
O Assis é um gentleman. Pessoa incapaz de palavras indelicadas. Já fui seu leitor (e ainda o sou), oficinando (trago muitos de seus conselhos presos aos ouvidos até hoje) e correspondente (trocamos durante certo tempo cartas, em que discutimos o processo de criação: dúvidas, anseios, caminhos). Na época, Assis produzia sua série Um castelo no Pampa. Eu sedento de aprendizagem e, ousado, arriscando um ou outro palpite, sendo, ainda, depois de escritor publicado, entrevistado por este querido amigo em seu programa Letras Nossas (Canal 15, UNITV).
A palavra certeira, o sentimento na medida exata, os personagens dotados de verdade e de universalidade renderam a Assis Brasil diferentes (e respeitáveis) prêmios. Dentre eles, destacam-se Prêmio Erico Veríssimo, Prêmio Jabuti e o Portugal Telecom.
Abaixo, segue fragmento de seu romance Música Perdida (L&PM, 2006):
Precisaria de outra existência, uma nova existência, para repor tudo como antes, quando Bento Arruda Bulcão era alguém interessado nele, Joaquim José, em seu futuro, na sua arte, aquele homem que teria tantas coisas importantes para fazer na vida para além de preocupar-se com jovens desmiolados.
Caminhou até a exaustão, andou por vielas, até que se viu em frente à estalagem. Ficou mais dois dias em Vila Rica, num pânico branco, sem comer, nem beber, nem dormir.
O suicídio é a forma mais cruel de permanecer dentre os vivos. (p.143)
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