domingo, 22 de setembro de 2013

Fábulas facebookianas

              Motivado pelos comentários que tenho lido no Face, acabei dando voz a alguns sentires em forma de fábulas. Chamei-as de fabuletas, pelo tanto de imitação das famosas formas simples eternizadas por Fedro, depois por Esopo, a que elas se propõem. Nelas, os autores faziam reflexões sobre virtudes e vícios humanos. Momento para, de forma exemplar, fazendo uso de personificações, condenar certos comportamentos. Ou, pelo menos, propor reflexões sobre eles. É o que tento com estas minhas fabuletas.

O urubu e as formigas

Pois foi assim: um pássaro machucado caiu bem próximo do formigueiro. Fez-se então uma assembleia: algumas formigas achavam que precisavam auxiliar o pássaro, afinal ele tanto cantava para animar o trabalho delas; já outras acreditavam que teriam alimento em abundância, caso o deixassem morrer. O urubu que a tudo assistia do alto, pousou em galho próximo e defendeu a segunda posição: o inverno sempre é longo, o pássaro estava pertinho, economizaria um tanto de trabalho, com certeza. Sugeriu ainda que elas mesmas poderiam matá-lo. Aguardar que ele morresse de fome, poderia deixá-lo mais magrinho e demandaria tempo. A lábia do Urubu foi tão convincente que lá se foram as formigas a matar o pássaro. Depois que ele estava morto, o urubu veio, enxotou as formigas dali e, em alto e bom som, disse: "Saiam pra lá. A carniça é minha". E apossou-se do corpo do pássaro. As formigas? Tontas, ficaram olhando. E só. Nem música teriam mais.

A serpente e a andorinha

A serpente vinha rastejando, se espichando, toda veloz, toda silenciosa. Enroscou-se na árvore, foi subindo até o ninho da andorinha. Toda sorridente, voz delicada, sonora, a serpente foi destacando as vantagens de ser réptil: poder se esgueirar, poder subir em árvores. Era boa amiga pra se ter, afiançou. E, então, deu o bote. A andorinha, que boba não era, já estava no ar, a bater asas. Voou para um galho em que estaria segura e afirmou: Não me esgueiro, não me arrasto. Apenas tenho asas.

A hiena e o leão


A hiena, toda ranzinza, cochichava pelos cantos, e falava mal do leão. Dizia que ele era tolo, que era equivocado, larápio e ladrão; um déspota, um autoritário. falava que todos deveriam temê-lo. Afinal, ele era forte e podia matar qualquer um deles. A hiena fazia e acontecia; criticava, xingava, acusava. Mas, quando o leão ofereceu-lhe um naco do veado que acabara de matar, ela foi lá, quietinha, toda feliz, gabando a força do leão, abocanhar sua parte. 

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