quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Caio e os escritores: encontro com Mia

Há, creio, uma aura que aproxima leitor e escritor. Pelo menos comigo é assim. Há autores cuja escrita é sempre convite, há autores cujas palavras se tornam necessidade de encontro, há autores que fico desejando conhecer. Porém, em certos momentos, a escrita não condiz com a pessoa e a decepção pode ser motivo de afastamento, dizem alguns. Eu sempre quero acreditar que não. Pelo menos não com os autores de que gosto.
Pois novembro me brindou com um encontro inesperado.


Quando soube que o autor moçambicano Mia Couto estaria em Porto Alegre, na Feira do Livro, pensei que, com certeza, iria ouvi-lo falar. Afinal, a estética de sua escrita, os mundo urdidos por ele são de fascínio aprisionante. Uma vez degustado, o desejo de quero mais se faz presente. Assim, é bom. Assim, é que a literatura de alguém se prende em nós, se tatua em nossa alma. Pois a promessa de encontro com Mia foi além de um mero assistir a uma palestra. Abro e-mail e a querida Cleonice Bourcheid, poeta que encanta, me convida para um jantar em que receberia Mia Couto.
Meu aceite, é óbvio, não demorou mais que o tempo para digitar a resposta.
E no dia 10, lá estava eu, de longe, observando o escritor de tantas palavras desacomodadoras. E a aproximação provável se deu; e as palavras foram trocadas; e o mergulho em nossas arquiteturas literárias foram trocadas (eu aproveitando para saber os caminhos de Mia em sua criação); e um livro foi autografado; e o pedido de que eu autografasse um meu para ele também. Tudo momento de entendimento e de confirmação de que, por trás do escritor incensado pela mídia e pela academia, existe um homem. Um homem humano. Nada de vaidade ou de estrelismo. Ele mesmo afirmando que tudo o que tem para dizer está nos seus livros; eles é que valem.
Gostei de ter estado com Mia Couto. Gostei do homem, assim como gosto do escritor. E isso foi bom.

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