma consigna bem limitada (tema e foco narrativo em 1ª pessoa) conseguimos fazer milagres. Meu grande desafio foi me libertar do seu fantasma, ou seja, tentar ignorar que você também estava escrevendo uma história para o mesmo livro, com um personagem que vivenciaria situações que poderiam ser semelhantes ou totalmente distintas das que eu estava construindo. Por que, se eu me deixava contaminar pelo seu fantasma, corria o risco de travar. O fato de não nos comunicarmos enquanto escrevíamos foi uma estratégia que facilitou esse descolamento. A troca só de dava quando o texto estava concluído e deixamos para nosso editor a incumbência de nos orientar. Claro que poderíamos palpitar no texto do outro se quiséssemos, mas houve uma espécie de acordo não dito que nos levou ao mesmo procedimento: os livros teriam a impressão digital dos autores em suas histórias. Assim fui perdendo o medo do fantasma do Caio Riter e a coisa deslanchou.Outro desafio, para mim, não sei se para você também, foi o de tentar. trabalhar de um jeito divertido e simples com emoções muito verdadeiras, muito sérias e por isso muito humanas.Foi uma experiência e tanto, e espero que possamos repetir outras tão prazerosas e desafiantes como essa.

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