O Estrangeiro vai sendo engolido pela ficção urdida para e pela sociedade. Universo meio matrix. O absurdo do mundo e das relações que vão falseando a verdade. E, por ser fiel a si, Meursault pagará com a vida. No fundo, um desajustado. Mais do que ser punido por um assassinato, o será por não sentir aquilo que foi programado para sentir. Meursault, numa apatia sem par, diante das imposições, nutre a vontade de não perder a essência, busca ser verdadeiro, íntegro. Momentos há, no entanto, em que a aparente apatia cede lugar a uma raiva visceral. Quer quando assassina o árabe, quer quando sacode o padre com suas “verdades perfeitas”, como diria a Adriana Calcanhoto.
Viver, pois, tem um tanto de trágico. Um tanto de surpresa trágica, diria até. E de revelação sobre até onde um homem pode chegar, levado pelas contingnências de ser.
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