Esse mundo literário é mesmo repleto de surpresas. Os livros nossos, histórias arquitetadas no dentro de nós a convite de algo que vem de fora, acabam ganhando vida e se renovando com o contato afetivo com os leitores. Hoje estive conversando com os alunos da sétima série do Colégio Bom Conselho, alunos que, sob a orientação da professora Marisa Steffen, uma apaixonada pela Literatura, mergulharam nas páginas de O rapaz que nao era de Liverpool. E o tempo é sempre pouco para o tanto de inquietação que tais encontros promovem não apenas nos que lêem. Falar de um livro já editado é sempre oportunidade de voltar a ele, de repensá-lo.
No final, saí com vários bilhetes, repletos de questões. Entre elas, seguem algumas abaixo:
# Marcelo e DJ são amantes de poesia. Você também gosta?
Ah, e tem amor maior do que pelas palavras? Sobretudo, as poéticas. Talvez as ame, não apenas pelo tanto de desacomodamento que provocam, nem pela musicalidade que contêm, mas por senti-las arquitetura maior.
# Você admira os Beatles. Ouve-os nos momentos difíceis, assim como o Marcelo?
Estranha essa fusão entre ficção e realidade. Seguido me fazem essa pergunta. Não, eu não sou um fã ardoroso dos Rapazes de Liverpool, aprendi a curti-los na própria feitura do livro. Fui ler suas letras, ouvir suas músicas, comprar seus cds.
# Quando você escreveu o livro, fez com que Marcelo se identificasse com você?
Sempre há um tanto do Caio-criança nos livros que escrevo e nos personagens que crio. Ao escrever para adolescentes, sempre há umas tintas de nostalgia, mas acho que o personagem que mais tem de mim é o Renato, do livro Debaixo de mau tempo.