sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

"Três dias" e mais algumas ideias

Está em processo de edição meu mais recente livro juvenil. A história de Matias, um garoto que precisa tomar conta dos irmãos e da casa enquanto sua mãe trabalha fora. A ideia ficou durante muito tempo sendo maturada em mim, vinha e ia, me assustada, me assuntava. Interessante é que o Matias surgiu após uma conversa qualquer certo dia, há muito tempo, quando eu e Laine andamos passeando por São Paulo. Fomos jantar com a Penélope Martins, escritora querida. Ela falou de seu trabalho em comunidades e do quanto encontrava jovens que precisavam labutar no lar e no cuidado com irmãos menores a fim de que seus pais pudessem ganhar o sustento familiar. Famílias, aliás, em sua maioria, sustentadas pela mãe. 
Então fiquei pensando em como seria um jovem viver tal realidade. E isso durou anos: aí foram surgindo o Matias e seus amigos, os irmãos Pilar e Deco, a mãe, os namorados da mãe, a Jaqueline. Abaixo, partilho com meus leitores o início da história de Matias, que será lançada pela Editora do Brasil ainda este ano: "Três dias e mais alguns".

Faça. Ou não faça. Não existe a tentativa.
Mestre Yoda

Antes

O meu personagem preferido de Star Wars sempre foi o Chewbacca. Mas o que isso diz de mim? Nada. Acho que nada. Só que achar, como costuma dizer o sor Ernesto, é coisa pra sortudos. A gente tem é que ter certezas. E ele frisa bem, a voz grossa: Certezas. E aí nos olha por detrás dos óculos de aros verdes e repete: Certezas.
Todavia, certezas eu não tenho.
De nada.
Nem de que o Chewie ser meu personagem preferido de Star Wars possa ter alguma importância ou relevância na minha vida. E dizer algo de mim. Acho que de verdade-verdadeira nada diz mesmo. Ah, e olha o acho aí de novo. A sora Samira sempre diz que numa dissertação não se pode usar expressões de dúvida. Ou vocês sabem ou não sabem, ela costuma afirmar. Fala também que a gente deve saber dissertar, se é que se quer passar no vestibular e ser alguém na vida, ela adora reforçar isso, sempre duvidando de que a gente tenha capacidade para tal. A maioria dos meus colegas até acho que acredita que não tem mesmo. Mas eu quero. E vou.
Ser alguém na vida.
Ser alguém.
A gente (eu, no caso) é a gente mesmo, e se é, é porque é, e pronto. E se eu quiser achar algo, acho. Desde que não seja na dissertação do vestibular, é claro.
Quem sabe.
Talvez.
De repente.
Daí que nenhum professor bizarro, que fica preocupado com a composição química do chiclete (tipo o Ernesto), só com o objetivo de nos amedrontar para que a gente nunca mais ponha um chiclete na boca, vai dizer se eu devo achar ou não devo achar. Acho e pronto. Tá achado. Aliás, há muitos professores deste tipo. E, agora, bem na minha frente, um deles nos apresenta o número pi.
De fato.
Com certeza.
Inequivocamente.

Aham, sei. 
(...)

2 comentários:

Unknown disse...

Eu já quero muito ler "Tres dias" e mais algumas ideias. Eu gosto muito dos seus livros, o meu favorito é o, um na estrada.Invlusive, acabei de comentar sobre ele no blog do Davi Prates.
Um grande abraço.

Unknown disse...

Eu já quero muito ler "Tres dias" e mais algumas ideias. Eu gosto de mais dos seus livros, o meu favorito é o, um na estrada.Invlusive, acabei de comentar sobre ele no blog do Davi Prates.
Um grande abraço.