Uma criança morre. Uma criança de sete anos morre. Morte abrupta, inesperada, provoca dor infinda, dor que dificilmente terá cura no coração daqueles que partilharam seu afeto com uma vida que ainda se assombrava com o próprio viver.
Uma criança de sete anos sabe pouco das maldades da vida.
Uma criança de sete anos é meio anjo ainda: alça voo pelo mundo da fantasia, abre os olhos para o sonho, brinca de ser gente grande, desconhecedora do quanto de perversidade um coração adulto pode guardar.
Uma criança de sete anos, embora sinta, ainda não tem a compreensão total de que a justiça é pouco justa.
Uma criança de sete anos não entende o motivo de sua casa ser invadida à noite, de seu computador ser levado para nunca mais: como acreditar na segurança? Como agora jogar seus jogos, fazer suas brincadeiras?
Um menino de sete anos, ao ter sua vida ceifada, esperaria, talvez, a dor de todos, a dor do mundo, a dor da incompreensão das regras que regem nossa vida, regras estas que permitem que uma criança de sete anos morra. Na véspera, uma vida toda pela frente. No outro dia, uma febre alta e a morte.
Quando uma criança de sete anos morre e se ouvem aplausos e alegrias, a certeza de que a há gentes não aprenderam nada sobre empatia, sobre ser humano ecoa dentro de mim. Não terão sido amados? Não terão partilhado afetos? Não terão em suas vidas crianças pelas quais nutrem afeto, as quais, se tivessem suas vidas ceifadas em plena infância, lhes provocaria dor?
Isso tudo dá um vazio tão grande.
Uma criança de sete anos ao morrer só deveria provocar em qualquer pessoa um sentimento único, forte, de apoio aos parentes desta criança: pai, mãe, irmão, avô, tios.
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