Nicolau, assim, tem um tanto de mim. Tem um tanto da criança que fui e também das crianças que virão por aí. Tem um tanto de qualquer e de toda a criança. Afinal, ser criança é estar aberto à aventura e ao sonho, é tentativa de entendimento do mundo que nos cerca, é busca por "atender" às expectativas adultas, mas sempre a partir de um parâmetro não-adulto. Daí que o que para Nicolau é certo, é completamente plausível, soe como traquinagem para os professores ou para os pais.
Todavia, o narrador, por vezes, nos revela que não há distância tão grande assim entre adultos e crianças, pois, nas desavenças entre o pai de Nicolau e seu vizinho, notamos os mesmo princípios que regem as rivalidades entre Nicolau e seus amigos: o desafio, a disputa, o desejo de ser o melhor.
O pequeno Nicolau é leitura agradável em que o ser criança é visto sob o olhar da própria criança. Há ausência de um pouco de dor. O humor prepondera, falta sofrimento nas aventuras de Nicolau, o que é apenas gosto pessoal de quem curte textos mais intimistas, mais sofridos, todavia apenas gosto pessoal que não destempera o sabor de mergulhar, conduzido pela mão de Nicolau, no universo nostálgico e mágico da infância. Livro que nos faz adultos sensíveis perceberem de forma diferenciada as traquinagens infantis.
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