Há sempre uma sombra a sussurrar convites nos ouvidos de nossos filhos. Sempre.
Na maioria das vezes, ela faz convites para a vida: um passeio com amigos, um final de semana na praia, um beijo na boca, um encontro de corações, um desejo de afeto, um despencar de montanha-russa, uma noite em alguma casa noturna. Outras vezes, essa sombra pode estender tentáculos para o sempre. E, então, aqueles seres feitos de amor, aqueles a quem demos a vida, são enredados pelo acaso e partem para o nunca mais.
O que fica é a lembrança do vivido: os abraços e os beijos dados, a emoção partilhada, as palavras trocadas, o afeto desmedido.
Quando um filho parte para o outro lado, aquele lado que, muitas vezes, fingimos inexistir, a dor é de partir a alma, de arrebentar o coração.
Quando esse filho é ceifado no auge da vida, no topo da juventude, tantos sonhos ainda por construir, a dor torna-se punhal cravado para sempre bem no dentro do coração.
Quando esse mesmo filho preparou-se para uma festa, sorriu diante do espelho, escolheu sua melhor roupa e acreditou que saía ao encontro da diversão, da alegria, da vida, a dor vira ferida que não fechará jamais.
Quando esse mesmo filho preparou-se para uma festa, sorriu diante do espelho, escolheu sua melhor roupa e acreditou que saía ao encontro da diversão, da alegria, da vida, a dor vira ferida que não fechará jamais.
Penso nessas dores.
Penso nas dores paternas e maternas.
Penso nas dores. E elas são muitas. E se tornam uma só. A maior: a dor da ausência de quem foi sonho, de quem foi presença, de quem foi desejo de existir.
Ficam os pais, esses seres agora incompletos, rotos, tortos, repletos de vazio.
Penso nos pais e nas mães.
E, mergulhado no meu maior egoísmo, desejo jamais sentir tamanha dor.
Um comentário:
Choro junto com voce, choro pelos jovens e choro pelos pais. E compartilho do mesmo egoismo que voce.
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